É sempre assim: quando um 'grande' em Portugal está à procura de treinador, a imprensa é inundada com possíveis nomes, fazem-se manchetes com este ou com aquele, fala-se em convites a nomes reputados e outros mais ou menos desconhecidos, projetam-se futuros com este ou com aquele estilo de treinador. Se for um clube da dimensão do Benfica, o leque é ainda maior, já que os atuais campeões nacionais são dos poucos emblemas com capacidade para contratar um técnico que queira ganhar quatro ou cinco milhões de euros por temporada.

A saída de Bruno Lage não deixou vazia a cadeira de treinador da equipa principal (para já, o adjunto Veríssimo, antigo lateral direito das 'águias', vai tomar conta da equipa) mas é preciso pensar em alguém para dar continuidade ao projeto do Benfica para os próximos anos. Um treinador que seja capaz de potenciar o talento que nasce no Seixal, como fizeram Rui Vitória e Bruno Lage nos últimos cinco anos.

Mas, face a pressão dos adeptos, furiosos pela forma como a direção geriu a equipa principal de futebol nos últimos anos, principalmente a nível de contratações, poderá haver uma mudança de mentalidade. O Benfica tentou conquistar a Europa do futebol dando palco aos jogadores jovens da casa, formados no Seixal, mas acabou por não ter resultados, como mostram as campanhas na Liga dos Campeões nas últimas três temporadas.

O dossier do treinador está a cargo, como sempre, de Luís Filipe Vieira, presidente do clube, e deverá ficar resolvido, pelo menos, antes do final da época.

A imprensa portuguesa avançou, com insistência, num convite a Jorge Jesus para que o técnico voltasse à Luz mas tal não se avizinha fácil. JJ assinou recentemente uma extensão de contrato com o Flamengo, está feliz no Brasil, pelo que muito dificilmente voltaria ao Benfica. LV Vieira vai insistindo mas não será fácil.

Mas há outros nomes. Os jornais nacionais e internacionais têm lançado técnicos com perfis diferentes para a 'cadeira' da Luz, uns mais ou menos consensuais, outros difíceis de convencer. A fazer crer nos nomes avançados, o Benfica parece querer quebrar um pouco com o passado recente ao tentar chegar a treinadores de renove, como são os casos de Mauricio Pochettino ou Julian Nagelsmann.

Os técnicos apontados ao Benfica

Jorge Jesus: regresso do amigo

Para o técnico de 65 anos seria o regresso a uma casa onde foi feliz (três vezes campeão) mas de onde saiu pela 'porta pequena'. Jorge Jesus e Benfica não chegaram a acordo no final da época 2014/15, pelo que o técnico mudou-se para o Sporting, abrindo uma 'guerra' entre os dois rivais lisboetas. Mas, seis anos depois, tudo parece estar sanado, com JJ e LF Vieira a reatarem a amizade, interrompida nos três anos que o técnico esteve no Sporting.

O atual treinador do Flamengo parece estar na 'linha a frente' para suceder a Bruno Lage: é a primeira opção de Luís Filipe Vieira, mas o seu regresso à Luz será difícil. Se a Taça Libertadores da América desta época for cancelada, as probabilidades de Jesus voltar ao Benfica aumentam. O técnico quer voltar a vencer a Libertadores e o Brasileiro pelo Flamengo mas a não disputa da prova continental sula-americana poderá precipitar o seu regresso à Europa. LV Vieira terá de 'abrir os cordões à bolsa' para voltar a ter JJ mas isso não será um problema no Benfica.

Nos seis anos à frente do Benfica, Jorge Jesus venceu três campeonatos e levou o Benfica à final da Liga Europa em duas ocasiões, ambas perdidas para Chelsea e Sevilha, respetivamente.

Julian Nagelsmann: O sonho proibido

O jornal espanhol 'As' coloca o nome de Julian Nagelsmann como um dos possíveis sucessores de Bruno Lage. Escreve aquele jornal que o alemão de apenas 32 anos é uma das primeiras escolhas de Luís Filipe Vieira. Nagelsmann defrontou o Benfica esta época, tendo vencido na Luz por 2-1 e empatado 2-2 na Alemanha, na fase de grupos da Liga dos Campeões. Neste momento é um sonho proibido: tem vários pretendentes na Europa e contrato até 2023 com o RB Leipzig.

É conhecido pelo seu futebol de ataque, pela forma como coloca as suas equipas a praticarem um futebol ofensivo e também pela sua capacidade em potenciar jovens jogadores. Seria uma excelente escolha para dar continuidade ao lançamento de jovens jogadores formados no Seixal.

Deu nas vistas no Hoffenheim, emblema que levou ao terceiro lugar na Bundesliga e à Liga dos Campeões, antes de se mudar para o RB Leipzig, clube que colocou nos quartos-de-final da Liga dos Campeões pela primeira vez.

Nagelsmann é um jovem técnico, ambicioso, com os pés bem assentes na terra. Tanto que chegou a recusar o Real Madrid.

