O presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, afirmou esta quinta-feira, que ao Comité Olímpico Internacional (COI) não restava outra alternativa que não a de recomendar a exclusão de atletas russos e bielorrussos das competições internacionais. José Manuel Constantino fez, ainda assim, questão de desejar uma solução de paz que evite outras medidas.

“Acho que não tinha outra saída. Há uma violação da Carta Olímpica, da trégua olímpica, há uma violação da soberania de um país [Ucrânia]. Portanto, não restava às autoridades desportivas outra solução que não fosse afastar os países que estão na origem destas violações”, sustentou o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), em declarações à entrada para a Gala do Desporto da Confederação do Desporto de Portugal, que esta quinta-feira decorre no Casino do Estoril.

O dirigente sublinhou que o “mundo não compreenderia que a posição do COI fosse distinta daquela que anunciou e que pediu às federações desportivas internacionais que acompanhassem”.

Estas declarações de José Manuel Constantino surgem depois de o Comité Olímpico Internacional (COI) ter recomendado, na segunda-feira que federações desportivas e organizadores não convidem ou permitam a participação de atletas russos ou bielorrussos em quaisquer provas internacionais, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, uma recomendação prontamente seguida pela maioria das entidades federativas internacionais.

José Manuel Constantino afirmou ainda esperar que se encontre uma solução de paz entre as partes que estão em conflito e que esta situação possa ser reconfigurada no quadro de relações pacíficas e harmoniosas entre os diferentes países, de forma a evitar um agravamento das medidas do COI relativamente à Rússia e à Bielorrússia. Medidas que poderão passar por uma eventual exclusão dos comités olímpicos daqueles países do organismo.

“Aquilo que neste momento temos presente é que o quadro todos os dias se está a agravar. As expectativas de uma solução negociada e pacífica creio que é desejada pela comunidade internacional, mas estamos longe de poder dizer que há luz ao fundo do túnel”, assinalou.

O presidente do COP considerou “salutar a perceção que a generalidade das organizações desportivas nacionais e internacionais tiveram quanto à gravidade [do conflito] e à necessidade de adotar medidas punitivas relativamente aos países que cometeram estas infrações ao direito internacional”.

“Eu creio que o agravamento do custo de matérias-primas vai ter consequências do ponto de vista das economias nacionais e temo que isso também tenha consequências na economia portuguesa. E se isso ocorrer, todos vamos sentir o efeito”, reconheceu ainda, ao ser questionado sobre se o impacto do conflito pode ser sentido no desporto nacional.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.

O presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.