Emoção do princípio ao fim, espetáculo, incerteza no resultado, alternâncias no marcador, jogo disputado a uma velocidade alucinante e oito golos, alguns deles verdadeiros golaços. Para o espectador comum, o primeiro jogo de 2025 da I Liga terá sido delicioso. Depois do nevoeiro na Choupana horas antes, nada melhor, para compensar, do que o espetáculo a que se assistiu no Estádio D. Afonso Henriques.
Mas, para os dois treinadores, não terá sido bem assim. Sabe-se que, por norma, os treinadores não gostam de jogos destes, emocionantes, é certo, mas pouco racionais e algo erráticos. E num jogo tão especial para ambos - Rui Borges regressava a Guimarães pouco tempo depois de rumar a Alvalade, Daniel Sousa, seu substituto no Vitória, estreava-se diante dos seus adeptos - os dois têm razões para se lamentarem.
Do lado do Sporting, Rui Borges viu a sua equipa entrar com tudo e estar na frente do marcador com uma vantagem de 3-1 à passagem da hora de jogo para, de repente, se ver a perder por 4-3. Do lado do Vitória, Daniel Sousa viu a sua equipa - depois de virar de forma extraordinária o resultado - deixar fugir o triunfo mesmo ao cair do pano pelo segundo jogo consecutivo.
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O jogo: Obrigado pelo espetáculo. Assim vale a pena
Com o mesmo onze inicial que tinha apresentado na vitória sobre o Benfica, o Sporting entrou em campo com tudo. Marcou cedo por Gyokeres, numa bonita jogada coletiva, ameaçou o segundo, deixou-se empatar num grande livre de Tiago Silva, mas não demorou a voltar à liderança, uma vez mais com Quenda (que já tinha feito a assistência para o 1-0) a assistir Gyokeres para o 2-1.
O ritmo abrandou um pouco - não muito - e o resultado não mexeu mais no primeiro tempo. Mas mexeu no início do segundo, com Gyokeres - melhor marcador de 2024 a nível mundial - a entrar em grande em 2025 e a chegar ao hat-trick, desta feita assistido por Maxi Araújo, que entretanto tinha saltado do banco.
Com o Sporting a vencer por 3-1 pensou-se que tudo estava decidido. Mas não. Longe disso. Incrivelmente, o Vitória não baixou os braços. Daniel Sousa mexeu na equipa e aos 69 minutos Arcanjo, entrado poucos minutos antes, cruzou atrasado para Kaio César reduzir com um golo de belo efeito. O D.Afonso Henrique voltou a despertar, o Sporting tremeu e o 3-3 chegou aos 82 minutos. Novo cruzamento de Arcanjo, de Michel à trave e João Mendes acaba por atirar para dentro.
Adeptos vimaranenses ao rubro, jogadores do Sporting completamente perdidos e 4-3 para o Vitória volvidos apenas dois minutos. Outra vez Arcanjo cruzar, desta feita de livre, para o segundo poste e Michel a ganhar a frente a Matheus Reis e de cabeça a encostar para o 4-3. Uma vez mais, pensou-se que tudo estava resolvido, agora a favor da turma da casa, com o Sporting a reagir mais com o coração do que com a cabeça. Até que, no último suspiro, Francisco Trincão, com um fantástico remate de pé esquerdo, pleno de classe, fixou o 4-4 final.
O momento: Kaio César relança o Vitória no jogo
Minuto 69: Arcanjo foge a Matheus Reis na direita do ataque do Vitória SC, cruza atrasado e Kaio César, vindo de trás, com um remate de primeira, fuzila Franco Israel e reduz para 2-3, num golo de belo efeito. O golo acordou os adeptos, trouxe de volta o Vitória à discussão do resultado e abriu caminho a uma reviravolta notável...que contudo acabaria por escapar à beira do fim.
O melhor: Gyokeres começou o ano a prometer um 2025 igual a 2024
62 golos em 2024 coroaram Viktor Gyokeres como o melhor marcador de 2024 a nível mundial. No primeiro jogo de 2025 marcou três. Um mês de dezembro de menor fulgor fez pensar que o sueco estava em baixo de forma. Mas, depois de na semana passada ter feito a assistência para o golo da vitória sobre o Benfica, desta feita assinou um hat-trick (o seu terceiro da temporada, com um poker pelo meio) e fecha a primeira volta da I Liga 24/25 com 21 golos (na época passada, por esta altura, levava 11..).
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