As autoridades desportivas russas consideram que a amenização das sanções desportivas hoje anunciada pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), por incumprimento das regras antidoping, é uma "vitória" para a Rússia.

"Os atletas russos 'limpos' podem participar nas Olimpíadas sem quaisquer restrições, e fazer isso numa equipa formada pelo comité olímpico nacional", destacou Stanislav Pozdnyakov, presidente do Comité Olímpico da Rússia.

A Rússia foi excluída por dois anos das principais competições desportivas mundiais, entre as quais os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para 2021, uma decisão que também proíbe a sua participação nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim2022, mas que é metade da sanção proposta pela Agência Mundial Antidopagem (AMA), que tinha pedido quatro anos de suspensão.

"É uma vitória da Rússia. A TAS não restringiu os direitos dos atletas 'limpos' de participarem nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, e em campeonatos mundiais", considerou o responsável, referindo que a decisão do TAS ainda abre a possibilidade de ser usado o nome, a bandeira e o hino do país.

Já a decisão do TAS que proíbe que governantes russos, incluindo o presidente Vladimir Putin, de assistirem às Olimpíadas durante o período das sanções, foi criticada, e a Rússia anunciou ainda que quer reunir com a UEFA e a FIFA após ser impedida de organizar ou apresentar candidaturas à organização de competições desportivas internacionais até dezembro de 2022.

Os três árbitros nomeados pelo TAS para analisar o caso reconheceram que as consequências do escândalo de doping, com a manipulação de resultados de análises em larga escala, “não são tão grandes” quanto a AMA pretendia.

Para justificar a dimensão da sanção, os árbitros dos TAS explicaram ter tido em consideração “questões de proporcionalidade” e evocaram a necessidade de promover uma "mudança cultural", encorajando a próxima geração de atletas russos a participar num desporto limpo.

O TAS ordenou ainda que Agência Russa Antidopagem (Rusada) pagasse 1,27 milhões de dólares (cerca de um milhão de euros) à AMA, para fazer face aos custos com as perícias realizadas desde 2019 na investigação à manipulação de resultados de controlos antidoping.