"De início fiquei surpreendido. Depois pesei os dados e não me senti confortável em aceitar. Queria evoluir e se fores para o Real Madrid já não há tempo para tal. Ali não existe a hipótese de vires a ser um técnico melhor, já tens de ser o melhor naquele momento. Não sou o melhor do Mundo agora, mas quero estar entre os melhores no futuro. Se fores para o Real Madrid ou para o Barcelona, os adeptos, os media e os opinadores não te darão tempo para cresceres", justificou, numa entrevista ao 'The Independent'.

Unai Emery: o interesse é mútuo

Unai Emery já conhece o Benfica e o Benfica já conhece Unai Emery. O técnico derrotou os 'encarnados' na final da Liga Europa em 2014, quando orientava o Sevilha, clube onde venceu por três vezes a Liga Europa. Depois de passagens menos felizes por emblemas como Paris Saint-Germain e Arsenal (foi despedido em ambas as ocasiões), Emery está sem clube, à espera do projeto ideal para voltar ao ativo.

O jornal 'A Bola' escreveu na sua edição desta quinta-feira que o convite já foi feito e que há possibilidade de entendimento entre as partes. O técnico basco, de 48 anos, tem currículo, está habituado a ganhar títulos e é um nome respeitado na Europa, algo que vai de encontro ao que LF Vieira procura nesta fase.

Para já, Emery prefere esperar pelo final da época para estudar melhor todas as propostas, tal como vários treinadores contactos, escreve 'A Bola'.

Mauricio Pochettino: para já, não

Pochettino era um dos nomes sonantes que LF Vieira queria ver no Benfica. O técnico argentino de 48 anos está sem clube, desde que foi despedido pelo Tottenham em 2019 mas terá dado um 'não' ao Benfica. Segundo avança o jornal 'Record', o antigo treinador do Tottenham recusou o convite das 'águias', apesar de estas o terem tentado aliciar Pochettino com um projeto 'europeu', com condições para dar cartas na Liga dos Campeões.

Diz ainda aquele jornal que Pochetinno pretenderá voltar ao ativo numa das cinco principais Ligas europeias e ao leme de uma equipa que lhe dê possibilidades de conquistar grandes títulos, estando de olho no banco do Real Madrid se Zinédine Zidane deixar os 'merengues' no fim da época.

O argentino que brilhou no Tottenham onde esteve cinco épocas e meia (chegou a uma final da Liga dos Campeões, perdida em 2019 para o Liverpool).

A sua contratação enquadrava-se mais no sentido do seu currículo e título e por ser um técnico pragmático. O seu Tottenham não praticava um futebol vistoso mas era uma equipa muito bem organizada, que se batia de igual para igual com qualquer formação e conseguia resultados. Pochettino lançou vários jovens no Tottenham, como Harry Winks, Harry Kane, Eric Dier, Dele Alli, pelo que este é mais um dado a seu favor para assumir a cadeira de treinador do Benfica.

Massimiliano Allegri: difícil mas não impossível

Massimiliano Allegri esteve cinco épocas na Juventus, depois de quatro no AC Milan. É um técnico talhado para projetos de longa duração e o Benfica seria uma boa opção. Foi campeão no AC Milan e na Juventus (por cinco vezes), tem currículo e é um dos nomes respeitados na Europa.

Antes de pegar nos dois 'colossos' italianos, orientou o Cagliari em duas épocas.

Allegri está sem trabalho, desde que foi despedido pela Juventus no final da época passada. Por isso, está desejoso de pegar num projeto ambiciosos. O Benfica seria uma boa opção para voltar a mostrar valor, principalmente na Europa.

Paulo Fonseca: português e jovem

Paulo Fonseca também é outro nome avançado como possível treinador do Benfica. O facto de ser português joga a seu favor, assim como o estilo do seu futebol. O treinador de 47 anos conhecem bem o futebol português, onde brilhou a grande altura, no Paços de Ferreira, clube que levou ao terceiro posto na época 2012/2013, apenas atrás de Benfica e do campeão FC Porto.

Na época seguinte rumou ao Dragão mas acabou por não ser feliz. A equipa não tinha tanta qualidade e a pressão dos resultados fez com que saísse no final de 2013/2014. Voltaria ao Paços na época 2014/2015 e na seguinte mudaria para Braga, de onde partiu para a Ucrânia para ser tricampeão no Shakhtar Donetsk nos três anos em que lá esteve.

Neste momento treina a AS Roma mas a sua prestação não está a ser tão boa como esperada pelos responsáveis do emblema romano: a equipa está apenas no 5.º lugar a dois pontos da Atalanta, o primeiro emblema em zona de 'Champions'. É um sonho antigo dos benfiquistas, mas dificilmente deixará a Roma de livre iniciativa.

Vítor Pereira: sonho antigo

Vítor Pereira travou batalhas épicas com Jorge Jesus quando orientava o FC Porto e JJ estava no Benfica. Taticamente é dos melhores portugueses da atualidade. É um técnico metódico, trabalhador, que gosta de ver as suas equipas organizadas, tanto a nível defensivo como ofensivo.

