O treinador do campeão português de futebol FC Porto, Sérgio Conceição, tem “perfil para conseguir levar uma equipa a ter resultados”, assumiu hoje a ‘mental coach’ Susana Torres, falando à margem da cimeira Thinking Football, no Porto.

“É muito importante encontrar pessoas com perfil para levar uma equipa a ter resultados. Se há pessoa com esse perfil é o Sérgio Conceição. Como ele já disse diversas vezes, é como conduzir um Ferrari, mas não pôr gasolina de qualidade nem fazer a manutenção. Acredito que Sérgio Conceição é um Ferrari, que precisava de alguns pequenos detalhes quando nos procurou. O que fazemos é facilitar a vida a jogadores, treinadores e clubes”, observou aos jornalistas a ‘coach’ de alta performance, que trabalha na área desde 2012.

Convidada para debater sobre a saúde mental em atletas de alto rendimento, num painel que também integrou o antigo médio internacional brasileiro Gilberto Silva e a empresária Kaite Bernardo, Susana Torres sustentou a sua intervenção junto de um “treinador muito desafiante” e de “uma pessoa espetacular e de trato muito difícil, dada a sua exigência”.

“Não trabalho com o Sérgio Conceição no FC Porto, embora já faça um trabalho com ele desde 2014. Conheci-o pessoalmente e começamos a fazer este trabalho. Se pensarmos bem, não somos preparados para uma série de coisas, nomeadamente lidar com toda a gente. Há pessoas com quem lidamos melhor e outras não tão bem. O treinador tem 26 jogadores e vai ter desafios com alguns deles que até têm talento e cujo investimento foi extremamente elevado. É preciso saber lidar com isso e ninguém nos ensina”, partilhou.

Confrontada com o controlo emocional de Sérgio Conceição, que soma 21 expulsões nas provas nacionais, 11 das quais como técnico do FC Porto, que comanda desde 2017/18, Susana Torres defendeu que o seu contributo “retira em vez de colocar todos na norma”.

“Uma coisa é o que achamos que o treinador deveria ser, outra é aquilo que ele quer ser. No caso do Sérgio Conceição, é uma pessoa com um perfil muito diferente, específico e que cumpre o seu comportamento de acordo com a imagem que quer ter e a forma como quer estar no futebol. Acho que o Sérgio Conceição está correto, na medida em que, por muito que a gente não concorde, trata-se da forma como ele quer viver e sempre viveu o futebol e que lhe é característica. Há que respeitar a individualidade da pessoa”, referiu.

Susana Torres trabalha com futebolistas de topo dos principais campeonatos europeus e ficou afamada pela ajuda concedida ao avançado internacional português Eder, autor do golo solitário face à França na final do Euro2016 (1-0), realizada nos arredores de Paris.

“Vemos em grandes provas e finais e no decorrer dos campeonatos que aquilo que faz a diferença é o estado emocional do atleta. Ao longo do tempo, tem sido muito treinado na componente tática, técnica e física, mas parece que nos esquecemos da única coisa que comanda isto para atingir a melhor performance, que é o cérebro. Os campeões também perdem por questões mentais. Veremos equipas a saírem do Mundial2022 por detalhes, isto é, o modo como lidam com tudo o que envolve uma prova desta natureza”, concluiu.

A cimeira Thinking Football decorre entre sexta-feira e domingo, no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, sob inédita organização da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).