Rui Jordão, ex-avançado do Sporting e da Seleção de Portugal, morreu esta sexta-feira aos 67 anos. O antigo avançado dos 'leões' estava internado no Hospital de Cascais devido a um problema cardíaco.

Nas horas que se seguiram ao anúncio da morte de Jordão, muitos foram os que reagiram à notícia, entre antigos jogadores, treinadores e mesmo clubes.

O antigo médio internacional Toni, colega de Rui Jordão no Benfica e na seleção portuguesa, foi um dos primeiros a reagir à morte de um “homem bom” e de um jogador que “marcou o futebol português nas décadas de 70 e 80”.

“Era um jogador de grande qualidade com quem partilhei no Benfica e na seleção bons momentos. Deixa boas recordações. Como homem, era um homem bom, de valores e princípios. O futebol português perde um dos seus grandes vultos”, disse Toni, em declarações à Lusa.

“O Jordão marcou o futebol português nas décadas de 70 e 80. É uma dor imensa que sinto. Eu e todos aqueles que têm paixão pelo futebol, independentemente das cores clubísticas. É uma perda de um jogador fantástico e de um homem bom”, referiu o ex-futebolista.

“É uma hora de dor. Tinha falado com ele, sabia do seu estado. Sabia que estava muito debilitado, mas pensei que pudesse ultrapassar esta fase complicada que estava a viver”, concluiu Toni.

Também o treinador do Sporting de Braga, Ricardo Sá Pinto, antes de qualquer pergunta sobre o jogo da terceira eliminatória da Taça de Portugal, diante do Leça, no sábado, fez questão de "enviar as condolências à família do grande Rui Jordão".

"[Jordão era] uma referência para mim, uma pessoa afável e serena, simpática. Encontrávamo-nos esporadicamente, porque ele afastou-se um pouco do futebol, eu gosto imenso de arte e pintura, ele pintava, falávamos um pouco sobre isso e foi com grande tristeza que recebi esta notícia", afirmou.

Já o antigo internacional português Hilário, figura histórica do Sporting, manifestou-se “chocado” com a morte de Jordão, assinalando que o ex-futebolista “deixa saudades”.

“Foi um grande atleta e que deixa saudades. Estou muito chocado”, afirmou Hilário, atualmente com 80 anos, que terminou a carreira quando Jordão ainda representava o Benfica, em 1972/73.

O antigo defesa dos ‘leões’, lembrou Jordão como “grande jogador e homem” e salientou a passagem do antigo avançado não só pelo Sporting, mas também pelo Benfica, clube no qual foi igualmente uma “referência”.

 Na conferência de imprensa de antevisão da partida com o Coimbrões, para a Taça de Portugal, o treinador do FC Porto Sérgio Conceição também recordou Jordão, avançado que se habituou a "admirar no Sporting, mas também na seleção".
Já o ex-futebolista Augusto Inácio, amigo e colega de equipa de Jordão, considerou ter sido “um privilegiado” no convívio que manteve com o antigo avançado do Sporting, um “homem especial”.

“No dia-a-dia tinha um mundo muito próprio, muito dele, não deixava aproximar-se qualquer um (…) e eu era um dos privilegiados. Sempre nos demos bem, muitas vezes íamos jantar juntos, notava-se bem que era um homem especial, a abertura dele para fazer amigos tinha que ser com alguém de quem gostasse muito”, lembrou Inácio.

O antigo defesa e atual treinador lembrou que esteve há pouco mais de uma semana com Jordão, com o antigo jogador já hospitalizado, e que recebeu das suas mãos um livro de gravuras, ilustrativo da sua paixão pela pintura.

“Estava a dizer-me: olha o mundo onde estive depois do futebol. E fez-me uma dedicatória”, lembrou Inácio.

Nos relvados, Inácio, que coincidiu com Jordão na seleção e no Sporting, lembrou um jogador “ímpar no futebol português” e que abriu caminho na qualificação portuguesa para o Europeu de 1984, no qual haveria de ser “um dos melhores”.

“Marcou a diferença no futebol português, lembro bem o penálti contra a Rússia, no Estádio da Luz, que nos daria a qualificação para o Europeu de 1984. Estádio completamente cheio e ganhámos por 1-0 à Rússia e fomos ao Europeu. A frieza com que encarava as coisas”, assinalou.

Dias Ferreira, antigo candidato à presidência do Sporting, também lamentou a perda de um das lendas do clube de Alvalade.

"Tenho muita pena. Sempre fui muito amigo do Rui Jordão, sempre mantive contacto com ele na altura em que era jogador e mais recentemente como dirigente também. Foi um jogador extraordinário, um jogador que hoje seria daqueles que não teria preço", admitiu Dias Ferreira, em declarações ao SAPO Desporto.

O advogado revelou ainda que Rui Jordão "era um homem muito simpático, bem disposto e um artista plástico, que é algo que muita gente não sabe. Sempre foi um homem muito engraçado, que se afastou um pouco do futebol e se calhar com alguma razão. Partiu relativamente cedo das nossas vidas e nossos olhares, mas fica sempre na nossa memória como um atleta que serviu de forma exemplar o Sporting, que foi um grande jogador, a chamada 'gazela'. Foi realmente um jogador extraordinário que serviu também o Benfica, a seleção nacional e outros clube como o Saragoça."

