Foram dois, podiam ter sido 10. Tudo correu bem ao Benfica na receção ao Arouca, antes do primeiro dos dois embates importantes com o PSV da Holanda, na corrida aos milhões da Champions: Yaremchuk foi titular e marcou, André Almeida voltou a jogar, 300 dias depois, foi possível poupar muitas peças importantes e não desgastar muito quem jogou até porque o Benfica atuou com mais um desde os oito minutos.

Foi o quarto triunfo dos Encarnados em outros tantos jogos e mais um encontro com a baliza a zeros. A confiança está a crescer, os processos cada vez mais afinados e isso vê-se nos resultados, já que, pela primeira vez em oito épocas, Jorge Jesus venceu os quatro primeiros jogos ao leme do Benfica. Apenas Jesualdo Ferreira, Rui Vitória e Sven-Göran Eriksson (duas vezes) tinham conseguido quatro triunfos nos primeiros quatro encontros oficiais ao comando dos Encarnados.

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O jogo: Yaremchuk esteve em todas. Até no lance digno dos apanhados

Custou 17 milhões de euros (por 75 por cento do passe) e já começa a justificar o investimento. É certo que Roman Yaremchuk ainda agora chegou, tem pouco tempo de treino com Jorge Jesus e foi titular pela primeira vez ao segundo jogo, mas o ucraniano deixou pormenores interessantes na sua estreia. O ex-jogador do KAA Gent da Bélgica esteve em todos os momentos cruciais do encontro.

Com o jogo com o PSV tão perto (próxima 4.ª feira na Luz às 20h00), era imperativo fazer mexidas, numa equipa que vai fazer cinco jogos em 15 dias. Jesus fez sete alterações no onze em relação ao jogo com o Spartak Moscovo e apenas Vlachodimos, Otamendi, João Mário e Pizzi permaneceram na equipa.

Se para o Arouca seria difícil pontuar na Luz (única vez que tal aconteceu foi na época 2013/14, num 2-2) neste seu regresso à elite do futebol nacional, tudo ficou pior quando o guardião Paulo Victor foi protagonista de um lance caricato: errou feio, viu vermelho e tudo mudou.

Em ataque organizado, o Arouca ia sustendo o Benfica mas só a falta de pontaria Encarnada justificava o nulo até aos 38 minutos. Altura em que o Arouca aventurou-se no ataque, mesmo com menos um. Perdeu a bola, foi apanhado em contrapé e sofreu o 1-0: passe de Yaremchuk, golo de Waldschmidt, o segundo na I Liga.

Já a fechar o primeiro tempo, golo de Yaremchuk a passe de Pizzi. Simples e eficaz. O ucraniano marcava, após assistir para o 1-0 e ter estado na expulsão do guardião contrário.

Antes dos golos, os quase 15 mil adeptos que estiveram na Luz no regresso do público, quase um ano e meio depois, viram que a tarde quente seria também de falhanços. A forma como Everton não marcou o 1-0 aos 13 minutos, atirando ao poste na recarga a uma bola na barra de Waldschmidt, antevia uma tarde de nervos à frente da baliza.

No segundo tempo Jesus deve ter ganho mais alguns cabelos brancos, tantas foram as oportunidades desperdiçadas. Não houve mais golos mas se o resultado terminasse 10-0, não seria escândalo nenhum: o Benfica criava e falhava, o Arouca pouco podia fazer para travar a avalanche Encarnada.

Apesar disso, há que dar os parabéns à equipa do Distrito de Aveiro. Tentou sair a jogar com a bola de pé para pé, foi atrevido e assustou Vlachodimos. Podia-se pensar que a equipa de Armando Evangelista viria para defender mas, mesmo com menos um, tentou sempre um futebol positivo. O facto de ter feito apenas duas falta em todo o jogo, mostra isso mesmo. Aliás, não há memória de uma equipa da I Liga que tenha estes números de faltas num jogo.
Bukia destacou-se, tal como André Silva e Sema Velázquez.

O domínio Encarnado ficou expresso nos 17 remates (Arouca fez cinco, apenas um enquadrado) mas só cinco levaram o caminho da baliza. Dois entraram, o resto acabou nas mãos do guarda-redes Fernando Castro, o substituto de Paulo Victor.

Momento-chave: O que é que foi isto, oh meu!

Os azares do futebol só acontecem a quem lá está. Mas, uma vez lá dentro, é preciso estar atento a todos os pormenores. Paulo Victor não esteve. Aos oito minutos agarrou uma bola que ia para Yaremchuk. O árbitro auxiliar marcou fora de jogo, o árbitro sinalizou ao seu colega que tinha visto mas mandou seguir, já que a bola estava na posse do guardião. Sem ver a sinalética do árbitro, Paulo Victor colocou a bola (jogável) fora da área para marcar o que pensava ser um fora de jogo. O ucraniano foi mais perto e ficou com a bola, o guardião do Arouca recuperou-a de forma ilegal: jogou a bola com as mãos fora da área. Manuel Mota mostrou-lhe vermelho, Paulo Victor defendeu-se do fora de jogo marcado pelo árbitro auxiliar. De nada lhe valeu, após uma conversa entre Manuel Mota e o VAR. O lance caricato vai correr mundo.

Os Melhores: Yaremchuk mostra-se, Homem dos bacalhaus regressa, 300 dias depois

Um golo, uma assistência e intervenção decisiva na expulsão de um adversário: Yaremchuk ainda está a adaptar-se mas deixou um belo cartão de visita. André Almeida voltou a jogar, 300 dias depois. O lateral esteve em evidência com os seus cruzamentos (ou bacalhaus, como lhes chama) na direita e mostrou que Jesus pode contar com ele. A época é longa e todos são precisos. Recebeu uma enorme ovação no aquecimento e quando entrou. Yaremchuk diz que já é uma lenda do clube.

Uma palavra para o jogo positivo do Arouca: quis sempre jogar, nunca se escondeu no antijogo e não tentou travar o Benfica recorrendo a falta. Também não precisa ser tão 'soft', com apenas duas faltas cometidas em todo o jogo. Mas fica a boa imagem deixada para o recém-promovido à I Liga.

Em dia 'Não': Benfica perdulário

Paulo Victor quererá esquecer rapidamente este jogo, pela forma como deixou a sua equipa em situação logo aos oito minutos. A falta de atenção do guardião foi fatal.
Valeu-lhe a falta de eficácia do Benfica, principalmente no segundo tempo. Foram três bolas nos ferros e muitos falhanços incríveis.

Reações: André Almeida emocionado, Evangelista destaca postura positiva

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