O Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor, em Oeiras, está a adaptar-se para “minimizar os riscos de contágio” à covid-19 e servir de referência para as instalações desportivas nacionais, disse hoje Vítor Pataco.

O presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) realçou o dever das instalações que “acolhem um quarto dos atletas olímpicos portugueses” na retoma da atividade desportiva, sempre de acordo com as diretivas da Direção-Geral da Saúde (DGS).

“Numa primeira fase, durante o estado de emergência, quando já eram permitidos os treinos aos atletas do alto rendimento e aos profissionais, usámos um plano de contingência articulado com as federações, mas, com o adiamento dos Jogos Olímpicos, essa pressão baixou e acabou por, na prática, não ser utilizado”, afirmou Vítor Pataco, em entrevista à agência Lusa.

Com a entrada em vigor do plano de desconfinamento do Governo, e a passagem para a situação de calamidade, o CAR do Jamor voltou a ter atividade regular, seguindo, sempre, as recomendações.

“Ajudámos a fazer a avaliação do risco, consoante a modalidade, para atletas, equipas técnicas e restante ‘staff’, e medidas de mitigação desse risco, nas quais se incluem as recomendações sobre distanciamento social, a eliminação da partilha de materiais e os protocolos de higienização”, revelou.

Entre estas medidas conta-se também o desfasamento de horários de treino, em pequenos grupos, com, por exemplo, um máximo de quatro atletas em cada setor da pista e a restrição a apenas um atleta em cada caixa de saltos.

No entanto, os planos estão a ser constantemente atualizados, de forma coordenada com as equipas médicas das várias modalidades, para ser construído “um guia de procedimentos e proteção dos praticantes e ‘staff’”, que poderá ser replicado noutros espaços.

“O Jamor funciona como uma referência, uma vez que a preparação de cerca de 25% dos atletas da missão olímpica passa pelo Jamor, seja de forma permanente ou pontual. Nesse sentido, temos estado a fazer de difusores de boas práticas e outros centros têm aproveitado o trabalho deste único CAR que o Estado tem de gestão direta”, frisou.

Entre os espaços que já aproveitaram este “guia”, e já estão em atividade, Vítor Pataco destacou o CAR de Vila Nova de Gaia, com o ténis de mesa, e as instalações do CAR de golfe e ténis, que têm gestão concessionada, também no Jamor.

“No Jamor, temos o atletismo, que já começou a treinar, ainda com poucos atletas, a natação, que provavelmente vai começar na segunda-feira, apesar de a piscina ter uma sensibilidade diferente, e também o futebol do Belenenses SAD”, referiu Pataco.

Relativamente ao atletismo, o responsável admitiu que o desconfinamento tem sido, sobretudo, aproveitado pelos atletas das disciplinas técnicas, por precisarem de equipamentos específicos para treino, enquanto os restantes foram conseguindo adaptar-se.

“Não conseguimos eliminar o risco, conseguimos minimizar, e o plano de contingência também prevê a capacidade de resposta caso seja identificado um atleta infetado, com isolamento imediato, e a definição de quarentena para quem esteve em contacto com ele, tal como definem as autoridades sanitárias”, rematou Pataco, advertindo que esta preparação, tal como o plano governamental, está em constante avaliação.