João Pereira passa a ter o seu nome na lista dos treinadores campeões nacionais de futebol, mas, estatística à parte, a sua contribuição para o cetro do Sporting em 2024/25 foi ‘catastrófica’, mesmo durando muito pouco tempo.

Em quatro míseras jornadas, o técnico luso, de 41 anos, conseguiu destruir o legado de Ruben Amorim, ao somar apenas um triunfo, mais uma empate e duas derrotas, depois do trajeto perfeito do antecessor (11 vitórias, em 11 jogos).

Num ápice, João Pereira conseguiu a ‘proeza’ de perder a liderança da I Liga, pois chegou seis pontos à frente do FC Porto e oito do Benfica (então com menos um jogo), e saiu a um ponto dos ‘encarnados’ e com os mesmos dos ‘dragões’.

É impossível saber o que teria sido a época do Sporting se João Pereira tem continuado ao ‘leme’, mas, o que fica é um registo penoso, incluindo um negativo 4-5 em golos na I Liga, perante oponentes como Santa Clara, Moreirense, Boavista e Gil Vicente.

O ex-futebolista dos ‘leões’, e também do Benfica, foi o escolhido para substituir Ruben Amorim, numa troca que o presidente Frederico Varandas explicou, então, como natural e que apenas antecipava em “sete meses” o que já era previsto.

De acordo com o presidente do Sporting, João Pereira, que comandava a equipa B dos ‘leões’, estava a ser preparado para suceder a Amorim como novo treinador principal e, ao ex-lateral direito, Varandas antecipava um trajeto como o do antecessor.

“Não tenho muitas dúvidas de que daqui a quatro ou cinco anos estará num dos clubes mais poderosos da Europa”, anunciou o presidente, na altura de apresentação de João Pereira.

A equipa estava em ‘grande’, apesar de uma série de lesões, incluindo a de Pedro Gonçalves, que iriar estar vários meses afastado dos relvados, sendo que, em última instância, tinha sempre Gyökeres para resolver qualquer problema.

João Pereira estreou-se à 12.ª jornada e, perante si, tinha a oportunidade de fazer história, pois, ganhando, o Sporting iria conseguir o seu melhor arranque de sempre na prova, com 12 triunfos, superando os 11 de 1990/91, com Marinho Peres.

O cenário era o ideal, o Estádio José Alvalade, mas a formação ‘verde e branca’ fracassou, pois não só falhou o triunfo, e o recorde, como acabou derrotada pelo Santa Clara, que chegou ao triunfo com um golo de Vinícius (33 minutos).

A equipa que parecia indestrutível com Amorim, que dias antes goleara o ‘todo poderoso’ City, de Pep Guardiola, caia com ‘estrondo’ na estreia de João Pereira e os alarmes dispararam.

O novo técnico praticamente não mexeu na estrutura de Amorim, mas o ‘mestre’ já lá não estava e tudo era diferente, como se viu na ronda seguinte, a 13.ª, com o Sporting a perder novamente, desta vez com o Moreirense, em Moreira de Cónegos.

Os ‘leões’ até marcaram primeiro, de penálti, por Gyökeres, logo aos 12 minutos, que faziam prever o regresso à antiga normalidade, mas os locais empataram rapidamente, aos 19, por Dinis Pinto, e, após um lançamento lateral, deram a volta aos 35, com um tento de Guilherme Schettine.

Depois de dois desaires, o Sporting voltou aos triunfos à 14.ª ronda, mas o 3-2 ao Boavista, com um tento de Gyökeres e dois de Trincão, não tranquilizou Alvalade, onde os ‘axadrezados’ estiveram empatados a um e a dois golos.

A primeira vitória de João Pereira na I Liga acabou por ser também a última, já que o Sporting não foi, depois, capaz de vencer o Gil Vicente, em Barcelos, à 15.ª jornada. Perdida a liderança, em quatro jornadas, o presidente Frederico Varandas decretou o fim do trajeto do técnico.

“João Pereira experienciou, verdadeiramente, o que é a lei de Murphy (...) João Pereira não pôde ser João Pereira”, disse o líder dos ‘leões’, na hora do adeus, falando de “onda de lesões” nunca vista e “arbitragens extremamente infelizes”.

João Pereira, que estava destinado a altos voos, saiu pela ‘porta pequena’, mas, meses volvidos, também ele entra na lista dos treinadores campeões, depois de, como jogador, também ter sido campeão, por Benfica (2004/05) e Sporting (2020/21).