Alberto Contador (Tinkoff-Saxo) regressou este domingo ao olimpo dos grandes, ao conquistar a sua sexta grande Volta e a terceira Volta a Espanha em bicicleta para “salvar” uma época que podia ter terminado numa queda no Tour.

Cauteloso, Contador saiu sem pressas para os 9,7 quilómetros que terminavam diante da catedral de Santiago Compostela. Com o piso escorregadio e com a chuva a espreitar, intermitente, “El Pistolero” fez uso, uma vez mais, do seu calculismo e prudência, preferindo pedalar com calma para não hipotecar a sua sexta grande Volta.

O tempo na meta, um modesto 101.º posto, a 01.40 minutos do vencedor, o italiano Adriano Malori (Movistar), era irrelevante – “não queria terminar a temporada com uma queda”-, porque a sua Vuelta estava conquistada.

Hoje, ao contrário de há dois anos, quando cruzou a meta com sete dedos erguidos, em alusão ao Tour2010 e ao Giro2011, que perdeu na secretaria devido ao positivo por clembuterol nessa Volta a França, o líder da Tinkoff-Saxo ergueu o punho, abriu um sorriso rasgado e comemorou o seu definitivo regresso ao patamar dos grandes – já é o quarto melhor corredor de sempre em grandes Voltas, a par de Fausto Coppi e Miguel Indurain, e atrás de Eddy Merckx, Bernard Hinault e Jacques Anquetil.

“Estou contentíssimo com esta vitória. Para mim é um sonho conseguir três Voltas a Espanha. É algo que não esperava”, confessou ainda antes de subir ao pódio para receber a camisola vermelha final da 69.ª edição.

E as palavras do madrileno, de 31 anos, não andarão longe da verdade: alegadamente na melhor forma de sempre da sua carreira para disputar o Tour2014, caiu, fraturou a tíbia e viu o trabalho de uma época evaporar-se. Depois de muitos rodeios, acabou por inscrever-se na Vuelta, sempre com a ressalva de que não tinha treinado e, por isso, não era favorito.

“Neste dois meses tive muitos dias com altos e baixos de moral, dias em que estava animado e outros em que nem tanto. Quando cai no Tour, pensei que podia estar aqui, mas as coisas começaram a complicar-se e pensei que estava tudo acabado”, assumiu.

A queda do colombiano Nairo Quintana (Movistar) abriu-lhe as portas de um triunfo, conquistado segundo a segundo nas estradas espanholas. As principais diferenças para os adversários, sobretudo o segundo classificado, o britânico Chris Froome (Sky), conseguiu-as nos contrarrelógios e nas duas etapas mais duras, em La Farrapona e Ancares.

Ao seu lado no pódio, além do vencedor do Tour2013, que também caiu na edição deste ano da prova francesa e adiou para a Vuelta o duelo prometido com o seu arquirrival, estava Alejandro Valverde, com quem trocou acusações ao longo da prova espanhola.

O espanhol da Movistar ficou a 01.50 minutos do seu compatriota e a 40 segundos de Froome, depois de ser 33.º no crono, conquistado pelo seu colega de equipa.

Malori, duplo campeão italiano de contrarrelógio, venceu hoje pela primeira vez uma etapa numa grande Volta, ao cumprir os 9,7 quilómetros em 11.12 minutos, precisando de menos oito segundos que o neozelandês Jesse Sergent, da Trek.

Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo) foi 79.º na etapa e terminou a Vuelta da consagração do seu líder na 57.ª posição da geral. André Cardoso (Garmin-Sharp) foi 147.º no curto contrarrelógio, fechando a sua participação no 25.º lugar.