O FC Porto apresenta, no primeiro semestre do exercício de 2023/2024, um resultado positivo de 35 milhões de euros e capitais próprios ainda negativos, nos 8,5 ME, mas que os responsáveis disseram hoje serem positivos brevemente.

Este resultado não inclui ainda os 9,6 ME relativos ao prémio de acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões, uma vez que, dando cumprimento às normas internacionais de contabilidade (IFRS), só será possível contabilizar esta receita no terceiro trimestre.

O administrado responsável pela área financeira da SAD do FC Porto, Fernando Gomes, destacou a “particular importância” que assumem as contas em relação a anos anteriores, atendendo ao contexto pré-eleitoral, para que “não sirvam de arma de arremesso para descredibilizar” a atual direção.

Fernando Gomes lançou algumas farpas ao candidato André Villas-Boas e negou que o FC Porto tenha antecipado 15 anos de receitas e esteja a transacionar os direitos televisivos para além de 2028, referindo que “tal não é possível” e que o clube “antecipou dois anos e que ainda tem um livre”.

“Não há aqui contabilidade criativa nem antecipação de receitas. Mandaram-se atoardas que não fazem nenhum sentido”, disse o administrador financeiro Fernando Gomes, que destacou a melhoria substancial dos capitais próprios do FC Porto.

Fernando Gomes explicou ainda as dificuldades sentidas com a antecipação dos pagamentos relativos a Otávio, que se transferiu para o Al Nassr, da Arábia Saudita, e a entrada de um novo parceiro de negócios para a gestão e exploração do Estádio do Dragão.

“[Otávio] foi vendido por 60 ME. As condições de pagamento eram: 20 ME na assinatura, foi cumprido, 20 ME a pagar a 01 de julho de 2024, e 20 ME em 01 de julho de 2025. Na altura, consultámos os principais parceiros internacionais em matéria de financiamento e foi-nos dito que não haveria dificuldades no desconto da operação”, referiu.

Fernando Gomes explicou que quando o FC Porto necessitou de antecipar os 40 ME que faltavam para ocorrer a despesas nesta época, para o clube ter liquidez, essa operação não foi possível de concretizar devido a deficiente organização na estrutura financeira do Al Nassr.

“Contra todas as expectativas isso não se conseguiu. Tivemos que ir atrás da correção desta falta de liquidez prevista no planeamento financeiro. O que tínhamos à mão eram os direitos televisivos, fomos buscar os direitos de dois anos”, adiantou.

Fernando Gomes revelou ainda a criação de uma sociedade para a exploração da área comercial do Estádio do Dragão, que será uma espécie de segunda Porto Comercial, cujo nome será oportunamente divulgado, com o mesmo grupo que negociou com os colossos espanhóis Real Madrid e FC Barcelona.

De acordo com o administrador, a nova empresa é constituída por 70% do FC Porto e 30% dos novos parceiros, que entram na sociedade com 60/70 ME. Esse valor entra nos cofres do clube já em junho e vai direto ao capital próprio.

“Em 01 de julho de 2024, logo no primeiro ano de atividade [da nova parceria] os resultados garantem que 70 por cento do valor absoluto é maior que os 100 por cento que receberíamos”, adiantou Fernando Gomes.

Os proveitos operacionais excluindo os passes dos jogadores, atingem agora os 108 ME, crescendo assim cerca de 5 ME relativamente ao primeiro semestre de 2022/23, com especial aumento em várias rubricas, particularmente nas provas da UEFA.

Os custos operacionais, excluindo custos com passes, diminuíram aproximadamente 6 ME, que assentam no decréscimo dos custos com pessoal, pelo facto de o período homólogo ter incluído a atribuição de um prémio de acesso à Liga dos Campeões.

Os resultados com cedências de passes de jogadores voltaram a ter a habitual preponderância nos resultados do grupo, contribuindo com 39 ME para o resultado deste primeiro semestre de 2023/24.

Os resultados operacionais são assim positivos em 52 ME, o que representa um acréscimo relativamente ao alcançado no primeiro semestre de 2022/23, que foi de 1,4 ME.

O ativo, que se situa nos 504 ME em 31 de dezembro de 2023, reflete um aumento global de 148 ME face a 30 de junho, principalmente devido ao incremento nos ativos fixos tangíveis, justificado pelo registo da avaliação do valor de mercado dos ‘cash-flows’ gerados pelo Estádio do Dragão (279 ME).

O passivo, mesmo tendo em consideração o impacto da contabilização dos impostos diferidos referentes à reavaliação da exploração do estádio, de 35 ME, diminuiu 20 ME. Esta redução assenta essencialmente na diminuição do valor global dos empréstimos, em 85 ME.

Juntando o efeito da reavaliação do valor de mercado do estádio aos resultados apresentados ao semestre, o capital próprio consolidado do FC Porto recuperou 167,5 ME, atingindo em 31 de dezembro de 2023 o valor negativo de 8,5 ME.