Em entrevista à revista alemã 'Sportschau', Roger Schmidt admitiu que a formação "é uma parte importante do ADN do clube" e que para os jovens jogadores "é um sonho absoluto estar em campo pela equipa principal", mas que depois de se estrearem "temem que o clube os venda" porque "querem jogar no Benfica".

"Para os jovens jogadores do Benfica, é um sonho absoluto estar em campo pela equipa principal um dia. Eles não querem sair daqui. Dão tudo pelo sonho. E quando chegam à equipa principal ficam incrivelmente orgulhosos. Depois, temem que o clube os venda. Querem jogar no Benfica", assumiu o técnico alemão.

"A continuidade é a chave para o sucesso aqui e é quase uma questão de carreira. Não é comum um jogador jovem mudar de clube. Se não for por razões de desempenho, um jogador do Benfica vai ficar no Benfica, e um jogador do Sporting não vai mudar, nem um do FC Porto. Isso permite que os jogadores se desenvolvam melhor e até mesmo sobrevivam a quedas no seu desenvolvimento", continuou.

Schmidt deixou rasgados elogios ao trabalho feito nas camadas mais jovens, o que leva à descoberta de jogadores como António Silva e João Neves.

"Os jogadores dão o salto todos os anos. É uma parte importante do ADN do clube. Jogadores como António Silva e João Neves, que acabaram de sair das camadas jovens e agora são regulares comigo, nem sequer me eram conhecidos quando comecei aqui, em 2022. Há essa permeabilidade de que o Benfica beneficia muito. Talvez dificilmente haja um clube na Europa que seja tão bem sucedido na formação de jogadores de classe mundial".

O treinador alemão explicou ainda como conhece muitos dos talentos presentes no Benfica Campus já que há uma "abundância de equipas e jogadores".

"Os melhores jovens jogadores têm a oportunidade de treinar connosco. Ao mesmo tempo, o campo para observação é impressionante. Especialmente durante a pausa para os compromissos das seleções. Com tantas ausências na equipa principal, cheguei a ter apenas nove jogadores de campo para o treino. Mesmo assim, organizámos um jogo-treino onze contra onze numa tarde. Estava cheio de jovens das equipas de juniores. Havia alguns que eu nunca tinha visto antes. Mas o nível desse jogo-treino foi muito forte. Realmente de alto nível", revelou.

Quando confrontado com a questão do dinheiro que os jovens podem ganhar noutros clubes, Roger Schmidt foi claro: "Para entender o Benfica, tens que ter estado aqui pelo menos uma vez. Dos cerca de dez milhões de portugueses, cerca de seis milhões são adeptos do Benfica. O clube é muito mais do que apenas um clube de futebol. Para a maioria dos portugueses, é uma parte importante das suas vidas. Quando um jogador do Benfica entra como suplente, um murmúrio atravessa o estádio. Depois há palmas e aplausos, cada ação deste jogador é celebrada. A identificação com o clube é imensa", elogiou.