Portugal viu-se afastado do torneio olímpico de andebol ao perder por 31-30 com o Japão, falhando desta forma a passagem aos quartos de final da prova em Tóquio2020, naquela que foi a estreia do andebol português em Jogos Olímpicos.

No final do encontro, o selecionador nacional, Paulo Jorge Pereira, lamentou o desaire e sublinhou que o desporto português tem um longo caminho a percorrer para poder competir ao mais alto nível.

"O sentimento é de frustração, um pouco triste. Ontem falava nisso em tom de brincadeira, mas um dia vou escrever um livro, que terá como título 'O golo que falta'. Em Portugal o desporto importa pouco. Organizamo-nos pouco para competir com equipas deste nível, que se preparam para estas competições. Aquilo que levo é um sentimento de tristeza, por sentir que podemos fazer mais do que isto, se qualificarmos mais as coisas. Só assim será possível", começou por dizer, em declarações à RTP.

Depois, apontou alguns dos aspetos que faltaram. "Faltou, desde logo, a questão da adaptação. Oito horas de diferença, só quem o vive sabe disso. Vivemos sempre em défice. Sabia que este jogo, desde o início, quando vi a sequência, que tê-lo às 9 da manhã, com o Japão, iria ser uma condicionante enorme. Por isso é que com a Suécia fizemos tudo para tentar pontuar. Até aí faltou o golo. Com esse golo já estávamos apurados", lembrou.

Quanto ao futuro, o técnico promete continuar a lutar. "É continuar a fazer o que podemos fazer. Aquilo com que me sinto bem é que ao longo destes anos creio que conseguimos alertar toda a gente que Portugal pode fazer bem, mas é muito difícil com seleções que investem muito mais do que nós", lembrou.

A fechar, reforçou a ideia de que Portugal pode e deve fazer melhor a nível desportivo. "Temos de fazer muito melhor do que isto. Sinto-me orgulhoso sempre, mas acho que nós enquanto equipa - e o nosso país - podemos fazer mais do que fazemos. Embora haja muita gente que trabalha muito todos os dias para poder trazer comida para a mesa. Mas há também muita gente que pode fazer mais e não faz. Muita gente! Por isso, uma palavra de apreço para aqueles que fazem tudo para que Portugal seja melhor todos os dias e nós, tendo de aprender sempre e melhorar como grupo e indivíduos, sinto que nos últimos três anos fizemos por isso", frisou.

Humberto Gomes faz balanço positivo

Também aos microfones da RTP, o veterano guarda-redes Humberto Gomes, que esteve em bom plano na baliza nacional, fez o balanço da prestação portuguesa nesta histórica presença nos Jogos Olímpicos.

"Saio um bocado triste, mas foi muito bom fazer parte deste grupo. Infelizmente não conseguimos passar, que era o nosso objetivo. Mas estar aqui foi uma experiência única", disse.

"Já sabíamos que este jogo seria num horário cedo há muito tempo e isso não pode servir de desculpa. Todos nós temos de fazer uma reflexão, todos temos de fazer mais. Já demonstrámos aos portugueses que conseguimos fazer muito mais", acrescentou.

O guardião de 43 anos falou, também, do futuro. "Agora é tentar fazer o que fizemos nestes últimos anos. O complicado chega agora, que é manter este nível elevado. Temos participado em fases finais de Europeus, Mundiais, agora Jogos Olímpicos... o complicado é mantermo-nos lá cima", apontou.