Quatro medalhas e catorze diplomas: estes são os números que descrevem aquela que foi a melhor prestação de Portugal numa edição dos Jogos Olímpicos de Verão.
As Olimpíadas de Paris coroaram Iuri Leitão e Rui Oliveira como campeões olímpicos e heróis nacionais, um epíteto que também deve ser dado a Pedro Pichardo (medalha de prata no triplo salto) e Patrícia Sampaio (medalha de bronze no judo, categoria -78 quilos).
Para além da prestação lusa, as Olimpíadas trouxeram também muitos momentos e figuras que deixaram a sua marca naquela que é a maior competição de desporto do mundo.
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Portugal
O trajeto da missão portuguesa começou a ser construído no dia 27 de julho. Na prova de contra-relógio de ciclismo masculino, Nélson Oliveira registou o sétimo melhor tempo, conquistando assim o primeiro diploma para Portugal.
Quatro dias depois foi a vez de Ricardo Batista, Vasco Vilaça e Maria Inês Barros se destacarem. Os dois primeiros estiveram a poucos segundos de conseguir chegar às medalhas na prova de triatlo, alcançando o quinto e sexto lugar, respetivamente.
Nesse mesmo dia, Maria Inês Barros alcançou o oitavo lugar na prova de fosso olímpico feminino, naquela que foi a sua primeira participação nuns Jogos Olímpicos.
A primeira medalha parecia perto, mas foi preciso lutar muito por ela. No dia 1 de agosto, a judoca Patrícia Sampaio foi uma força quase imparável, derrotando várias adversárias em poucos segundos.
Depois de vender bem cara a derrota nas meias-finais diante da italiana Alice Bellandi, número um do mundo, a atleta lusa bateu a japonesa Rika Takayama por 'ippon' para garantir o bronze, e a primeira medalha de Portugal nos jogos de Paris.
No dia seguinte foi a vez de Gabriel Albuquerque arrecadar mais um diploma para Portugal, ao conquistar o quinto lugar na modalidade de trampolins masculino. Três dias volvidos e o triatlo voltou a dar alegrias ao nosso país, agora na estafeta mista, com Ricardo Batista, Melanie Santos, Vasco Vilaça e Maria Tomé a terminarem a prova na quinta posição.
O dia 8 de agosto traria consigo, não só mais diplomas, como nova medalha para as cores lusas. Na vela, Diogo Costa e Carolina João terminaram no quinto lugar da classe 470; já na pista de ciclismo Iuri Leitão arrebatou a primeira das suas duas medalhas olímpicas, ao ser segundo classificado na prova de Omnium.
O dia mais 'produtivo' para a missão portuguesa chegou logo a seguir. Começou nas águas de Vaires-sur-Marne com João Ribeiro e Messias Baptista a conquistarem o sexto lugar, e mais um diploma para Portugal, na canoagem, categoria K2 500 metros.
Algumas horas depois, no 'Stade de France', em Saint-Denis, Jéssica Inchude terminou a prova do lançamento do peso feminino no oitavo lugar. O dia terminou da melhor maneira, com Pedro Pichardo a conquistar a prata no triplo salto, ficando a apenas dois centímetros do campeão olímpico.
Todavia o melhor estaria guardado para o fim. O penúltimo dia dos Jogos Olímpicos de Paris trouxeram consigo o ponto alto da missão portuguesa. Antes disso, Fernando Pimenta arrecadou mais um diploma para o nosso país, ao ser sexto na final da canoagem, prova de K1 1000 metros.
Após diplomas, medalhas de bronze e de prata, o ouro finalmente reluziu na nossa bandeira, e novamente na pista de ciclismo. Na final da prova de Madison, Iuri Leitão e Rui Oliveira bateram de forma clara toda a concorrência para conquistar a medalha de ouro, a sexta da história do nosso país, e a primeira obtida fora do âmbito do atletismo.
Regressos, história e heróis improváveis
Como é habitual, quaisquer Jogos Olímpicos são ricos em histórias e heróis, e os de Paris não foram exceção. Na ginástica assistimos ao regresso de Simone Biles ao melhor nível. Depois de ter deixado as Olimpíadas de Tóquio prematuramente, a ginasta norte-americana afastou-se da modalidade para se concentrar na sua saúde mental, e o seu regresso não defraudou as expetativas.
Considerada a melhor ginasta de todos os tempos, Biles conquistou quatro medalhas, três de ouro (equipas, 'all-aroud' e salto) e uma de prata (solo), provando mais uma vez toda a sua qualidade e brilhantismo.
"Foi importante para mim porque ninguém me obrigou a estar presente. Fi-lo por mim e estou realmente num bom lugar física e mentalmente. Portanto fazer isto significou tudo para mim", disse a atleta.
Todos os Jogos têm o seu herói nacional, e no caso das Olimpíadas de Paris, esse herói chama-se León Marchand. O nadador francês transformou a Arena 'La Défense' num autêntico vulcão, ao conquistar quatro medalhas de ouro para o seu país.
A particularidade aqui é que duas destas medalhas foram conquistadas na mesma noite. No dia 31 de julho, o atleta de 22 anos, não só conquistou o ouro nos 200 metros mariposa e nos 200 metros bruços, como fê-lo ao estabelecer novos recordes olímpicos nas respetivas disciplinas.
"Foi fantástico. O primeiro dia foi o mais impressionante para mim. Cheguei à beira da piscina e toda a gente estava a aplaudir-me. Haviam cerca de 15 mil pessoas na minha pista. Foi incrível. Algo que ficará para sempre na minha memória", disse Marchand após os Jogos.
Outra grande figura destes jogos chegou da Suécia. Armand "Mondo" Duplantis há muito que domina por completo o universo do salto com vara e o Stade de France foi mais um palco onde o sueco demonstrou toda a superioridade sobre os demais.
Todavia, Duplantis não ficou satisfeito 'apenas' com o título olímpico e acabou por juntar ao mesmo um novo recorde mundial ao ultrapassar a fasquia dos 6 metros e 25, estabelecendo a melhor marca mundial pela nona vez na sua prestigiada carreira.
"Tive um sentimento de paz e confiança que não é fácil de explicar. Mas a maneira como tudo acabou por resultar foi realmente inacreditável", confessou o saltador sueco.
Aos 37 anos de idade, Novak Djokovic tinha conquistado praticamente todos os títulos possíveis no ténis mundial. Contudo, ao tenista sérvio faltava ainda o título olímpico, algo que tinha vindo a tentar nas últimas quatro Olimpíadas.
Em Paris, Djokovic conseguiu finalmente o título que lhe faltava, batendo na final de singulares, disputada em Rolland Garros, o espanhol Carlos Alcaraz por duplo 7-6 e após quase três horas de jogo. Após o ponto final, a reação do sérvio foi imediata, soltando um grito e mostrando-se incrédulo com o que acabara de alcançar.
"Jogar pela Sérvia sempre foi a minha maior prioridade e prazer. Estou muito orgulhoso de fazer parte de uma elite de de atletas que conseguiram alcançar o ouro olímpico nos respetivos desportos"
Com este triunfo, Novak Djokovic conseguiu o enorme feito de juntar o título olímpico à conquista dos quatro torneios do 'Grand Slam', feito apenas alcançado por Rafael Nadal, Andre Agassi, Steffi Graf e Serena Williams.
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