O cavaleiro Manuel Grave disse hoje não conseguir explicar a felicidade que sentiu quando soube que iria disputar o concurso completo de equestre nos Jogos Olímpicos Paris2024, 20 anos depois do seu pai, Carlos Grave.

Em declarações à agência Lusa, Manuel Grave, de 34 anos, afirmou que o apuramento para os Jogos Olímpicos “foi uma felicidade enorme”, pois “desde criancinha pequenina que andava a pensar nisto”.

“[Reagi] Com uma felicidade que não consigo explicar. É algo que ando à procura há muitos anos. Já tentei de outras vezes e não consegui. Sou amador, portanto não consigo ter a cadência, nem a quantidade de competições que deveria, mas tenho tentado da maneira melhor que consigo e desta vez conseguimos”, referiu.

A um mês do arranque dos Jogos Olímpicos, Manuel Grave ainda não estabeleceu objetivos para a competição, embora tenha “pensado muito nisso”.

“O meu objetivo é fazer a melhor prestação possível. Nem sei bem. Chegar ao fim pelo meio da tabela, como sou amador, já seria um grande orgulho”, referiu.

Em Atenas2004, o pai Carlos Grave foi 46.º, com Manuel a recordar que já tinha começado a competir, quando o pai esteve nos Jogos Olímpicos.

“Acompanhei toda a classificação também. Comecei desde pequenino a fazer algumas competições de cavalos. Desde que começamos que vemos na televisão ou ouvimos falar, vamos formando um sonho de lá chegar”, afirmou.

Por esta experiência em Atenas, o ambiente olímpico “já não vai ser completamente” estranho para o cavaleiro português.

“Na altura, acompanhei tudo o que pude, com a acreditação que tinha. A parte da Aldeia Olímpica acho que não cheguei a acompanhar, pelo menos não tenho ideia disso. Pelo que me falam, é uma experiência muito gira. Depois toda a competição em si, toda a envolvência, toda a importância é fora de série”, lembrou.

Sobre a prova que vai disputar, Manuel Grave diz que “junta tudo” – saltos de obstáculos, dressage e cross – e que “é como se fosse um triatlo”, que terá começado “como preparação dos cavalos para a guerra”, em que “tinham de saber fazer tudo”.

“O cavalo no primeiro dia tem de ter a disciplina e o ensino para fazer a prova de dressage. No segundo dia, tem de ter valentia e fitness para fazer a prova de campo, que são saltos que não caem, saltos que às vezes são feios, para dentro de água, com buracos. E, depois, é uma prova longa, pois são 10, 11 minutos a correr muito depressa”, explicou.

Para o derradeiro dia, o cavalo “tem de saltar e saltar bem”, pois ao contrário da prova de cross, nos saltos de obstáculos o cavalo não pode tocar nas passagens, por sofrer penalizações.

“Portanto tem de ser um cavalo mais fino”, disse Manuel Grave, que vai montar em Paris, no Palácio de Versalhes, onde vão decorrer as provas equestres, o cavalo Carat du Bremoy.

No concurso completo, “é sempre o mesmo cavalo”, pelo que “encontrar um cavalo que se adeque às três fases da competição” acaba por ser uma dificuldade.

“Toda a classificação teve de ser feita com esse cavalo. Como eles dizem na federação internacional, tem de ser ‘as a combination’, como uma combinação. Podia ter feito com outro cavalo, ou outro cavaleiro fazer com o meu cavalo, mas não dava”, afirmou.

Esta será a primeira vez desde 1960 que Portugal estará representando nas três disciplinas de equestre nos Jogos Olímpicos.

Paris2024 decorre de 26 de julho a 11 de agosto, com o concurso completo a disputar-se de 27 a 29 de julho.