O treinador João Henriques, que nas últimas duas épocas liderou o comando técnico do Santa Clara, disse, em entrevista à Lusa, que o "teste seguinte" na carreira passa por representar um clube com ambições europeias em Portugal.

"O teste seguinte é olhar para equipas que lutem por Liga Europa, que andam naqueles primeiros sete, oito lugares, a lutar por aquelas vagas de Liga Europa. Eu sinto que é o passo seguinte e é o passo que eu desejava dar na minha carreira em Portugal", afirmou João Henriques à agência Lusa.

O treinador de 47 anos deixou o Santa Clara no final da edição 2019/2020 da I Liga de futebol, depois de alcançar o nono lugar, com 43 pontos, naquela que foi a melhor pontuação e classificação de sempre do conjunto açoriano na primeira divisão.

Nos últimos dias, o nome do técnico esteve associado idas para o Vitória de Guimarães, Rio Ave ou Marítimo, tendo João Henriques referido que se sente "extremamente honrando" pela ligação a esses "clubes históricos".

"É bom estar sempre ligado e ser um nome lembrado para determinados projetos e eu obviamente nunca digo não a nenhum deles", salientou.

João Henriques destacou que ao longo da sua carreira subiu "degrau a degrau" os "diversos níveis competitivos", para justificar que está "cada vez mais preparado" para treinar um dos três grandes de Portugal no futuro.

"Sinto que estou cada vez mais preparado [para trabalhar num clube grande], por tudo aquilo que já passei como treinador, as experiências que fui adquirindo. Obviamente, é um passo que tenho a certeza de que um dia terei esta oportunidade", apontou.

No balanço das duas épocas ao serviço dos açorianos, o treinador considerou como melhor momento o feito de assegurar a manutenção e conseguir, assim, que o clube permanecesse três épocas consecutivas na I Liga pela primeira vez na história, apesar de ser considerado o "principal candidato à descida" de divisão.

Quanto ao aspeto menos positivo, João Henriques escolheu a "falta de estruturas" do clube que "não são compatíveis com o alto rendimento".

"Olhamos para o grupo e, apesar de batermos recordes, também sentimos por outro lado que com melhores condições estruturais podíamos estar com mais alguns pontos e lutar por outras coisas que ainda eram menos expectáveis", afirmou.

Quanto à saída do clube açoriano, João Henriques considerou que a não renovação do contrato foi um entendimento de "ambas as partes".

"Estou sempre com muita ambição para querer mais e melhor e o Santa Clara as questões que me pôs foi que vão lutar pelos mesmos objetivos, o orçamento será o mesmo e as dificuldades em termos de infraestruturas não vão alterar absolutamente nada", realçou.

Analisando o estado do futebol português, o técnico natural de Tomar considera que esta época se verificou um "aproximar" das equipas mais pequenas com os três grandes, porque as mais pequenas "estão cada vez mais preparadas", enquanto as grandes têm "perdido capacidade para os grandes da Europa".

João Henriques também considerou que "não pode haver tanta troca de treinadores" no futebol nacional.

"Na altura da escolha dos treinadores não se olha ao perfil, ao contexto do clube, não se olha aquilo que se pretende com um projeto, mas sim a situações avulsas, olhando só para o resultado. Quem tem bom resultado é bom, quem tem mau resultado é mau", apontou.

Além de Santa Clara, João Henriques também orientou Paços de Ferreira, Leixões, Fátima, Torres Novas, União de Almeirim, Riachense, tendo ainda, pelo meio, passagens nos escalões de formação do Al-Ahli Jeddah (da Arábia Saudita) e como treinador adjunto do Al-Wahda (dos Emirados Árabes Unidos).