A Taça de Portugal 2023/24 é do FC Porto. O campeão Sporting não conseguiu a tão desejada 'dobradinha' que lhe foge desde 2002. Domingo, no Estádio do Jamor, houve mérito dos dragões e de Sérgio Conceição, claro, que souberam anular as principais peças do adversário, contrariar a estratégia de Rúben Amorim e explorar as lacunas dos leões. Mas também houve demérito do Sporting, que depois de se ver em vantagem no encontro deu vários ' tiros nos pés' que conduziram à derrota.

O FC Porto cedo mostrou ter a lição bem estudada, procurando as desmarcações nas costas da defesa leonina. Logo a abrir, Evanilson quase marcou, aproveitando até uma primeira hesitação do jovem Diogo Pinto na baliza do Sporting que, contudo, se redimiu bem dessa hesitação. E se os dragões pareciam mais perigosos, o Sporting teve até o engenho de marcar primeiro, no seguimento de um pontapé de canto. Mas não soube tirar partido. Precisamente porque logo depois surgiram dois erros determinantes para o desfecho da partida.

Primeiro, Geny Catamo falhou um corte que não podia falhar na grande área verde e branca e deixou a bola nos pés de Evanilson, que não perdoou e empatou a partida. Depois, em mais uma bola lançada para as costas da defesa do Sporting, St.Juste passou de herói a vilão e derrubou Galeno quando este caminhava isolado para a grande área dos leões. Cartão vermelho para o neerlandês e Sporting reduzido a dez apenas com meia hora jogada.

A verdade é que, umas vezes com maiores dificuldades do que outras, o Sporting aguentou-se até ao final dos 90 minutos. E até podia ter marcado, por duas vezes. Aí, um jogador fez a diferença: Diogo Costa brilhou a grande altura, com duas defesas fenomenais, uma a fechar a primeira parte, outra a abrir o segundo. E a decisão seguiu para prolongamento. Aí, o Sporting, com os jogadores visivelmente esgotados (Gyokeres foi um exemplo perfeito desse cansaço), aguentou enquanto pôde. Até que surgiu novo erro. Diogo Pinto, que já tinha feito algumas defesas importantes, voltou a hesitar numa saída da baliza e quando saiu, saiu mal. Errou a abordagem, acertou a soco em Evanilson e o FC Porto beneficiou de uma grande penalidade que Taremi converteu, pintando de azul e branco a festa final no Jamor.

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O jogo: Campeão resistiu o mais que conseguiu

Em clima de euforia, o Sporting até nem entrou bem no jogo. O FC Porto parecia mostrar-se mais capaz de criar perigo, mas aos poucos a turma de Rúben Amorim começou a chegar junto da grande área adversária e conseguiu ser a primeira a marcar. Algo que nestes jogos grandes costuma ser importante (e, muitas vezes, determinante). Pedro Gonçalves marcou um canto e, ao segundo poste, St.Juste saltou nas costas de Otávio e cabeceou para o 1-0.

Motivado, o Sporting voltou a ameaçar logo depois, mas volvidos cinco minutos o empate surgiu. Num lance aparentemente inofensivo, Catamo parecia ter tudo controlado, mas o seu corte defeituoso deixou a bola nos pés de Evanilson. E o brasileiro só teve de meter a bola no fundo das redes. Se esse momento não foi bom para os verdes e brancos, algo ainda pior viria minutos mais tarde, com St.Juste a derrubar Galeno quando este estava isolado. O árbitro da partida, Fábio Veríssimo, até começou por marcar penálti, para além de expulsar o centra neerlandês. Depois, alertado pelo VAR, manteve a expulsão mas trocou a grande penalidade por um livre direto.

As duas equipas podiam ter marcado ainda antes do intervalo, e também a abrir a segunda parte. Mas nenhuma marcou e, a partir daí, apesar de o domínio do FC Porto se ir acentuando, à medida que os jogadores do Sporting iam acusando o cansaço, os lances de perigo começaram a escassear e a igualdade a um golo persistiu até ao prolongamento.

Só que nos 30 minutos de tempo extra o Sporting sentiu em definitivo a inferioridade numérica. O FC Porto criou perigo logo a abrir, encostou os leões à sua área e acabou por beneficiar de uma grande penalidade a fechar a primeira parte do prolongamento, depois de Diogo Pinto atingir Evanilson na tentativa de socar a bola. Mehdi Taremi manteve a calma, converteu a grande penalidade e colocou o FC Porto na frente. O Sporting ainda tentou o empate, sobretudo em lances de bola parada, bombeando a bola para a grande área contrária, mas não foi capaz de voltar a ameaçar realmente Diogo Costa.

O momento: Vermelho para St.Juste

St. Juste trava Galeno em falta quando este seguia isolado para a baliza de Diogo Pinto e Fábio Veríssimo, árbitro da partida, sem hesitar, mostra o vermelho direto ao central neerlandês e inicialmente até assinala penálti. Alertado pelo VAR, contudo, Veríssimo acaba por marcar livre direto, por a falta ter sido cometida ainda fora da área, mas mantém a expulsão. O Sporting via-se reduzido a dez elementos aos 29 minutos...

A figura: Diogo Costa, um guarda-redes que faz a diferença

Ter Diogo Costa numa baliza e Diogo Pinto na outra fez diferença. Não há como o negar. O guarda-redes do FC Porto, um dos que mais tentou rumar contra a maré numa época menos feliz do FC Porto na Primeira Liga, brilhou a grande altura. Quando o Sporting, mesmo em inferioridade numérica, ameaçou voltar à vantagem no marcador, Diogo Costa disse presente. E de que maneira. Evanilson foi decisivo na frente, sem dúvida, mas o guarda-redes foi talvez, ainda mais determinante cá trás.

As reações

- Sérgio Conceição: "A minha situação no FC Porto está muito bem definida na minha cabeça e vou comunicar nos próximos dias"
- Evanilson dedica vitória aos "dois presidentes" do FC Porto
- André Villas-Boas: "Espero que seja a primeira de muitas vitórias no FC Porto"
- Coates: "Por vezes, parece que é sempre contra nós"
- Ruben Amorim: "É importante viver isto, com estas incidências, para não nos esquecermos de onde viemos"

O resumo