Carlos Vieira, vice-presidente da Direção do Sporting, foi ouvido hoje como testemunha no julgamento da invasão à academia do Sporting, em Alcochete, que está a decorrer no tribunal de Monsanto, em Lisboa.

"Essa reunião foi convocada para saber, depois do péssimo resultado da véspera, se tínhamos chegado ao fim da linha ou se a equipa técnica tinha condições para dirigir a equipa na final da Taça", começou por revelar Carlos Vieira.

O antigo dirigente dos leões admitiu que "houve a percepção de que a equipa técnica não se manteria na época seguinte. Ficou no ar a ideia de uma eventual rescisão de contrato, a ser tratada entre advogados."

"Lembro-me de Jorge Jesus ter dito: 'Se é para ir embora, vou já embora'. Naquele dia não houve despedimento, era preciso uma proposta de rescisão, um acordo. Era uma decisão com grande impacto financeiro, 8 milhões de euros brutos", revelou Carlos Vieira.

O ex-vice-presidente do Sporting esclareceu ainda que "o que estava decidido era que a equipa técnica não continuava na época seguinte. Para aquela semana, não estava decidido. Ficou combinado que seria melhor que o treino passasse para a tarde, por causa dos contatos entre advogados, que ocorreriam entre a noite desse dia ou e a manhã do dia seguinte".

Quanto ao desentendimento com os adeptos leoninos no aeroporto da Madeira, Carlos Vieira lembrou que "pode não ser normal, mas é algo que acontece". Em relação à reunião entre Bruno de Carvalho e os jogadores, o antigo 'vice' referiu que o presidente "perguntou a Acuña por que tinha mandado 'bocas' aos 'hinchas'".

"Não tivemos nenhuma indicação dos responsáveis de segurança de que iria acontecer alguma coisa fora do normal", revelando ainda que "Bruno de Carvalho disse aos jogadores que se sentissem ameaçados que ligassem para ele ou para o André Geraldes", mas que "nada indiciava" o que estava prestes a acontecer.

Ao longo do julgamento, que começou em 18 de novembro de 2019 e decorre no tribunal de Monsanto por questões de logística e segurança, já foram ouvidas mais de 60 testemunhas.

O processo tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Bruno de Carvalho, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes.