O árbitro internacional Luís Godinho lamentou hoje que os juízes sejam várias vezes utilizados como a “bandeira do mau desempenho de uma equipa de futebol” e lembrou que o erro é “normal nos seres humanos”.

“Acha que gosto de ir um café no dia a seguir e toda gente falar de mim? Afeta-me a mim e, sobretudo, afeta a minha família. Somos parte do futebol. Devemos ser contestados e criticados quando erramos. Somos os primeiros a assumir o erro, mas não façam disso bandeira do mau desempenho de uma equipa de futebol. É preciso assumir isso”, afirmou Luís Godinho.

O alentejano de 37 anos, de primeira categoria desde 2015 e internacional desde 2017, falava aos jornalistas no final de um estágio dos árbitros para a nova temporada da I Liga, que decorreu durante os últimos cinco dias na Cidade do Futebol, em Oeiras.

“Tal como um avançado pode ter um mau desempenho, o árbitro também pode ter. Somos seres humanos e questões de interpretação de lances nunca vão desaparecer do futebol. Nós queremos passar ao lado do jogo. O meu sucesso é que ninguém fale de mim a seguir ao jogo. Nem pelo meu cabelo, pelos meus olhos, nada. Esse é o meu objetivo”, frisou.

O árbitro de Borba lamentou a “onda de confusão e barulho” que muitas vezes se cria junto do setor, mas mostrou-se otimista que esse ambiente possa ser alterado com a divulgação das comunicações entre as equipas de arbitragem, uma das principais novidades para a temporada 2023/24.

“O dia a seguir a um jogo nunca é fácil, sobretudo quando existem erros. Falar ou tentar explicar publicamente o lance ou os lances não iria acrescentar muito. Com esta medida, talvez existam mais transparência e que sirva para esclarecer e baixar o ruído”, disse.

Outras da novas medidas para a temporada é a tolerância zero com o comportamento dos elementos dos bancos de suplentes, algo que Luís Godinho se mostrou totalmente de acordo.

“É um problema do futebol português e do futebol europeu. Há cada vez mais comportamentos incorretos e abusivos nos bancos e isso tira o foco da equipa de arbitragem do próprio jogo. Temos combatido isso e vamos continuar a combater, agora de uma forma mais acérrima”, frisou.