O árbitro Vítor Ferreira admite já estar habituado a estádios sem público na I Liga de futebol, devido à pandemia de covid-19, mas reconhece "menos adrenalina" com a ausência dos adeptos.

“Julgo que os jogadores sentem mais, nomeadamente os que maior suporte tinha da sua massa adepta, na medida em que os catapultava para níveis exibicionais superiores e os deixavam mais nervosos, mais eletrizantes e daí o jogo era diferente. Em suma e por norma, sem público, os jogos tendem a ser mais calmos e por consequência menos atrativos”, disse Vítor Ferreira.

Em declarações à agência Lusa, numa altura em que se completa um ano sem público nos jogos da I Liga realizados em Portugal continental, o árbitro de 32 anos admitiu que já está habituado aos estádios vazios.

“Já era expectável ter estádios vazios no futuro, mas nunca durante tanto tempo. Um ano sem adeptos nas bancadas faz com que todos estejamos habituados e saibamos lidar com isso de forma natural. Mas, todos estamos desejosos de ter um estádio cheio novamente, da mesma forma que desejamos poder deixar de usar máscara e andar livremente nas ruas”, afirmou o árbitro natural de Barcelos.

Na primeira categoria desde 2016/17 e internacional desde 2020, Vítor Ferreira explicou que os gritos e os sons vindos da bancada são algo que “passa ao lado” quando está a dirigir um jogo, embora admita que exista “menos adrenalina”.

“Haver ou não público é algo que nos passa ao lado e acho que é assim que tem de ser, pois não devemos decidir em função do ruído vindo da bancada ou agora os gritos dos jogadores pelo facto dos estádios estarem vazios. Os jogos sem público tendem a ser mais calmos, porventura mais fáceis de controlar, na medida em que os jogadores são mais controlados emocionalmente, sem a adrenalina que o constante barulho dos adeptos lhes dá”, considerou.

Em 08 de março de 2020, Vítor Ferreira apitou o Paços de Ferreira-Vitória Guimarães, o último jogo antes da paragem do campeonato durante três meses e o último com público e sem qualquer restrição.

“Do jogo em particular não me recordo nada de especial, mas nessa semana julgo que havia um surto num concelho vizinho e até achei pouco prudente a realização desse jogo com público, ainda mais tratando-se de um jogo entre equipas próximas, onde era normal que muitas pessoas fossem seus adeptos e residentes ou trabalhadores na região do referido surto”, recordou.