"Um jogador especial" e "um verdadeiro campeão"

Também o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, lamentou a morte do ex-avançado, "um jogador especial", que deixou um "legado de resiliência".

Em mensagem publicada na página oficial da FPF na internet, Fernando Gomes diz que "foi com enorme tristeza" que recebeu a notícia da morte do antigo jogador.

"Jordão foi um jogador especial, uma figura ímpar que prestigiou todos os portugueses e nos fez arrancar aplausos e emoções fortes", considerou Fernando Gomes, dizendo que o avançado marcou o futebol luso "de forma indelével".

O presidente da FPF lembrou ainda a importância de Jordão no caminho para o Euro84 e a campanha lusa na fase final do torneio, em França, que "fez vibrar todo o país e foi digna de um verdadeiro campeão".

"À sua elegância e delicadeza em campo, Jordão deixa-nos igualmente um legado de resiliência e grande dignidade na sua vida pessoal", lê-se ainda na mensagem.

“A Federação Portuguesa de Futebol vai homenagear o antigo internacional português Rui Jordão, decretando um minuto de silêncio em sua memória nos jogos da sua tutela, agendados para este fim de semana”, indica ainda a FPF na Internet.

A Liga de Clubes foi outro dos organismo a reagir à notícia. Na nota publicada no sítio oficial na Internet, o organismo que tutela o futebol profissional em Portugal lembrou a carreira do antigo avançado.

“A Liga Portugal lamenta, profundamente, o desaparecimento de Rui Manuel Trindade Jordão, antigo jogador de Benfica, Vitória [de Setúbal], e ‘glória’ do Sporting”, indica a LPFP.

Já Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) lembrou que, nos anos 70 e 80, o antigo avançado “ajudou a elevar o futebol português para um patamar superior”.

“Na memória de todos, fica o jogador e o seu fantástico percurso desportivo, mas também o homem que ajudou a elevar o futebol português para um patamar superior. Na minha, em particular, fica aquele golo, de antologia, no Euro84, como que a antecipar a carreira criativa a que se viria a dedicar”, lê-se no comunicado da SJPF, assinado pelo presidente Joaquim Evangelista.

“Vi-o, pela última vez, na tribuna do Sporting onde regressou pela mão do amigo Manuel Fernandes. Jordão foi verdadeiro, amigo do amigo, distinto, um rasgo de inspiração no quotidiano desportivo”, considerou Evangelista.

"Atleta de eleição" e um "nome incontornável" no futebol português

Também os clubes que Jordão representou reagiram à sua morte.

“Em meu nome pessoal e do Sport Lisboa e Benfica expresso o mais profundo pesar pelo triste falecimento de Rui Jordão. Atleta de eleição, que vestiu a camisola do Benfica durante cinco épocas, deixa em todos uma enorme saudade”, refere Luís Filipe Vieira, em nota publicada no site oficial do clube.

Na mesma mensagem, o responsável máximo dos ‘encarnados’ endereçou condolências à família do antigo jogador e ao Sporting, clube que Jordão também representou e do qual é um dos maiores símbolos.

Já no site dos leões pode ler-se que “é com pesar e muita tristeza que o Sporting Clube de Portugal anuncia o falecimento de um dos maiores nomes da história do clube, Rui Jordão, aos 67 anos de idade”.

“O ex-avançado verde e branco vai ficar na memória de todos os sportinguistas como um atleta de excelência que deixou tudo em campo com o objetivo de engrandecer o nome do Sporting. É um nome incontornável na história do Sporting e do futebol português”, considerou o emblema lisboeta.

“Foi um dos melhores avançados da história do Sporting, tendo marcado 186 golos em 286 jogos, formando com Manuel Fernandes uma dupla temível e inesquecível para quem os viu jogar semana após semana”, recordou o clube de Alvalade.

Também o FC Porto deixou uma mensagem de homenagem ao antigo jogador. Os dragões recordaram os "duelos inesquecíveis que ficarão para sempre na nossa memória. Descansa em paz Rui Jordão", lê-se numa mensagem dos 'dragões' na rede social Twitter, acompanhada de uma fotografia do antigo avançado, com a camisola do Sporting, num encontro com o FC Porto.

Saragoça recordou a temporada 1976/77, durante a qual o ex-internacional português representou o clube espanhol.

“O Real Saragoça quer transmitir condolências pelo falecimento (...) do ex-jogador Rui Manuel Trindade Jordão, que representou a equipa aragonesa na temporada 1976/77. O clube expressa os pêsames aos familiares do antigo futebolista. Que descanse em paz”, assinala a nota divulgada no site oficial do emblema espanhol.

Por fim, também o Vitória de Setúbal, o último clube de Jordão, mostrou a sua tristeza pela morte do jogador. "O Vitória Futebol Clube manifesta o seu pesar pela morte de Rui Jordão. Representou o clube entre 1987 e 1989, tornando-se para sempre um dos nossos", lê-se numa mensagem publicada na rede social Facebook.

Os melhores momentos

O antigo avançado dos 'leões' o foi melhor marcador do campeonato português nas épocas 1975/76 e 1979/80, tendo conquistado seis títulos de campeão nacional, três Taças de Portugal e uma Supertaça portuguesa.

Recorde alguns dos momentos do goleador 'leonino'.

Veja aqui o vídeo