A Seleção de Cabo Verde está na fase de grupos do apuramento africano para o Mundial2018. Os "tubarões azuis" venceram no Estádio Nacional, na Cidade da Praia o Quénia por 2-0, depois de ter perdido na primeira-mão por 1-0. Heldon voltou a ser talismã para a seleção crioula, ao apontar os dois golos que colocam a seleção de Rui Águas na próxima fase. Cabo Verde é a única seleção dos PALOP a conseguir tal feito.

No Estádio Nacional com muito público mas longe de se esgotar, a seleção cabo-verdiana de futebol deu um espetáculo de golos falhados no primeiro tempo.
Nos primeiros 20 minutos os "tubarões azuis" criaram tantas oportunidades que poderiam estar a golear por 5-0 ou mais. Djaniny, em duas ocasiões, Heldon, Odair também por duas vezes e Tiago Almeida tiveram o golo nos pés mas não conseguiram acertar com a baliza.

O Quénia, que venceu na passada sexta-feira por 1-0, sentiu inúmeras dificuldades para chegar a Cabo Verde. A comitiva só aterrou no Aeroporto Nelson Mandela na Cidade da Praia por volta das 14h30 locais, três horas e meia antes do início do jogo. Problemas no pagamento do voo charter atrasaram a chegada em dois dias. Antes, os jogadores tinham recusado viajar por a federação não querer pagar os bilhetes de avião dos jogadores que jogam fora do país.

Com tantas dificuldades, o jogo dos quenianos, muito metidos na defesa, baseava-se em pontapés para a frente. Na primeira parte não criaram qualquer situação de perigo junto da baliza de Vozinha.

A formação cabo-verdiana procurava o golo de todas as formas. Aos 26 minutos o árbitro que viajou do Gana anulou e bem um golo a Odair por fora de jogo. Aos 34 Heldon isolou Platini mas o remate do médio saiu fraco. Aos 37 foi Heldon a cair na área e pedir penálti mas o juiz principal do encontro mandou seguir.

O golo só chegou no último minuto do primeiro tempo. Heldon bateu um livre, a bola desviou na barreira, subiu, vários jogadores tentaram chegar ao esférico mas este bateu no solo e enganou tudo e todos, entrando na baliza, para delírio dos mais de oito mil cabo-verdianos nas bancadas. O jogador do Sporting, emprestado ao Rio Ave, voltava a ser talismã, ele que tem aparecido em todos os momentos decisivos dos "tubarões azuis".

A seleção de Rui Águas resolveu o encontro logo aos 53 minutos. Marco Soares ganhou na garra a um adversário, foi até a linha de fundo e cruzou para um desvio preciso de Heldon, que assim fazia o segundo golo na partida. No minuto seguinte o 3-0 esteve perto, num centro de Heldon que Odair falhou de forma escandalosa.

A partir do 2-0 o selecionador do Quénia teve de arriscar, metendo mais jogadores de cariz ofensivo. Cabo Verde, muito por culpa própria, ia provocando calafrios aos adeptos, com situações junto à baliza de Vozinha. Ora por cortes mal feitos, ora pela forma como o meio-campo não pressionava e deixava o Quénia jogar a vontade.

Apesar de toda a insistência, o resultado não se alterou. Cabo Verde terminou a defender o resultado no seu meio-campo, numa altura em que o Quénia limitava-se a bombear bolas para a área, à procura de um desvio ou ressalto.

O Estádio Nacional voltou a ser uma fortaleza para os "tubarões azuis" que venceram todos os jogos aí realizados. Cabo Verde é a única seleção dos PALOP a chegar a fase de grupos do apuramento africano para o Mundial2018. Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Angola e Moçambique foram eliminados. Os crioulos vão juntar-se a outras 19 seleções em cinco grupos de quatro, que irão jogar todos contra todos, com cada equipa a fazer seis jogos. Só os primeiros classificados de cada um dos cinco grupos apura-se para o Mundial2018.