Patrícia Mamona foi hoje a única das três portuguesas a apurar-se para a final do triplo salto dos Mundiais de atletismo, em Doha, garantindo pela segunda vez a presença na série decisiva, apesar de algum sofrimento.

Pelo caminho, na qualificação de Doha, ficaram a estreante Evelise Veiga, com o 18.º lugar, e Susana Costa, que termina em 20.ª, ambas abaixo do patamar dos 14 metros, que já superaram esta época.

Patrícia Mamona foi a 10.ª melhor nos saltos de hoje, com 14,21 metros, uma marca abaixo da qualificação direta, mas que permite uma repescagem confortável. Evelise Veiga saltou 13,89 e Susana Costa 13,77, tendo a 12.ª e última das finalistas chegado aos 14,12 metros, o que permite antever uma final de grande qualidade, no sábado.

Para Patrícia Mamona, o momento é bom, apesar de reconhecer ter sofrido “um bocado", fazendo um “balanço obviamente positivo”.

“O grande passo que eu tinha de dar nestes Mundiais era a qualificação para a final, isso foi conseguido. Não vou mentir, sofri um bocado, porque o meu grupo acabou bem mais rápido do que o outro e era uma questão de esperar, como não tinha feito a marca de qualificação direta", diz.

Mamona, que fez 11,95 e 14,18 nos outros dois saltos, diz que se sentiu “bastante confiante” e abriu logo com a marca que lhe deu acesso à final, “bastante atrás da tábua, o que foi de certa forma algum descanso”.

"Só tive um percalço no segundo salto, que não consegui acabar, mas não foi nada de especial. Fiquei em pânico porque o meu joelho tinha estalado, mas não foi mais que isso, só que foi alto e ouvi, fiquei logo em pânico", adianta, acrescentando: "Não consegui meter o pé como deve ser, devido a um apoio da corrida muito cá em cima - às vezes acontece-me a andar, porque tenho um problema no joelho, não é nada de grave".

Com este objetivo conseguido, só pensa já na recuperação, nos dois dias que faltam para a final: "Agora só tenho que pensar na final, no que vem a seguir, que é uma boa recuperação. Três saltos deixam um bocadinho de mossa, tenho amanhã [sexta-feira] o dia para descansar, ou fazer um treininho ativo, a preparar a mente".

Quem também "queria muito" esta final era Evelise Veiga, a mais nova do grupo e até à última época atleta sub-23.

"Se me perguntassem ontem se acreditava que passava à final, acreditava sim, piamente, que era capaz de fazer a marca que dava acesso. Não foi possível hoje, mas não deixo de estar orgulhosa, com a minha época, que foi longe e que tentei gerir da melhor forma", diz a atleta.

"Não consegui mostrar o melhor de mim, mas não deixo de estar orgulhosa pelo que tenho feito ao longo destes anos. Uma época não se reduz só a uma qualificação... estou triste neste momento, mas daqui a umas horas já vou estar bem, com outros objetivos e focada", refere ainda a triplo-saltadora, que já tem marca para os Jogos Olímpicos de Tóquio.

Para Susana Costa, que foi 11.ª há dois anos, a ideia era também "claramente passar à final". "Infelizmente não o consegui fazer, mas tenho foco para a próxima época, para o próximo objetivo. Acreditem ou não, isto hoje foi o meu melhor", refere.

"Tive uma época de verão um bocado conturbada, mas enfrentei o que tinha de enfrentar. Claramente treinei a pensar que ia passar à fase seguinte. Treinei o suficiente para isso, mas infelizmente não consegui. Não se pode estar aqui a 70 ou 80 por cento... ou estamos a 200, ou então não estamos", acrescenta Susana Costa.