O secretário-geral do Fundo de Resolução disse hoje, no parlamento, que a auditoria à reestruturação dos créditos de Luís Filipe Vieira destina-se a analisar financeiramente a operação e as perspetivas de recuperação para o Novo Banco.

Segundo João Freitas, que acompanhou o presidente do Fundo de Resolução na audição comissão de orçamento e finanças, na auditoria da Deloitte já há uma análise à originação do crédito e à reestruturação, tal como foi pedido à auditora.

Contudo, acrescentou o também diretor do departamento de resolução do Banco de Portugal, a nova auditoria tem outros objetivos: a análise financeira da operação, as condições do fundo de investimento que ficou com o crédito e as perspetivas de recuperação para o Novo Banco.

Também o presidente do Fundo de Resolução, Máximo dos Santos, disse que há um conjunto de questões que quer melhor explicadas sobre a solidez financeira do fundo (que não constam da auditoria genérica da Deloitte), pelo que foi determinado que o Novo Banco contrate uma auditora que faça esse trabalho.

Na terça-feira, em audição na mesma comissão parlamentar, o presidente executivo do Novo Banco tinha dito que está em curso uma auditoria específica do Fundo de Resolução à reestruturação de créditos em dívida da Promovalor (empresa de Luís Filipe Vieira, atual presidente do Benfica).

Sem se referir especificamente ao devedor em causa, mas ao número de código no relatório da auditoria da Deloitte, António Ramalho considerou que a solução acordada faz com que o Novo Banco tenha mais capacidade de recuperação da dívida e ao mesmo tempo mantém todas as garantias e tem ainda direito de opção da venda da participação.

A dívida de Luís Filipe Vieira ao Novo Banco tinha sido trazida à comissão parlamentar pela deputada do BE Mariana Mortágua, que afirmou que em 2018 a exposição total do Novo Banco à Promovalor era de 760 milhões de euros, tendo já gerado perdas de 225 milhões de euros. Além disso, afirmou, se em 2014 o Novo Banco era credor de Luís Filipe Vieira, em 2018 "já era sócio" de Luís Filipe Vieira num fundo de investimento para onde transitou o crédito do banco à Promovalor.

Segundo informações noticiadas pelo Expresso em janeiro de 2018, o acordo a que Luís Filipe Vieira chegou com o Novo Banco no fim de 2017 para reestruturar a dívida implicou a aquisição pelo fundo FIAE (Fundo de Investimento Alternativo Especializado) dos créditos detidos pelo Novo Banco sobre a Promovalor, sendo o Novo Banco também dono desse fundo (detentor de unidades de participação).

O jornal semanário Expresso noticiou no sábado que o primeiro-ministro, António Costa, faz parte da comissão de honra de Luís Filipe Vieira para as eleições do Benfica, em outubro.

O apoio de Costa a Vieira motivou críticas de vários quadrantes políticos, desde logo por o presidente do Benfica ser um dos maiores devedores ao Novo Banco, que tem beneficiado da injeção de dinheiros públicos.

Em reação, o chefe do Governo tem defendido que o seu apoio à recandidatura do presidente do Benfica não tem “rigorosamente nada” a ver com a sua vida política ou funções.

O Novo Banco foi até junho de 2017 acionista da SAD do Benfica, quando comunicou que vendeu a sua posição de quase 8% ao grupo Valouro (do empresário José António dos Santos que, segundo a imprensa, é amigo e sócio de Luís Filipe Vieira) por quase dois milhões de euros, saindo da estrutura acionista do clube.

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