
Um Sporting a três tempos, perfeito de início, desastroso depois e pragmático a fechar, conquistou sobre a meta a renhida edição 2024/25 da I Liga de futebol, para a primeira revalidação do título em mais de sete décadas.
Feitas as contas, os ‘leões’ somaram mais dois pontos do que o rival Benfica, ao qual também se superiorizaram no confronto direto (1-0 em Alvalade e 1-1 na Luz), depois de um trajeto sempre pautado pelos golos de Viktor Gyökeres, que só parou nos 39.
Melhor jogador e marcador da prova pelo segundo ano seguido, o sueco facilitou muito a vida aos seus companheiros, num conjunto em que também brilharam intensamente Trincão (nove golos e 14 assistências) e Hjulmand, o grande ‘pêndulo’ do meio-campo, à frente de uma defesa quase sempre competente e com muitas armas.
Partindo de trás, com o alemão Roger Schmidt, que o presidente Rui Costa ‘teimou’ em manter, o Benfica lutou até ao fim pelo título e chegou a ter um ‘match point’, na receção aos ‘leões’, da penúltima ronda, que não conseguiu concretizar.
Muito longe, a 11 pontos, acabou o FC Porto, que quase acabou campeão de inverno, com Vítor Bruno, a primeira escolha de André Villas-Boas, e descambou na segunda volta, com o argentino Martín Anselmi e sem Galeno e Nico González, tendo como única alegria o despontar do ‘miúdo’ Rodrigo Mora (10 golos).
O terceiro posto significa o segundo ano fora do ‘top 2’, quase meio século depois (1975/76 e 1976/77), e ficar novamente sem o prestígio e os milhões da ‘Champions’, sendo que o quarto posto chegou a ser um cenário, valendo que o Sporting de Braga, o ‘rei dos pequenos’, fraquejou na parte final.
Dragões e ‘arsenalistas’ seguem para Liga Europa, enquanto o Santa Clara, superiormente conduzido por Vasco Matos, conquistou, à custa de uma final da Taça de Portugal entre Sporting e Benfica, a Liga Conferência, com o quinto lugar, superando sobre a meta o Vitória de Guimarães, apenas sexto.
Tranquilos, e muito positivos, foram os percursos do Famalicão (sétimo), apesar da mudança de treinador, e de Estoril Praia (oitavo) e Casa Pia (nono), que mantiveram Ian Cahtro e João Pereira, respetivamente, do princípio ao fim.
Por seu lado, Moreirense (10.º), Rio Ave (11.º) e Arouca (12.º) selaram o objetivo manutenção com a devida antecedência.
Gil Vicente (13.º), Nacional (14.º), com Tiago Margarido a ‘full time’, e Estrela da Amadora (15.º) tremeram, mas salvaram-se, enquanto o AVS (16.º) vai disputar um play-off com o Vizela, enquanto o histórico Boavista, campeão em 2000/01, caiu, junto com o Farense. Voltam Tondela e Alverca.
Quanto ao título, a prova só se decidiu na última ronda, e esse cenário não parecia nada provável nos primeiros compassos da competição, uma vez que o Sporting teve um começo arrasador, imparável, ameaçando transformar a prova num ‘passeio’.
Na ‘resposta’ a uma estranha derrota com o FC Porto na Supertaça (3-0 para 3-4), o conjunto comandado por Ruben Amorim ‘disparou’ 11 triunfos nas primeiras 11 jornadas, todos por mais de um golo, abrindo desde logo uma boa vantagem para a concorrência.
As derradeiras vitórias já aconteceram, porém, com Amorim a prazo, rumo ao Manchester United, e, com a saída do mentor, na sua quinta época em Alvalade, quarta de início, tudo mudou, até porque a passagem de João Pereira foi um desastre.
O presidente Varandas pensou que estava ali um novo Amorim, mas bem se enganou e bastaram quatro jornadas para despedir o ex-técnico da equipa B, já perdida a liderança para o Benfica, que trocara Roger Schmidt por Bruno Lage após quatro rondas.
Seguiu-se Rui Borges, recrutado ao Vitória após um excelente percurso na Liga Conferência, e o regresso à liderança, após uma estreia de sonho, com um triunfo por 1-0 sobre o Benfica.
O ex-técnico minhoto quis, depois, jogar à ‘sua’ maneira, abdicando do ‘3-4-3’ de Amorim, e as coisas não correram bem, com quatro empates cedidos, em sete jogos, o último, no reduto do AVS (2-2), já com o regresso a uma defesa a três.
Ainda assim, o Sporting voltou a oscilar e empatou em casa com o Sporting de Braga (1-1), perdendo a liderança, à 28.ª jornada - para um Benfica que a desperdiçou logo a seguir (2-2 com o Arouca) -, cenário que quase se repetiu à 32.ª, valendo, face ao Gil Vicente (2-1), um golo de Eduardo Quaresma, aos 90+3 minutos.
Com esse triunfo, os ‘leões’ foram em vantagem para o ‘jogo do título’ e, apoiados num golo madrugador de Francisco Trincão, conseguiram sair líderes da Luz, ainda que não campeões, pois Aktürkoglu empatou (1-1), após fantástica jogada de Pavlidis.
O avançado grego, autor de uma segunda volta de grande nível, com 15 tentos, ainda teve uma grande ocasião para dar vantagem ao Benfica, que vencendo por um seria líder e por dois campeão, mas o poste esquerdo negou-lhe o golo e, se calhar, o título.
O Benfica teve, assim, de contentar-se em ser ‘vice’ e seguir para a ‘Champions’, com Bruno Lage a não conseguir repetir a recuperação de 2018/19, apesar de, com ele, desde a quinta ronda, os ‘encarnados’ terem sido a equipa que somou mais pontos.
No final, repetiu-se a classificação de 2023/24, com o Sporting campeão, à frente de Benfica (segundo), FC Porto (terceiro) e Sporting de Braga (quarto). A primeira novidade foi o promovido Santa Clara, que acabou em quinto, deixando o Vitória de Guimarães (sexto) sem competições europeias.
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