A desclassificação por doping dos quenianos James Mwangi e Alice Jepkemboi Kimutai, vencedores das vertentes masculina e feminina da edição 2022 da Maratona do Porto, honra a integridade da prova, admitiu hoje o diretor-geral da Runporto.
“A Maratona do Porto e a nossa organização têm um objetivo, que é a verdade desportiva. Quando conseguimos apanhar [os atletas infratores] em flagrante delito, isso só nos dignifica. Este evento é absolutamente seguro e todos já sabem para o que vêm”, apontou à agência Lusa Jorge Teixeira, à margem da apresentação da 20.ª edição de uma das habitualmente mais participadas maratonas nacionais, na Alfândega do Porto.
Em dezembro de 2023, pouco mais de um ano depois de ter batido o recorde da Maratona do Porto, ao estabelecer uma nova marca pessoal de 2:08.47 horas, James Mwangi foi suspenso por oito anos por doping, anunciou a Unidade de Integridade do Atletismo (AIU).
O queniano testou positivo ao consumo de norandrosterona, uma substância proibida pela Agência Mundial Antidopagem (AMA), depois da corrida portuense, sendo desclassificado dessa prova e desapossado de todos os seus resultados posteriores a novembro de 2022.
James Mwangi já tinha sido punido anteriormente pela AIU, devido ao uso ou presença de testosterona, ficando suspenso entre março de 2017 e março de 2021, sem que os seus resultados tivessem sido considerados ao longo desse período.
“Antigamente, controlávamos três atletas. Neste momento, estamos em cima de seis homens e seis mulheres. Ou seja, duplicamos os serviços de controlo, porque um atleta que fique em quarto ou quinto lugar também pode estar dopado. Queremos a verdade desportiva e sobre isso não há qualquer espécie de hipótese [de facilitismo]. Sempre foi assim connosco e assim será”, vincou Jorge Teixeira.
A desclassificação de James Mwangi promoveu o etíope Abraraw Misganaw Tegegne (2:10.29 minutos) ao primeiro lugar da Maratona do Porto de 2022, mantendo o recorde absoluto na posse do compatriota Zablon Chumba, que tinha cronometrado 2:08.58 horas no ano anterior.
Desfecho similar teve o setor feminino, no qual Vanessa Carvalho (2:35.24 horas) herdou o triunfo da queniana Alice Jepkemboi Kimutai (2:29.58), que acusara o consumo de testosterona em setembro de 2022, quase dois meses antes de competir em Portugal.
“Infelizmente, [os casos de doping] estão a acontecer em todo o mundo. Com exceção de há dois anos, não têm acontecido aqui. Se acontecerem, é sinónimo de que a Maratona do Porto estará em cima da jogada para os controlar”, garantiu Jorge Teixeira.
Perante a suspensão de Kimutai por três anos, com efeitos a partir de novembro de 2022, a atleta do Sporting de Braga tornou-se a quinta portuguesa, e primeira desde 2007, a dominar a vertente feminina da Maratona do Porto, sucedendo à etíope Kidsan Alema.
A Runporto, organizadora da competição desde 2004, atribui 5.000 euros pelas vitórias na classificação geral masculina e feminina e 3.000 euros pela renovação do recorde absoluto, mas só liquida esses prémios monetários em função do resultado dos controlos antidoping, mesmo primando pelo “pagamento imediato” aos maratonistas mais rápidos.
Chancelada pela World Athletics, a Maratona do Porto celebrará 20 anos no domingo, ao arrancar às 08:00, junto ao Sea Life, na via do Castelo do Queijo, em simultâneo com uma corrida solidária de 10 quilómetros e uma caminhada de 6.000 metros, sem fins competitivos e destinada a qualquer faixa etária.
As três provas juntam “mais de 12.000 inscritos, de 83 nacionalidades”, e terminam no Queimódromo, com a distância olímpica a regressar ao trajeto de 2022, que substitui a passagem de Vila Nova de Gaia por Leça da Palmeira, impossibilitando a travessia sobre o rio Douro através da Ponte D. Luís I, devido às obras de construção da Ponte D. Antónia Ferreira.
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