O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) está preocupado com as questões de segurança de Paris2024, nomeadamente as de cibersegurança, antecipando dificuldades também na circulação de atletas e até de espetadores.

“Preocupo-me muito em questões de segurança. No percurso para Toulouse, a tocha teve creio que 37 tentativas de assalto. Agora, na Nova Caledónia, a tocha não pôde passar. Portanto, não estamos fora de um contexto de um atentado. Mas aquilo que mais me preocupa é a cibersegurança. É a possibilidade de, através da entrada dos esquemas de comunicação, sabotarem tudo. Naturalmente, que as inteligências nos vários países estão em cima do acontecimento, mas é um risco que nós temos pela frente. Temos de ter consciência disso”, alertou.

Em entrevista à Lusa, a propósito dos dois meses para o arranque de Paris2024 – que se assinalam no domingo -, José Manuel Constantino garantiu não acreditar num “eventual atentado organizado”, não excluindo que possa existir “uma situação descontrolada de um ataque” solitário.

“Mas eu creio que isso é o risco menor. O maior é ‘caçarem’ os serviços de transmissões e baralharem tudo”, apontou.

O presidente do COP alertou para a “burocracia terrível” e a complexidade que espera todos os envolvidos nos Jogos Olímpicos, sujeitos inclusive a verificações prévias de segurança.

“Espero que o acesso às competições, e prevejo muitos portugueses a quererem estar presentes, não seja muito complicado. Complicado vai ser, mas que não seja muito, de modo a que aquilo não se transforme numa odisseia para ir de um local para o outro”, antecipou.

Quanto à mobilidade da própria missão, Constantino revelou que o COP está a estudar a possibilidade de levar viaturas próprias para França para não estar dependente “dos mecanismos de gestão da frota automóvel da organização”.

“É um problema. O problema da mobilidade e o problema do acesso ao local das competições, que é muito disperso. Não está concentrado. E, portanto, estamos a estudar a melhor solução para respondermos a esse problema”, completou.

Embora a cooperação com o Comité Organizador esteja a ser “boa”, e os organizadores “evidenciem uma espécie de controlo sobre todos os problemas que são suscitados”, o máximo dirigente desportivo nacional considera que a relação “tem sido cara, mas positiva”.

“Sobretudo por causa dos alojamentos. Dizia-se que Tóquio era a cidade mais cara do mundo, mas há que rever este critério. E Paris passa-lhe à frente neste momento”, indicou.

Outras das preocupações da delegação portuguesa é, inevitavelmente, a poluição das águas do Sena, ‘palco’ das provas de natação em águas abertas e do setor de natação do triatlo, que, na opinião do presidente do COP, “compromete a qualidade da competição desportiva”.

“Acho que a qualidade da água não vai mudar. Depois vai haver uma política de comunicação que diz que fizeram ‘n’ testes à água do Sena e que aquilo está em condições para se realizar as provas desportivas. Mas esse não é um problema original. Recordo-me do que passou no Rio [de Janeiro, na Baía de Guanabara]. A qualidade das águas é o que é. Aquilo é o local para onde desaguam uma série de coletores numa cidade como Paris. Portanto, não se pode estar à espera, por mais tratamentos que se façam, que uma coisa que está suja passe a estar limpa”, defendeu.

Os Jogos Olímpicos Paris2024 decorrem entre 26 de julho e 11 de agosto.