A palavra do presidente de França, Emmanuel Macron, é “obviamente importante” quanto à participação de russos em Paris2024, disse hoje a ministra dos Desportos e dos Jogos Olímpicos francesa, Amélie Oudéa-Castera.

“O Comité Olímpico Internacional (COI) é quem toma as decisões, mas o COI leva a cabo várias audiências, e a palavra do chefe de Estado do anfitrião é obviamente importante neste contexto”, explicou a ministra, à margem do lançamento da semana olímpica e paralímpica em Nice.

Segundo Oudéa-Castera, “todos devem estar com a Ucrânia” ao mesmo tempo que se respeita o princípio consagrado pelas Nações Unidas de “não discriminação contra pessoas com base na sua nacionalidade ou passaporte”.

A ministra disse ainda que ainda não está nada “preconfigurado” quanto à participação de russos e bielorrussos em Paris2024, apesar de o COI ter evitado comentar o assunto na última semana, atirando para “uma altura apropriada” uma decisão final.

“Esta questão ainda não foi colocada. O chefe de Estado pronunciar-se-á no verão sobre tudo isto. (...) Por agora, estas são as primeiras recomendações do COI às federações internacionais, para que estruturem os próprios eventos e provas de qualificação”, lembrou a antiga tenista.

A modalidade que praticou deu azo ao exemplo de Wimbledon, em 2022, “o único torneio do Grand Slam que não permitiu que russos e bielorrussos participassem”, enquanto em 2023 já poderão participar, ainda que sob bandeira neutra.

O COI recomendou em 28 de março a participação a título individual de desportistas russos e bielorrussos nas competições internacionais, sob bandeira neutra, adiando para mais tarde uma decisão sobre a participação nos Jogos Olímpicos Paris2024.

Segundo explicou o presidente do COI, Thomas Bach, em conferência de imprensa, a recomendação abre a porta à participação de atletas com passaporte russo ou bielorrusso nas competições, “como neutros ou individuais”, sem permitir a presença de equipas destes países, de atletas “que ativamente apoiam a guerra” na Ucrânia e de membros das forças armadas e de segurança, mantendo ainda as sanções diretas aos Estados russo e bielorrusso.

Quanto à participação em Paris2024 (verão) e Milão-Cortina2026 (inverno), Bach adiou uma decisão sobre o assunto para “o momento apropriado”, após a 'ameaça' de boicote de Ucrânia, Polónia e países bálticos, no dia em que abriu a porta ao regresso de atletas daqueles países aos grandes eventos internacionais.

Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris2024 vão decorrer na capital de França entre 26 de julho e 11 de agosto (Olímpicos) e de 28 de agosto a 08 de setembro (Paralímpicos). A invasão russa da Ucrânia desencadeou uma guerra que mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Desconhece-se o balanço de baixas civis e militares, mas diversas fontes têm admitido que será elevado.

A ONU confirmou a morte de mais de 8.400 civis desde o início da guerra até 26 de março, bem como de 14 mil feridos entre a população civil.