A direção do Desportivo das Aves mostrou-se hoje disponível para suportar as despesas associadas à visita do lanterna-vermelha da I Liga de futebol ao Portimonense, em 26 de julho, num jogo da 34.ª e última jornada.

“O CD Aves, na pessoa do presidente António Freitas, prontifica-se a assumir todas as despesas de deslocação e alojamento para que a equipa profissional tenha condições de marcar presença em Portimão e possa representar com brio e profissionalismo o emblema, salvaguardando a verdade desportiva e defendendo o futebol português”, lê-se em comunicado publicado no sítio oficial dos nortenhos na Internet.

A acionista maioritária da Galaxy Believers, empresa que gere o futebol profissional do Desportivo das Aves, Estrela Costa, assumiu hoje à agência Lusa que o clube não iria deslocar-se a Portimão, argumentando que “não estão reunidas as condições para salvaguardar a verdade desportiva e a transparência na luta pela permanência na I Liga”.

“Foi com enorme surpresa que recebemos esta informação através da imprensa. O CD Aves demarca-se totalmente desta decisão e considera deploráveis e descabidas as razões apontadas para esta tomada de posição, que em nada defende a verdade desportiva”, prossegue a nota dos avenses, que controlam 10% do futebol profissional.

Temendo “não reunir jogadores suficientes e que garantam uma equipa competitiva” frente aos algarvios, em virtude das “rescisões quase diárias, outras iminentes e jogadores do plantel com vários meses de salários em atraso”, a administração liderada pelo chinês Wei Zhao pediu à Liga de clubes que “os pontos do jogo não sejam atribuídos”.

“Condenamos veementemente a posição intransigente da SAD, que apresenta exigências inviáveis e torna impossível um consenso, apesar de todos os esforços desta direção. Acreditamos no profissionalismo dos atletas - privados de salários e condições de trabalho há meses -, colocado em causa nas entrelinhas da nota enviada à imprensa”, aponta.

De acordo com o artigo 16.º do Regulamento de Competições da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), a “falta de comparência não justificada de um clube a jogo oficial de uma competição por pontos determina, nos termos previstos no Regulamento Disciplinar, a atribuição ao clube adversário dos três pontos correspondentes à vitória”.

A ausência “em algum dos três últimos jogos de uma competição a disputar por pontos” determina, segundo o artigo 76.º do Regulamento Disciplinar da LPFP, a “sanção de derrota no jogo ao clube que não compareceu e subtração de todos os pontos até então obtidos”, à qual se pode agregar uma coima de 250 a 500 unidades de conta (UC).

“Sentimo-nos envergonhados com a gestão completamente danosa e amadora praticada por esta sociedade anónima desde há meses a esta parte, com a conivência da anterior direção do CD Aves - que assistiu de forma passiva ao arrastar desta situação extrema -, desrespeitando a história e os valores do clube com quase 90 anos de história”, termina.

O plantel orientado por Nuno Manta Santos prepara a receção ao Benfica, segundo classificado, na terça-feira, às 21:15, de encerramento da 33.ª e penúltima ronda, que assinalará o fim de um ciclo inédito de três épocas seguidas dos avenses na elite do futebol nacional, intercaladas com a conquista da Taça de Portugal, em 2017/18.

Cinco dias depois, o lanterna-vermelha deveria enfrentar o Portimonense, 16.º colocado e primeiro clube acima da zona de despromoção, com os mesmos 30 pontos de Vitória de Setúbal, 17.º e penúltimo, e Tondela, 15.º, envolvidos numa fuga à descida, que ainda engloba o Belenenses SAD (14.º, com 32 pontos) e o Paços de Ferreira (13.º, com 35).

O recuo da SAD originou reuniões nas últimas horas com a Liga de clubes e o clube, depois de ter visto o defesa internacional angolano Jonathan Buatu, cedido pelo Rio Ave desde janeiro, tornar-se o sétimo atleta a justificar a desvinculação dos nortenhos com sucessivos incumprimentos salariais, verificados desde dezembro de 2019.

O guarda-redes francês Quentin Beunardeau e o avançado brasileiro Welinton Júnior entregaram pedidos de rescisão em abril, em plena pausa competitiva motivada pela pandemia de covid-19, enquanto os médios Aaron Tshibola, Estrela e Pedro Delgado e o avançado Kevin Yamga consumaram as respetivas saídas na semana passada.

A SAD do Desportivo das Aves foi absolvida em 30 de junho da acusação de incumprimento salarial com jogadores e treinadores entre dezembro e março, mas aguarda pela resolução de outro processo idêntico, assente na ausência de documentos comprovativos quanto à regularização dos vencimentos dos meses de março e abril.

O assunto foi remetido da LPFP para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol em 09 de junho, podendo custar uma penalização de dois a cinco pontos, face aos 17 somados em 32 jornadas pelos nortenhos, que confirmaram a despromoção à II Liga em 29 de junho.

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