Bruno Paixão garante que nunca foi corrompido pelo Benfica ou por outro clube. O antigo árbitro é suspeito de ter, alegadamente, recebido milhares de euros do Benfica através de uma empresa de José Bernardes, arguido do processo 'Saco Azul'. Numa entrevista ao jornal 'Expresso', Bruno Paixão explicou como contactou José Bernardes.

"Investi nos cursos da ISO 9001 [certificados de qualidade] como consultor. Distribuí currículos por várias pessoas e a dada altura, em 2013, sou contactado pelo José Bernardes para uma entrevista. Apresentou-me a empresa informática, a Best For Business, que na altura era em Miraflores. Era uma boa oportunidade para me lançar na área da qualidade, certificando as empresas do Magnetic Group. Fiz um contrato de trabalho de nove meses, como consultor de qualidade, entre novembro de 2013 e agosto de 2014", contou ao 'Expresso.

"Da única vez que me aliciaram, denunciei o caso à PJ e acabou tudo arquivado", concluiu o antigo árbitro.

Na mesma entrevista, Bruno Paixão assegurou estar "falido" e diz estar à vontade para que as autoridades judiciais e policiais "levem o computador pessoal para análise".

Sobre os alegados pagamentos fictícios, alega que apenas teve de "cumprir um contrato".

A TVI noticiou na última segunda-feira, 14 de fevereiro, que as perícias financeiras efetuadas pela Polícia Judiciária e o Ministério Público a uma empresa que, alegadamente, recebeu cerca de 1,9 milhões de euros do clube por serviços de consultoria fictícios, encontrou pagamentos efetuados ao árbitro Bruno Paixão, que já terminou a carreira.

Bruno Paixão admitiu à TVI que recebeu dinheiro, mas esclareceu que tal se deveu a um “serviço de controlo de qualidade” à empresa em causa, garantindo que não foi contactado pelas autoridades.

Num comunicado assinado pela equipa de advogados da Benfica SAD - Rui Patrício, Paulo Saragoça da Mata e João Medeiros – o clube esclarece que não foi confrontando com factos relacionados com Bruno Paixão.

“No âmbito do referido processo nunca a Benfica SAD ou os seus representantes legais foram confrontados com quaisquer factos que envolvessem o nome do senhor Bruno Paixão e/ou quaisquer acusações de corrupção desportiva”, refere.

Segundo o comunicado divulgado, os ‘encarnados’ salientam ainda que já foi efetuado um “pedido de aceleração processual por parte da Benfica SAD”.

“Tanto quanto é do conhecimento da Benfica SAD, no processo em causa as diligências de inquérito foram já concluídas, aguardando o processo apenas o despacho final que põe termo ao inquérito”, acrescenta.

Sobre a factualidade objeto de investigação no processo, o Benfica explica que os seus representantes legais apenas foram confrontados “exclusivamente por factos respeitantes a indícios de fraude fiscal, tendo o Ministério Público abandonado a tese inicial de branqueamento de capitais”.

No processo 'Saco Azul', em curso desde 2018, Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, foi constituído arguido, a par do administrador da SAD Domingos Soares de Oliveira, tendo em conta alegados crimes de fraude fiscal suscitados numa investigação da Autoridade Tributária.