O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) enalteceu hoje o regresso de jogadores portugueses dispostos “emprestar talento” à I Liga, no mais recente mercado de transferências, período da época com “impacto cada vez maior”.
Joaquim Evangelista enumerou os casos de Nani e Ferro, reforços do Estrela da Amadora, de Renato Sanches, médio emprestado pelo Paris Saint-Germain ao Benfica, e do também médio Fábio Vieira, cedido pelo Arsenal ao FC Porto, para ilustrar o regresso de jogadores lusos numa ‘janela’ que encerrou na segunda-feira.
“Há uma coisa que saúdo, que é o regresso dos jogadores portugueses em final de carreira e de outros mais jovens que vão relançar a carreira em Portugal, como o Renato Sanches, o Ferro, o Nani e o Fábio Vieira. É positivo que possam ‘emprestar’ o seu talento à nossa competição”, referiu, em declarações à Lusa.
À frente de um organismo cuja principal função no ‘mercado’ é a de acompanhar jogadores desempregados ou “colocados à parte” nos respetivos clubes, o dirigente sindical alertou para “a tendência de mercados emergentes”, como o da Arábia Saudita, ofuscar “problemas de gestão” dos clubes lusos, forçados a “garantir o equilíbrio necessário” entre “a necessidade de financiamento e a qualidade dos plantéis”
“O mercado de transferências, do ponto de vista do impacto económico na I Liga portuguesa e no futebol em geral, é cada vez maior. Do ponto de vista do financiamento, há uma dependência forte da I Liga relativamente às transferências. É uma inevitabilidade”, sublinhou.
Evangelista lembrou ainda que os clubes atravessaram um ‘mercado’ no qual tiveram de “agilizar os seus departamentos” perante as alterações à designada Lei dos Estrangeiros, em vigor desde 04 de junho, e alertou para a falta de diálogo com os futebolistas nesse processo.
“Os praticantes não serem ouvidos numa lei que lhes é dirigida não faz muito sentido. Esta solução da ‘via verde’ pode traduzir boa vontade, mas não sei se vai resolver [os problemas]. Ainda vamos ver as consequências deste processo. Não foi bem conduzida a forma como a lei foi apresentada”, salienta.
O Governo revogou procedimentos para autorização de residência assentes em manifestações de interesse, o que permitia a um imigrante iniciar um processo de regularização com visto de turista e aceder a um título de residente mediante contrato de trabalho e 12 meses de descontos para a Segurança Social.
Em 23 de julho, o Ministério da Presidência anunciou a celebração de acordos entre a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e várias federações desportivas, bem como com a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) para acelerar as autorizações de residência para os atletas extracomunitários, proporcionando as tais ‘vias verdes’.
O Governo referiu então que “a situação específica dos atletas profissionais, a relevância económica e social e o interesse público do desporto profissional justificam procedimentos que permitam um processamento célere da sua situação documental em território nacional”.
Joaquim Evangelista frisou que essas ‘vias verdes’ para acelerar as autorizações de residência “minimizam o problema” desencadeado pelas alterações na lei, embora considere que não o resolvam quando as contrações de jogadores, no caso de futebol, acontecem na ‘reta final’ do mercado de transferências.
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