Um final de tarde frio em Alvalade, mas que rapidamente aqueceu com a boa exibição do Sporting - um autêntico pontapé na mágoa do Bessa e a prova que afinal a paragem para as seleções conseguiu ser benéfica.

Por falar em benefícios, quem beneficiou de algumas dores de cabeça de Amorim para este jogo foi Marsá - um titular no eixo da defesa e um elemento seguro ao longo de todo o encontro.

Paulinho relegou Edwards para o banco de suplentes e trouxe de volta o ponta de lança que os verdes e brancos há tanto aguardavam.

Já Ivo Vieira não tem tantas razões para estar satisfeito. O final de tarde não foi feliz e apenas há uma certeza a retirar: há um craque em Barcelos chamado Fran Navarro que corre o risco de poder sair brevemente da equipa. Na verdade, um talento daqueles não é de todo indiferente aos olheiros dos maiores palcos.

Numa sexta-feira, já se esperava que as bancadas fossem enchendo a conta-gotas, mas ainda foram muitos os que puderam assistir ao resultado final: Sporting 3-1 Gil Vicente.

Um jogo que logo desde cedo tinha um final perspetivado e que teve o contributo de Morita (16'), Pedro Gonçalves (22') e Rochinha (82')  Fran Navarro deu o golo de honra aos visitantes ao cair do pano.

O jogo: Demasiada tranquilidade para um jogo do campeonato

Se há algo que podemos dizer sobre este encontro é que não foi, de todo, impróprio para cardíacos. Desde cedo se percebeu que o Gil Vicente dificilmente conseguiria uma surpresa em Alvalade até porque o Sporting começou a construir a vantagem logo ao início.

Ivo Vieira tentou surpreender com algumas alterações e um esquema de cinco defesas, mas a timidez superiorizou-se à consistência.

Com dos laterais bem abertos e uma constante dinâmica ofensiva, os comandados de Rúben Amorim não tardaram em chegar à baliza de Andrew.

Aos 11 minutos, Paulinho deu o primeiro do jogo, mas o árbitro Tiago Martins e o VAR negaram o regresso do avançado português aos golos.

Não foi por Paulinho, foi com a estreia de Morita que se fez a festa. Paulinho deu a bola para Nuno Santos que tentou o golo - sem sucesso - com a recarga eficaz do japonês a só parar no fundo das redes. Um momento especial para Morita, que tem tido a difícil missão de fazer esquecer Matheus Nunes.

A partir daqui, o domínio dos Leões começou a ser ainda mais evidente. Aos 22 minutos, Pedro Gonçalves assinou o 2-0 com Morita também na jogada e o Gil Vicente começava já a ficar sem grandes alternativas a meio da primeira parte.

Fran Navarro tentou ainda reduzir, mas a eficácia na cara de Adán não foi a melhor aos 27 minutos. Do outro lado, Trincão e Esgaio ainda tentaram o terceiro, mas 2-0 foi mesmo o resultado no tempo de descanso.

Ivo Vieira reconheceu que a estratégia não foi a melhor e os cinco defesas deram lugar ao habitual 4-3-3 no início da segunda parte com a saída ainda de Tomás Araújo.

Fran Navarro voltou a tentar o bonito aos 60 minutos, mas a bola a entrar na rede só mesmo para o Sporting. Ainda assim, o VAR estava bem acordado e negou o 3-0 a Trincão, que entretanto teve tempo para ser substituído.

Jogadores como Edwards, Alexandropoulos e Sr. Juste foram chamados à ação, naquela que já era um momento de gestão de Amorim.

Rochinha entrou para fazer mais do que apenas somar minutos. Aos 82 minutos, o ex-Vitória SC apareceu na grande área e, num bom pormenor técnico, conseguiu bater Andrew para o 3-0.

Acho que todos já tinham escrito que o resultado estava finalizado, mas Fran Navarro não podia sair de Alvalade sem colocar a bola no fundo das redes. O avançado gilista ainda conseguiu o golo de honra aos 93 que estabeleceu o 3-1 final no marcador.

No final, e resumidamente, o Sporting desmoralizado regressa agora aos bons resultados e o Gil Vicente estabilizado volta a cair numa derrota.

Veja o resumo do encontro

O momento: Golo de Morita

Num jogo como estes, o primeiro golo é o que custa mais e torna-se ainda mais importante quando se trata de uma estreia a marcar.

Paulinho tinha visto o primeiro a ser anulado pelo VAR e tudo isso poderia servir de ânimo para o Gil Vicente e de fator desmotivador para o Sporting. Ainda assim, em mais uma jogada de insistência e com uma clara dinâmica ofensiva, o médio japonês apareceu em zona de finalização depois de Paulinho e Nuno Santos terem iniciado a jogada.

A importância vê-se por duas perspetivas: o marcador foi inaugurado e trata-se de uma estreia que traz confiança a um jogador a ganhar espaço na equipa.

Os melhores: Morita, Pedro Gonçalves e Fran Navarro

Num encontro com uma clara supremacia do Sporting, são muitos os nomes que se destacaram. Ainda assim, há dois que tiveram a um nível bastante acima dos restantes.

Comecemos por aquele que, a meu ver, mais se destacou. Morita fez provavelmente a melhor exibição de Leão ao peito e provou que consegue ser um jogador preponderante na chegada a zonas de finalização. Pode estar aqui uma nova faceta do jogador a ser mais vezes explorada neste Sporting. O primeiro golo do encontro e a estreia a marcar são alguns dos dados a destacar.

Pedro Gonçalves também parece estar a voltar aos tempos da primeira época do Sporting. O instinto goleador está lá e o requinte técnico também. Pote voltou a contar com Paulinho perto da zona ofensiva e assim pôde ocupar os espaços onde normalmente é feliz. Este foi assim mais um jogo moralizador para o português.

Fran Navarro é o nome a destacar do Gil Vicente. Claramente um avançado para mais altos patamares e o único capaz de colocar a defesa do Sporting em sentido e com pormenores técnicos acima da média. Se os Leões já estavam interessados neste jogador, o que dizer depois deste jogo.

Menção honrosa ainda para Marsá que se estreou de forma imaculada com bastante tranquilidade no centro do eixo defensivo.

O pior: Estratégia do Gil Vicente

Em vez de estar a destacar nomes individuais, optei por me referir ao coletivo e à estratégia do Gil Vicente para este encontro. Ivo Vieira optou por surpreender nas escolhas iniciais e com o sistema tático de cinco defesas, mas sem qualquer tipo de efeito positivo.

A linha mais recuada da equipa de Barcelos mostrou-se bastante permeável e com alguma falta de rotinas incapazes de travar a predominância ofensiva do adversário.

Ivo Vieira mais tarde reconheceu que errou na estratégia e ao intervalo corrigiu logo os problemas da primeira parte ao passar para o 4-3-3 habitual da equipa.

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