
O treinador dos sauditas do Al Hilal, Jorge Jesus, considerou hoje o plantel do FC Porto "inferior individualmente" em comparação ao dos rivais Sporting e Benfica, dificultando a discussão pelo título da I Liga de futebol.
Numa análise ao momento atual dos clubes portugueses, à margem do fórum da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), onde foi orador, o técnico não excluiu os 'dragões' da luta pelo título de campeão nacional, mas acredita ser a equipa 'grande' com menos argumentos ao nível da qualidade dos jogadores.
"Não quero tirar o FC Porto do título, mas, por aquilo que vejo, neste momento, o Benfica e o Sporting têm mais qualidade individual. Não estou a dizer coletivamente, mas, individualmente, o Benfica tem jogadores para o treinador escolher melhor. O Sporting nem tanto, mas também. Penso que, dos três, o FC Porto é aquele que tem de valer mais pela sua componente tática", avaliou.
Mais do que uma adaptação ao futebol português, que, segundo Jorge Jesus, é "conhecido em todo o mundo", o grande desafio de Martín Anselmi passará por enquadrar-se especificamente no FC Porto e conseguir implementar as suas ideias aos jogadores, o que admite poder requerer algum tempo.
"O futebol português é conhecido em todo o mundo, mas pode demorar a adaptar-se ao FC Porto e os jogadores às ideias dele. Isso demora, como é óbvio, algum tempo, mas em Inglaterra seria a mesma coisa. Eu, quando cheguei à Arábia Saudita, precisei de tempo para me adaptar ao clube, mas o futebol é objetivo. É ser campeão", sentenciou.
Também Jorge Jesus terá dificuldades em conseguir o objetivo de renovar o título saudita com o seu Al Hilal, numa altura em que o seu conjunto está perante uma desvantagem de quatro pontos para o líder Al Ittihad e perda no confronto direto, em caso de igualdade pontual.
"Nós acreditamos que ainda pode ser possível sermos campeões. Faltam nove jogos, estamos a quatro pontos, mas o campeonato saudita está mais forte este ano e qualquer equipa pode perder pontos facilmente, tanto em casa como fora. Esta paragem para o Al Hilal foi boa, porque vamos recuperar cinco dos jogadores que normalmente jogavam no ‘onze’”, explicou.
Ainda assim, aponta baterias à Liga dos Campeões Asiática, em que disputa a ‘final a oito’, e aguarda com grande expectativa o Mundial de Clubes, no qual Benfica e FC Porto vão representar o futebol português.
"O grande objetivo dos adeptos do Al Hilal é a ‘Champions’ da Ásia, que eles preferem em detrimento do campeonato. Eu, como treinador e português, fui formatado para que o campeonato seja o objetivo mais importante, mas está tudo em aberto. E o Mundial de Clubes, onde vai estar o Benfica e o FC Porto, vai ser apaixonante", expressou.
O treinador abordou ainda a forma de Cristiano Ronaldo no campeonato saudita e expressou votos de que consiga atingir a inédita marca do milhar de golos ao longo da carreira.
"[1.000 golos do Ronaldo] Não sei se chega, mas gostava que isso acontecesse, porque o Ronaldo é um exemplo, com 40 anos. Eu vejo um jovem jogador, por aquilo que ele desempenha no jogo, e, sinceramente, não sei até quando é que ele vai continuar, porque ele é um profissional a 100%. Eu dou o exemplo dele muitas vezes aos jogadores, o que ele para ter uma carreira mais prolongada. Cuida-se como nenhum jogador do mundo", elogiou.
Por fim, deixou elogios a Neymar, lamentando que o agora extremo do Santos não pudesse ter tido outro tipo de contributo no Al Hilal e afirmou, taxativamente, que se trata do "melhor jogador" que treinou.
"Não tive sorte. Nem eu, nem ele. O Neymar esteve 15 meses lesionado quando trabalhou comigo. O Neymar é um craque, foi o melhor jogador com quem trabalhei até hoje. Agora, precisa de tempo para recuperar o que ele é, temos de lhe dar tempo e eu penso que na próxima convocatória da seleção do Brasil, ele vai estar", augurou.
O fórum da ANTF decorreu entre segunda-feira e hoje no Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos.
Comentários