As alegações finais do julgamento da invasão à Academia Sporting, em Alcochete, começaram esta quarta-feira no tribunal de Monsanto, fase em que Ministério Público e advogados dos arguidos apresentam os derradeiros argumentos ao coletivo de juízes, presidido pela juíza Sílvia Pires os derradeiros argumentos.

A Procuradora do Mistério Público reconheceu não ter ficado provado o envolvimento do ex-presidente dos 'leões', Bruno de Carvalho, nem dos outros dois arguidos acusados de co-autoria moral do ataque, Nuno Mendes (Mustafá) e Bruno Jacinto, pedindo portanto a sua absolvição, mas considerou ter ficado provado que 41 dos 44 arguidos do processo entraram na academia do clube, em 15 de maio de 2018, pedindo penas máximas de cinco anos para 37 deles.

O julgamento do ataque à Academia Sporting, em Alcochete, arrancou a 18 de novembro do passado ano. Ao longo de 35 sessões foram ouvidas 65 testemunhas de acusação e 90 de defesa. Dos 44 arguidos do processo, 22 prestaram declarações. Bruno de Carvalho, presidente do clube à data dos factos, Nuno Mendes, conhecido como ‘Mustafá’, líder da claque Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, estavam acusados da autoria moral de 40 crimes de ameaça gravada, 19 crimes de ofensas à integridade física qualificadas e por 38 crimes de sequestro.

Ataque a Alcochete: Uma cronologia dos acontecimentos que levaram Bruno de Carvalho (e não só) ao banco dos réus
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Os restantes 41 arguidos tinham entrado para o julgamento acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Eis a cronologia dos principais momentos vividos em tribunal desde o arranque do julgamento até ao primeiro dia das alegações finais:

18 de novembro de 2019
Arrancava, no Tribunal de Monsanto, o julgamento do Ataque à Academia do Sporting, em Alcochete. Ficava a saber-se que Bruno Jacinto, único dos arguidos a prestar depoimento nesse primeiro dia, informara André Geraldes da ida da claque à Academia, mas que omitiu essa informação à PSP.

No final dessa primeira sessão, Bruno de Carvalho e outros 19 arguidos foram dispensados de marcar presença em todas as sessões do julgamento. O advogado do ex-presidente do Sporting alegou que este não teria um meio de transporte para se deslocar ao tribunal e que a ocupação de Bruno de Carvalho lhe tomava quatro horas por dia, duas de manhã e duas à tarde, impedindo-o de se deslocar a Monsanto.

19 de novembro de 2019
O primeiro agente da GNR a chegar ao local revelava que vira "manchas vermelhas que pareciam sangue" à chegada à Academia.

25 de novembro de 2019
Um militar da GNR relatava em tribunal que os "jogadores estavam em pânico, revoltados e a falar todos ao mesmo tempo".

28 de novembro de 2019
O Sporting pedia para reagendar as audições aos seus jogadores no julgamento e para que estes fossem ouvidos por videoconferência.

2 de dezembro de 2019
O diretor de segurança e operações do Sporting na altura do ataque à Academia de Alcochete, Ricardo Gonçalves, informava que Bruno de Carvalho "quis saber quem estava com ele, acontecesse o que acontecesse".

4 de dezembro de 2019
Raúl José, adjunto de Jorge Jesus na altura do ataque, confessa que pensou que "não iriam sobreviver" e deixava no ar que a mudança da hora do treino fora "sugestão" de Bruno de Carvalho.

No mesmo dia, Nélson Pereira, treinador de guarda-redes, afirmava que o seu carro "foi atingido com um cinto e tochas, o arranjo foram três mil euros"

9 de dezembro de 2019
Luís Maximiano, o primeiro jogador a ser ouvido, recordava as ameaças escutadas no momento da invasão: "Não ganhem domingo, que vocês vão ver".

10 de dezembro de 2019
Depôs Bruno Fernandes, que viu "Jesus com sangue na boca" e Bas Dost a levar pontos: "Temi pelos meus familiares", confessou o médio internacional português.

