O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Basquetebol já respondeu ao Benfica, depois de as águias recusarem receber o troféu de campeão no Pavilhão João Rocha, em protesto contra o órgão disciplinar daquela federação, que permitiu que Travante Williams, jogador do Sporting, estivesse em campo no 4.º jogo, depois de uma "agressão a um agente da autoridade", no terceiro jogo.

Em comunicado, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Basquetebol mostrou-se surpreendido pelo "teor do Comunicado emitido pela secção de basquetebol do Sport Lisboa e Benfica", que diz conter "afirmações falsas e atentatórias do bom nome e da honra dos membros" do Conselho de Disciplina e do seu Presidente em particular.

Eis o Comunicado da FPB

"Em 10 anos de mandato nunca este Conselho de Disciplina e o seu Presidente discutiram na praça pública qualquer das suas decisões nem nunca reagiram a observações feitas por qualquer agente da modalidade, clubes, dirigentes, treinadores ou atletas, na convicção profunda de que é a sua missão cultivar o fair play, promover a ética desportiva, no respeito rigoroso dos princípios e valores que devem nortear a prática desportiva. Esperam da parte dos clubes e demais agentes o mesmo respeito pelos valores que nortearam sempre a sua actuação e, por isso, foi com grande surpresa que tomámos conhecimento do teor do Comunicado emitido pela secção de basquetebol do Sport Lisboa e Benfica, clube que aproveitamos para felicitar pela merecida conquista do título de campeão da Liga Betclic.

Cabe, no entanto, esclarecer que em 10 anos de mandato nunca este Conselho de Disciplina se pautou por qualquer outra conduta que não a do respeito escrupoloso dos Regulamentos e das leis aplicáveis, administrando a justiça desportiva com isenção, imparcialidade, distanciamento e equidade. Por isso, lamentamos profundamente que a secção de basquetebol do Sport Lisboa e Benfica, clube por quem temos o maior respeito institucional, tenha emitido um Comunicado com afirmações falsas e atentatórias do bom nome e da honra dos membros deste Conselho de Disciplina e do seu Presidente em particular.

Tais afirmações gratuitas, infundadas e insidiosas não foram acompanhadas de qualquer facto que permita de modo honesto e sério suportá-las. As únicas afirmações concretas proferidas reportam-se, como o próprio Comunicado refere a "... Dois casos, dois jogadores.." que nada tiveram em comum e cujo paralelismo é desprovido de qualquer fundamento. Prova disso é que a decisão deste Conselho de Disciplina que afectou o atleta do Sport Lisboa e Benfica nem sequer foi objecto de impugnação ou recurso para o Conselho de Justiça da F.P.B. ou para o Tribunal Arbitral do Desporto.

O Conselho de Disciplina da F.P.B. continuará a pautar a sua actuação pelo estrito cumprimento da lei e será imune, como até aqui, a quaisquer tentativas de pressão e de condicionamento que são a negação do que deve ser o desporto.

Por último, gostariamos de realçar que tão importante como saber perder é saber ganhar, pelo que se repudiam todas as atitudes nas derrotas e nas vitórias que não enobrecem nem dignificam as instituições e as modalidades."

Eis o comunicado do Benfica emitido antes do quarto jogo da final

"O Sport Lisboa e Benfica informa que os bicampeões nacionais não vão participar na cerimónia oficial de entrega do troféu de campeão nacional, dado o comportamento discriminatório e inaceitável por parte da Federação Portuguesa de Basquetebol e do seu Conselho de Disciplina, presidido por Carlos Filipe. Os bicampeões irão comemorar a conquista deste Campeonato com os Benfiquistas no Pavilhão Fidelidade do Estádio da Luz, que estará de portas abertas para receber todos os adeptos".

A formação da Luz, que na época passada tinha selado o cetro no Dragão Arena, casa do FC Porto, reforçou a liderança do ranking de vencedores, somando agora 29 títulos, contra 12 dos ‘dragões’ e nove do Sporting.

Esta tarde, antes do quarto jogo deste play-off, o Benfica mostrou-se “estupefacto” pela decisão “parcial e totalmente enviesada” do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Basquetebol, que despenalizou o sportinguista Travante Williams, permitindo-lhe que fosse a jogo este domingo.

“O Sport Lisboa e Benfica declara-se estupefacto e condena de forma veemente a decisão parcial e totalmente enviesada do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Basquetebol relativa à agressão a um agente da autoridade por parte do atleta do Sporting Travante Williams”, lê-se em comunicado publicado no sítio oficial das ‘águias’ na Internet.

Na sexta-feira, no terceiro jogo da final do campeonato português de basquetebol, que o Benfica venceu por 101-57, Travante Williams foi expulso durante o intervalo devido a uma falta desqualificante, que, de acordo com os regulamentos, envolve contacto físico excessivo ou violência, com a imprensa desportiva a avançar que o sportinguista terá alegadamente empurrado um agente da autoridade.

O Benfica prossegue o comunicado comparando o caso de Williams com o do seu basquetebolista Ivan Almeida, que em abril foi suspenso preventivamente por 30 dias por alegada “tentativa de ofensa à integridade física de juiz” e “ameaças”, numa “situação muito menos clara e grave, potenciada por um relatório com inúmeras incongruências”, segundo os ‘encarnados’.

“Já no caso do atleta do Sporting, pese embora a comprovada e indiscutível agressão protagonizada por Travante Williams a um agente da autoridade, conseguiu o mesmo Conselho de Disciplina, e o seu presidente, Carlos Filipe, encontrar argumentos que justifiquem não só a desresponsabilização do atleta como a redução da sua pena de expulsão”, notam.

Para o clube da Luz, tal configura “uma manifesta proteção a um clube, o Sporting, e uma clara perseguição a outro, o Sport Lisboa e Benfica”.

“Dois casos, dois jogadores, dois clubes e duas decisões opostas: Travante Williams agrediu um agente da autoridade e foi expulso, mas vai jogar hoje com o Benfica; Ivan Almeida foi acusado de tentar agredir um árbitro, tendo-se comprovado depois que tal era falso, mas foi suspenso durante um mês! Incompreensível e inaceitável”, salientam.

Os ‘encarnados’ defendem ainda que “o Conselho de Disciplina e o seu presidente não têm por missão exercer a sua 'clubite' e repetida antipatia pelo Benfica, mas garantir justiça e respeito por todos os clubes e atletas”.

“Trata-se, por isso, de uma decisão lamentável e condenável, ao arrepio de todos os princípios de equidade e credibilidade que se pretendem para o basquetebol em Portugal”, sustentam.

Numa nota final, o Benfica alega ainda que, ao contrário do que está escrito no acórdão do Conselho de Disciplina, “o agente da autoridade vítima de agressão não aceitou prontamente desculpa alguma”, tendo sim, “de forma corajosa, resistindo a muitas pressões”, apresentado queixa de Williams, apoiado pelo Sindicato da PSP.