Um tweet de Daryl Morey, diretor-geral dos Houston Rockets, no dia 4 de outubro deixou China e NBA em guerra aberta.

A partilha de uma imagem, no seu perfil oficial, com a frase “Fight for freedom. Stand with Hong Kong” [Luta pela liberdade. Apoia Hong Kong], levou, primeiramente ao corte de relações da Associação Chinesa de Basquetebol com os Rockets e à suspensão dos contratos de parceiros chineses com a equipa, mas depressa a indignação chinesa se expandiu à restante NBA.

O fim da transmissão dos jogos da liga americana pela televisão estatal, a retirada dos logótipos e outdoors da NBA  da arena onde foi realizado o encontro entre Los Angeles Lakers e Brooklyn Nets (durante a pré-época em Shenzhen, cidade do sul da China) - que já não tinha sido transmitido pelos operadores chineses - e o cancelamento de vários eventos realizados no âmbito dessa partida foram algumas da medidas que atingiram a NBA.

Mas a consequência que mais ‘mossa’ pode causar à liga americana é a perda quase completa de patrocinadores chineses, naquele que é o maior mercado da competição fora dos Estados Unidos.

A polémica não tem fim à vista, com as declarações de Adam Silver, comissário da liga, nos dias seguintes ao tweet – afirmando que a NBA não iria impor limites à liberdade de expressão daqueles que estão envolvidos na liga - a não ajudarem à acalmia da situação.

A CCTV, televisão estatal chinesa, veio criticar as palavras de Silver afirmando que “Qualquer comentário que aborde a soberania e a estabilidade social de uma nação estão fora do desígnio da liberdade de expressão”.

Nos últimos dias, Adam Silver revelou ainda que a China terá ordenado a dispensa de Daryl Morey, o responsável pela ignição da polémica.

“O Governo Chinês pediu-nos que o despedíssemos [Morey](…) Dissemos que isso estava fora de questão”, afirmou Silver num painel em Nova Iorque, em declarações reproduzidas pela agência AFP e que foram já desmentidas pelo Governo Chinês.

“O governo chinês nunca fez qualquer pedido desse tipo”, declarou o porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros chinês na passada sexta-feira.

A polémica não dá sinal de abrandamento e a liga americana começa já a pensar nas consequências de toda esta situação.

Com o risco de grandes perdas financeiras a pairar sobre a competição, a diminuição do teto salarial para 2020/2021 é uma possibilidade: dos previstos 103 milhões de euros o limite pode baixar até 15 por cento, na próxima época.

O recomeço da prova está marcado para a madrugada desta terça para quarta-feira e é mais que provável que a tensão continue e entre em terreno de jogo.

Ainda na pré-época, o regresso dos Nets a Nova Iorque (frente aos Toronto Raptors), na passada sexta-feira, contou com várias manifestações de apoio à causa dos manifestantes de Hong Kong nas bancadas do Barclays Center.

A época começa à uma da manhã (hora de Lisboa) desta quarta-feira, com o encontro entre os campeões Toronto Raptors e os New Orleans Pelicans,