16 de dezembro de 2016
"Desataram aos socos e pontapés". Palhinha descrevia um cenário de terror durante o ataque a Alcochete na 13.ª sessão do julgamento.

17 de dezembro de 2016
O antigo diretor de operações do Sporting, Vasco Santos, recordou uma reunião “tensa” na sede da Juventude Leonina, a 07 de abril, na qual Bruno de Carvalho terá afirmado dito aos adeptos "façam o que quiserem".

Ainda no mesmo dia, Marcos Acunã prestava depoimento e Acuña confessava: "Disseram que me iam matar e que sabiam onde era a escola dos meus filhos", enquanto o compatriota Battaglia assumia ainda recear que ataque voltasse a acontecer.

6 de janeiro de 2020
O guarda-redes Rui Patrício foi o primeiro a depor na primeira sessão do novo ano. lembrando que os invasores "vinham no corredor a gritar: vamos matar-vos!".

7 de janeiro de 2020
Num dos depoimentos mais aguardados, Jorge Jesus relatou: "Deram-me com um cinto na cara. Parecia um filme de terror". O antigo treinador dos 'leões' recordou ainda algumas trocas de palavras com Bruno de Carvalho e acusou-o de ser o responsável pela mudança da hora do treino no dia do ataque.

8 de janeiro de 2020
Mário Monteiro, antigo preparador físico do Sporting, recordava palavras de Bruno de Carvalho sobre a Taça de Portugal: "Isso é como ter um furunculo no rabo".

31 de janeiro de 2020
Em tribunal, William Carvalho afirmou que Bruno de Carvalho pediu para "ameaçar os jogadores e partir-lhes os carros"

Ainda no mesmo dia, na 24ª sessão do julgamento, noutro depoimento muito aguardado, o antigo 'team manager' do Sporting, André Geraldes, confirmou que o ex-presidente Bruno de Carvalho disse aos elementos da claque Juventude Leonina “façam o quiserem” quando estes mostraram descontentamento com a prestação da equipa de futebol e lembrou que o antigo presidente "era uma pessoa próxima das claques e estava a ser pressionado por ela".

5 de fevereiro de 2020
Rafael Leão, um dos jogadores que rescindiu contrato com os 'leões' após a invasão à Academia, identificava em tribunal um dos invasores e recordava as ameaças: "Vamos matar-vos. Vão morrer hoje"

7 de fevereiro de 2020
Na 27.ª sessão do julgamento foi a fez de prestar depoimento o atual presidente do Sporting, Frederico Varandas, na altura médico do clube. Varandas recordou o pânico dos jogadores, que recusavam regressar à Academia, e o momento em que teve de se desviar de uma tocha.

12 de fevereiro de 2020
Noutro dos depoimentos mais aguardados, Bas Dost recordava o dia do ataque. O ponta de lança holandês disse que chegou a perder os sentidos por cinco segundos, que chegou a sangrar abundantemente e falou do medo que sentiu.

19 de fevereiro de 2020
O arguido Rúben Marques assumia ter batido com um cinto na cabeça de Bas Dost

26 de fevereiro de 2020
'Mustafá', líder da Juve Leo, afirmava em tribunal que na reunião com Bruno de Carvalho na 'casinha' só graças a si o presidente não acabou agredido.

28 de fevereiro de 2020
Na derradeira sessão Bruno de Carvalho, o último arguido a depor, recordava os diversos eventos que conduziram ao ataque à Academia, entre acusações a Jorge Jesus e William Carvaho e várias frases irónicas.

11 de março de 2020
Nas suas alegações finais, a procuradora do Ministério Público, Fernanda Matias, reconhecia não ter ficado provado que o antigo presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, fosse o autor moral do ataque à Academia, ilibando também Nuno Mendes (Mustafá) e Bruno Jacinto e pedindo, portanto, a absolvição dos três, mas pedia penas até cinco anos para 38 dos restantes 41 arguidos.

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