Após ser bicampeão no FC Porto nas duas épocas em que lá esteve, depois da saída de André Vilas-Boas (era adjunto de AVB em 2010/2011), nunca mais trabalhou em Portugal. Foi campeão na Grécia no Olympiacos, orientou o Fenerbahce (vice-campeão), teve pouco sucesso no TSV 1860 München (2.ª liga alemã), antes de se aventurar na China, onde está a três épocas no Shanghai SIPG. Conseguiu levar o emblema chinês ao título em 2019, pelo que é um técnico bastante conceituado na China neste momento.

Vítor Pereira é um técnico de convicções fortes, pelo que o seu regresso a Portugal apenas seria possível num projeto onde pudesse ter capacidade de decisão. O técnico de 51 anos já assumiu esse desejo mas terá de ser para uma equipa que lhe garanta condições para lutar por títulos, algo que encontrará no Benfica. Tal como Paulo Fonseca, é um sonho antigo de muitos adeptos benfiquistas.

Jorge Sampaoli e Marcelo Gallardo: o sonho argentino

Os argentinos Marcelo Gallardo e Jorge Sampaoli são outros dois nomes apontados ao Benfica. São técnicos com currículo feito na América do Sul mas preparados para brilhar na Europa. Sampaoli brilhou como selecionador do Chile, onde venceu uma Copa América contra a sua Argentina. Não teve o mesmo sucesso quando chamado a comandar a seleção do seu país, tendo somado seis vitórias em 11 jogos. Em 2015 foi eleito Melhor Treinador da América do Sul.

Na Europa, teve a sua primeira experiência no Sevilha, tendo ficado no 4.º posto em La Liga na época 2016/2017, antes de ser afastado. Voltaria a América do Sul para orientar os brasileiros do Santos, tendo sido vice-campeão do Brasileirão em 2019, apenas batido pelo Super Flamengo de Jorge Jesus. Teve problemas com a direção santista e mudou-se para o Atlético Mineiro esta época. É um técnico que consegue colocar as suas equipas a jogar um bom futebol, de posse, de toques curtos, mas que sabe também explorar o contra-ataque.

Marcelo Gallardo aparece na lista por estar à espera de um convite para mostrar o seu talento na Europa. O técnico de 44 anos tem um currículo fantástico, depois de conquistar duas Taças Libertadores, uma Taça Sul-Americana e três Supertaças sul-americanas, além de três Supertaças da Argentina ao serviço do River Plate. É um técnico talhado para jogos a eliminar e, no Benfica poderia ser a opção ideal para colocar a equipa a dar o salto que procura na Europa. É um estratega, um técnico que trabalha as suas equipas para ganhar os jogos decisivos. O rigor e consistência defensivas são alguns dos seus trunfos.

Marco Silva, Leonardo Jardim e Paulo Sousa: portugueses, bons e baratos

Três técnicos portugueses que, mais uma vez, foram apontados ao Benfica. Marco Silva e Leonardo Jardim estão no desemprego, depois de terem sido despedidos de Everton e Mónaco, resptivamente. O madeirense é um técnico que teve sucesso no Mónaco, na sua primeira passagem pelo emblema monegasco, tendo conquistado uma Liga Francesa contra o poderoso PSG, além de ter levado a equipa às meias-finais da Liga dos Campeões. Revelou Mbappé ao mundo, potenciou Bernardo Silva e outros talentos como Mendy e Sidibé, jogadores que chegaram à seleção francesa graças às prestações no Mónaco de Leonardo Jardim. O Benfica podia ser a sua redenção, para mostrar que não perdeu qualidades, apesar de ter sido despedido duas vezes pelo Mónaco nos últimos anos.

Marco Silva foi despedido do Everton, depois de não ter conseguido os resultados pretendidos. Antes, tinha deixado a sua marca no Hull City, apesar de ter descido de divisão na Premier League. Também fez um bom trabalho no Watford. Antes de Inglaterra, deu nas vistas no Estoril durante três temporadas, tendo levado os 'canarinhos' da segunda divisão até a Liga Europa em Portugal. Mudou-se para o Sporting onde esteve apenas uma época, antes de ser afastado por Bruno de Carvalho para entrar Jorge Jesus.

Paulo Sousa aparece na lista mas neste momento tem contrato com o Bordéus. Contrato esse que poderá ser 'rasgado' a qualquer instante, já que a imprensa francesa dá como garantida a saída do técnico português nos próximos dias.

Até que Luís Filipe Vieira resolva o assunto, outros nomes poderão ser avançados como sucessores de Bruno Lage. Para já, a equipa principal do Benfica vai ser orientado por Veríssimo, técnico que irá comandar os 'encarnados' na receção ao Boavista. O antigo lateral das 'águas' poderá ficar até ao final da época mas não é de descartar que continue para o ano, tal como fez Bruno Lage em janeiro de 2019. Tudo irá depender dos resultados.

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