O Sporting é, até agora, o único dos 'três grandes' a avançar para um lay-off devido a crise financeira provocada pela pandemia de COVID-19. Em entrevista à Sport TV, Francisco Salgado Zena, administrador para a área financeira da SAD do Sporting explicou os contornos da decisão e estranha o facto de outros clubes não terem avançado para o lay-off.

"Benfica? Não conheço as contas... Mas surpreende-me muito que, depois de nós, os clubes não o venham a fazer. Muito me estranha que outros clubes passem por isto sem nada o fazer. Agimos depressa e fomos muito rápidos. Começámos a falar com os jogadores no final de março. Ainda bem para os outros clubes, é sinal que têm condições... Mas fico a aguardar. Até porque o mercado não vai ser igual", frisou.

Salgado Zenha disse que ficou "agradavelmente surpreendido" pela forma como os jogadores aceitaram o lay-off, mesmo os que têm salários mais baixos.

"Tivemos colaboradores e diretores que, não entrando em lay-off, quiserem fazê-lo. Os jogadores, muitas vezes criticados por não compreenderem o mundo real, compreenderam e foram solidários. Foi das coisas mais bonitas que vi. Não digo que há pessoas que tenham ficado menos satisfeitas, mas o feedback foi muito positivo", começou por explicar.

"A decisão foi colegial, comum e unânime. E falo dos jogadores cujo passe é do Sporting. Fomos o primeiro dos 'grandes' a fazê-lo, o primeiro em Portugal com este peso, importância e profundidade. Os capitães... Quero deixar uma palavra especial, porque tiveram uma importância decisiva. [...] O Sporting é um clube que atravessou dificuldades, que tem recuperado bem delas. Esta administração fez uma grande redução de custos. Vamos começar o próximo ano com 15 milhões de redução salarial. Estamos menos mal preparados do que outros", garantiu.

Uma das dúvidas do momento é se a edição 2019/2020 da I Liga será terminada. Salgado Zenha acredita que sim até porque todos os intervenientes no futebol tem interesse que tal aconteça, mas sublinha que é preciso os jogadores terem condições para tal.

"Há muito dinheiro em jogo, há muita incerteza caso as competições não acabem... Mas há uma condicionante: a saúde dos jogadores e intervenientes. Seja polémica ou não eu digo o que penso: se temos trabalhadores a exercerem as suas funções diariamente, como em supermercados, farmácias, não vejo razão para os outros não começarem gradualmente. Os futebolistas não têm elevado grau de risco. Tem é de ser controlado e com um bom plano de proteção. O entretenimento número 1 do país tem de recomeçar, tem é de haver condições", frisou.

Outro tema abordado na entrevista à Sport TV foi o caso Rafael Leão. O TAD deu razão ao Sporting, o jogador recorreu, pelo que o assunto ainda não está fechado. Salgado Zenha quer "receber o mais rápido possível".

"O TAD já se pronunciou, queremos receber o mais rápido possível, vamos acionar, sabendo que já fomos suficientemente penalizados. Ele saiu em 2018 e estamos em abril de 2020... Ainda não recebemos o dinheiro e não temos certezas quando o vamos receber. É beneficiar o infrator. Não pode ser. Tem de se criar soluções para que isso deixe de acontecer."

De recordar que Rafael Leão foi condenado pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) a pagar uma indemnização ao Sporting no valor de 16,5 milhões de euros, devido à rescisão com o clube 'leonino' depois do ataque à academia de Alcochete, Rafael Leão deverá decidir durante a semana que decorre se avança ou não para recurso.