Os atletas Carlos Costa e Solange Jesus, oitavos colocados na vertente masculina e feminina da 17.ª edição da maratona do Porto, respetivamente, mostraram hoje sensações distintas face ao estatuto de melhores portugueses na prova.

À quinta participação na tradicionalmente mais participada maratona nacional, o corredor do São Salvador do Campo, de 35 anos, gastou 2:22.44 horas para completar o percurso de 42,195 quilómetros, longe da melhor prestação, de 2:19.48, alcançada há três anos.

“Tudo estava programado para um resultado melhor e, até ao quilómetro 25, corria tudo dentro do pretendido. Só que, ao descer no empedrado da Ribeira, coloquei mal o pé e comecei a sentir uma dor no gémeo direito, obrigando-me logo a reduzir um bocado o andamento. A partir daí, foi sempre a sofrer até à meta, porque doía-me cada vez mais, mas deu para terminar. Isso é o essencial”, analisou à agência Lusa Carlos Costa.

O atleta de Codessos ficou a 13.46 minutos do queniano Zablon Chumba, vencedor e novo recordista da maratona do Porto, com 2:08:58 horas, sendo, tal como na última edição presencial do evento, em 2019, o melhor português colocado na tabela geral.

“Adoro correr no Porto e a organização é sempre excelente. O resultado não era aquele que esperava, mas foi o que se conseguiu. Está feito e é tempo de recuperar e de pensar nos próximos objetivos”, frisou Carlos Costa, que terminou logo à frente de Hélder Lopes (DCI/Trilhos Luso Bussaco), nono, com 2:33.03, e de Tozé Castro (EV Peraltafil), 10.º, com 2:33.42.

Cancelado em 2020, devido à pandemia de covid-19, o evento dispersou o percurso de 42,195 quilómetros pelas cidades de Porto e Matosinhos, já que as obras no tabuleiro inferior da Ponte D. Luís I impediram ineditamente a passagem por Vila Nova de Gaia.

Outra alteração consistiu no regresso do local de chegada à Avenida do Parque, junto ao Parque da Cidade, devido à instalação do centro de vacinação e testagem à covid-19 no Queimódromo, que, desde 2016, acolhia a meta da maratona e das provas associadas.

“Posso estar errado, mas, na minha opinião, o trajeto mudou para melhor. O empedrado na zona de Gaia é muito mau para quem vai fazer a maratona. Já em Leça da Palmeira, houve a dificuldade da ponte móvel, mas, a partir daí, o percurso era excelente. Deu para andar muito e recuperar o tempo perdido aquando da passagem na ponte”, observou.

Se Carlos Costa ficou atrás de seis quenianos e um etíope, Solange Jesus, de 34 anos, cruzou a meta depois de cinco etíopes e duas quenianas, finalizando a sua estreia absoluta em maratonas em 2:33.21 horas, a 24.23 minutos da etíope Kidsan Alema.

“Como foi a estreia, não tinha qualquer noção do que seria completar uma maratona. Passei pelo processo de treino e estou superfeliz. O dia mais fácil foi hoje, embora também tivesse sofrido bastante”, partilhou à agência Lusa a corredora do Feirense.

Vencedora da meia-maratona do Porto, em 19 setembro, e melhor portuguesa nessa distância em Lisboa, em 17 de outubro, Solange Jesus enalteceu ter encontrado um “percurso agradável”, cuja “parte mais difícil foram os retornos”, além do empedrado.

“Fiquei com o ‘bichinho’. Estou muito contente com este resultado, por isso quero voltar a fazer mais alguma maratona, com mais tempo de preparação, porque acho que tenho margem para progredir e, quem sabe, na do Porto. Correr em Portugal é correr em casa. Se puder dar prioridade a isso, darei”, finalizou a atleta natural de Oliveira do Bairro.

Atrás de Solange Jesus, Paula Gonçalves (Hsantamariart) acabou no 10.º lugar do setor feminino, com 3:08.32 horas, e Sandra Ferreira (Feirense Trail) foi 11.ª, com 3:09.35.

Além da prova ‘rainha’ do atletismo, arrancaram também junto ao Sea Life, na via do Castelo do Queijo, uma corrida solidária, este ano reduzida para 10 quilómetros, e uma caminhada de 6.000 metros, sem fins competitivos e destinada a todas as faixas etárias.

De acordo com a Runporto, as três provas reuniram cerca de 8.000 pessoas inscritas, de 57 nacionalidades, com quase 3.300 a competirem na distância olímpica, sob um plano sanitário aprovado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) face à pandemia de covid-19.