O FC Porto não apresentou os resultados do primeiro semestre de 2023/24 em dezembro de 2023, como prometera. A 04 de dezembro, os azuis e brancos enviaram um comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a explicar que projetavam obter resultados financeiros "francamente positivos em 31 de dezembro", que iriam "melhorar substancialmente" os capitais próprios negativos, fixados nos 176 milhões de euros negativos.

"A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, nos termos do artigo 29º Q do Código dos Valores Mobiliários, vem informar o mercado que prevê obter resultados francamente positivos em 31 de dezembro de 2023 e em consequência disso, aliado a outras operações que estão em curso, vir a melhorar substancialmente os capitais próprios da Sociedade, não podendo, no entanto, assegurar que estes serão já positivos a essa data.

Mais informa que esta sociedade se encontra em negociações com uma reputada empresa internacional, com reconhecida experiência na otimização das receitas comerciais relacionadas com grandes equipamentos desportivos, com vista à assinatura de um contrato de parceria com este objeto. Estando ainda em sede de negociação os contornos específicos da parceria, a mesma será consubstanciada na participação minoritária numa das empresas com os direitos comerciais do Grupo FC Porto e num investimento inicial com vista a modernizar o Estádio do Dragão e assim potenciar as receitas com ele relacionadas", detalhava, na altura, a SAD azul e branca.

O tema tinha sido comentado pelo presidente dos dragões, Jorge Nuno Pinto da Costa, numa entrevista ao canal televisivo SIC, em 22 de novembro, quando o dirigente fixou a meta de "apresentar lucro e ter capitais próprios positivos" ou perto disso em dezembro de 2023.

Dias antes da entrevista, a FC Porto SAD tinha anunciado a assinatura de um acordo válido por 15 anos com a companhia norte-americana Legends para a exploração comercial do Estádio do Dragão, no Porto, sem que nenhuma das partes tivesse divulgado as verbas envolvidas.

“Estando ainda em sede de negociação os contornos específicos da parceria, a mesma será consubstanciada na participação minoritária numa das empresas com os direitos comerciais do Grupo FC Porto e com um investimento inicial, de forma a modernizar o estádio e potenciar as receitas com ele relacionadas”, explicaram os ‘dragões’ à CMVM.

A Legends ficou responsável por procurar parcerias em todo o mundo para o FC Porto, bem como patrocínios e naming para o Estádio do Dragão.

No entanto, ao quarto dia do novo ano de 2024, o emblema azul e branco ainda não divulgou qualquer relatório relativo às contas dos primeiros seis meses da atual época.

Sem conhecimento sobre os montantes envolvidos nas "outras operações que estão em curso" envolvendo a SAD azul e branca, muito dificilmente o FC Porto terminará o primeiro semestre desportivo com capitais próprios positivos, como o próprio Pinto da Costa tinha admitido, na entrevista à SIC, a 22 de novembro.

Mesmo com a contabilização das verbas de transferências e ainda com o dinheiro da Champions, num ano em que o clube azul e branco conseguiu a terceira maior receita de sempre na liga milionária.

No próximo Relatório e Contas dos primeiros seis meses da época do FC Porto, já entrará a mais valia de 45 milhões de euros resultantes da venda de Otávio (60 ME para o Al Nassr), e ainda o 63 milhões de euros já ganhos na Champions, prova onde os dragões continuam (defrontam o Arsenal nos oitavos de final).

De recordar ainda que o FC Porto só apresentou o Relatório e Contas do primeiro semestre de 2022/23 no dia 01 de março de 2023. Na altura, o clube anunciou um resultado negativo de 9,891 milhões de euros (ME), abaixo dos 10,329 ME obtidos no período homólogo de 2021/22. Nesse relatório, o clube tinha anunciado que os capitais próprios tinham um valor negativo de 122,028 ME, superior aos 111,668 ME calculados a meio de 2022. Neste momento estão fixados nos 176 milhões de euros negativos.

Na época 2022/23 o FC Porto apresentou prejuízos de 47,627 milhões de euros, nestes que foi o terceiro pior resultado de sempre dos azuis e brancos. Um resultado explicado pela "inexistência de mais valias vendas de direitos desportivos de jogadores relevantes no período em análise". Nessas contas que fecharam a época passada, não foi contabilizada a venda de Otávio, que entrará no próximo Relatório e Contas referente ao primeiro semestre desta época 2023/24.

Na altura da apresentação dos resultados, Fernando Gomes, administrador do clube para a área financeira garantiu que o clube iria cumprir o fair-play da UEFA.

"Não está em causa, de nenhuma forma, qualquer espécie de fair-play financeiro na qual o FC Porto possa incorrer. Não há qualquer perigo de regressarmos ao fair-play financeiro", assegurou o administrador.

A 14 de junho de 2023 a UEFA confirmou que o FC Porto tinha cumprido, na época 2022/23, os objetivos do acordo de fair play financeiro estabelecido com o organismo que rege o futebol europeu. O clube azul e branco estava sob controlo financeiro da UEFA desde 2017.