O promissor velocista jamaicano Oblique Seville quer seguir o legado de seu compatriota Usain Bolt e brilhar nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 (26 de julho - 11 de agosto), depois de ter chegado perto do pódio nos últimos grandes eventos que disputou.

Aos 23 anos, Seville impressionou nesta temporada ao superar o americano Noah Lyles, campeão mundial nos 100 metros livres, com o tempo de 9.82 no início de junho, em Kingston. Dias depois repetiu essa marca na Jamaica atrás de Kishane Thompson (9.77).

Veja esta entrevista a esta estrela da velocidade

O que aprendeu nos Jogos de Tóquio em 2021, onde foi eliminado nas semifinais dos 100 metros?

"Em Tóquio eu era muito jovem, tinha 20 anos. Aquela temporada olímpica não tinha sido muito boa, tive alguns problemas. Fui para ganhar experiência para os anos seguintes, era o que eu precisava. Na verdade, tudo começou no Mundial de Engene em 2022".

Foste quarto classificado nos 100 metros do Mundial de Eugene e um ano depois também foste no  Mundial de Budapeste.

"Nesses campeonatos eu aprendi o que significa enfrentar adversários muito fortes, contra os quais é preciso fazer tudo perfeitamente. Nas últimas temporadas estive condicionado por lesões, nunca estive no meu máximo fisicamente. Este ano não tive nenhum problema, por enquanto é a minha melhor temporada. Mostrei na Jamaica que sou capaz de alcançar meu objetivo olímpico".

Consigo e com a Kishane Thompson, a Jamaica pode voltar ao topo nas provas masculinas de velocidade?

"Claro que sim. Também temos Ackeem Blake. Nós três corremos em menos de 10 segundos e temos menos de 25 anos [Blake e Thompson têm 22 anos]. Os três americanos que se qualificaram para Paris têm mais de 25 anos. O futuro é nosso".

Sente que pode ganhar nos Jogos Olímpicos de Paris? "Qualquer um de nós pode chegar ao topo em Paris e eu incluo-me nessa lista. Estou entre os candidatos a uma medalha".

Por que você corre tão pouco fora da Jamaica?

"Não faz parte de uma estratégia. Nos últimos anos tive problemas físicos, nas costas e na coxa. Também tive dores no dedo do pé e isso impediu-me de correr os 200 metros, mas corri rápido nos 200 metros este ano."

Acompanhas o atletismo desde pequeno?

"Nós todos víamos Usain Bolt quando éramos crianças!".

Quer igualar Bolt e Glen Mills: "Queria que Glen Mills fosse meu treinador, sonhava com isso. É um prazer trabalhar com ele, que é tão inteligente".

Bolt costuma visitá-los? "Usain visita-nos às vezes. Ele sabe o que estamos vivendo e entende todos os aspectos do nosso esporte".

Ele dá-te conselhos? "Há bastante tempo ele disse-me que tinha que encontrar a minha motivação. Disse-me que para ele era sua família. A minha família sempre quis o meu sucesso, então encontrei esse equilíbrio, tento dar o máximo para fazer a minha família feliz. Desde o falecimento do meu pai [em 2018], isso é o que me guia".

Ser um velocista que representa a Jamaica depois dos anos de Bolt gera muita pressão?

"Não diria que é um peso. A Jamaica tem uma grande história na velocidade masculina, com muitas medalhas, graças a Usain Bolt, mas também a outros velocistas como Asafa Powell e Yohan Blake, então agora cabe a mim abraçar esse legado. É só uma questão de perspectiva. Temos simplesmente tem que aceitar isso".

O que pensa do recorde mundial dos 100 metros de Usain Bolt [9.58, conseguido em 2009]?

R: "Prefiro não pensar nos recordes. Estou a anos-luz desse tempo!".