Paulo Gonçalves foi detido na manhã desta terça-feira pela Polícia Judiciária devido a suspeitas de corrupção a favor do Benfica no 'Caso dos Emails'. O Correio da Manhã avança que Paulo Gonçalves, diretor do departamento jurídico do Benfica e um dos homens próximos de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, foi levado pela polícia sob suspeita de ter subornado três funcionários judiciais em prol do Benfica. A PJ já confirmou as buscas e detenções.

Em causa estão pedidos de Paulo Gonçalves para que lhe fossem fornecidos processos ligados ao 'caso dos emails'. De acordo com a mesma fonte, este tipo de ações foi uma das forma do assessor jurídico acompanhar todo o trabalho que estava a ser feito pela Justiça no caso que, alegadamente, colocaria o Benfica no centro de um esquema corrupção ligado à arbitragem.

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Para além de, alegadamente, terem aceite os subornos,  os oficiais de justiça também terão passado a Paulo Gonçalves documentos de processos em que são visados dirigentes do Sporting e do FC Porto.

A força de segurança está a investigar o alegado acesso indevido do assessor jurídico do clube das águias a documentos confidenciais relacionados com o caso dos e-mails.

Paulo Gonçalves terá sido detido na sua residência, em Santarém, e a operação acontece na sequência de uma denúncia anónima que dava conta de que o clube estava a ter acesso a elementos do processo que estavam em segredo de justiça.

Para além do assessor jurídico do Benfica foi ainda detido um técnico informático do Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça com acesso ao sistema informático Portal Citius.

O Estádio da Luz está a ser alvo de novas buscas por parte das forças policiais. De acordo com o Correio da Manhã, a unidade nacional de combate à corrupção da PJ enviou dezenas de inspetores para novas buscas relacionadas com o 'Caso dos Emails'. O assessor do Benfica não seguiu para nenhuma esquadra uma vez que vai acompanhar as forças policiais nas buscas que estão a decorrer no reduto dos 'encarnados'.

A notícias de buscas no reduto dos 'encarnados' surge depois de, esta terça-feira, Paulo Gonçalves ter sido detido por suspeitas de subornos a elementos ligados ao caso. O assessor jurídico do Benfica terá agido para favorecer o clube da Luz e obter informações sobre o caso.

A Polícia Judiciária está ainda a realizar buscas em casas particulares, e nos tribunais de Guimarães e Fafe.

O 'Caso dos Emails' foi lançado por Francisco J. Marques que, no Porto Canal, revelou a troca de emails entre Paulo Gonçalves e várias personagens ligadas ao futebol. As revelações têm sido recorrentes, mas recentemente, o diretor de comunicação do FC Porto ficou impedido de revelar novas informações sobre o caso.

A primeira implicação de Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica,  neste caso é em 17 de junho quando supostamente terá trocado emails com Mário Figueiredo, ex-presidente da Liga, e Nuno Cabral, ex-delegado da Liga. O primeiro fala de um pedido do antigo árbitro ao jurista ‘encarnado’, em outubro de 2014, para interceder a favor do árbitro Manuel Mota devido a uma nota negativa que recebeu num jogo entre o Vitória de Guimarães e o Marítimo. O dirigente benfiquista teria ainda recebido emails de Adão Mendes a pedir que intercedesse a favor do filho Renato Mendes, árbitro da AF Braga.

O Tribunal da Relação do Porto deu razão ao Benfica no recurso do procedimento cautelar interposto pelo clube da Luz de forma a proibir o FC Porto de divulgar correspondência privada dos dirigentes da Luz através do seu programa no Porto Canal 'Universo Porto - Da Bancada'.

De acordo com os dados recolhidos pelo JN, os juízes-desembargadores da secção cível decidiram por unanimidade revogar a sentença proferida pelo juiz Fernando Cabanelas, do Tribunal Cível do Porto, que recusou o procedimento cautelar interposto pelo Benfica tendo em vista a proibição de divulgação de mensagens de correio eletrónico de vários dirigentes do clube da Luz por parte de Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto.

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Perante a revogação da sentença proferida pelo juiz Fernando Cabanelas, o FC Porto, a SAD do FC Porto, o FC Porto Media, sociedade Avenida dos Aliados (que detém o Porto Canal) e o diretor de comunicação Francisco J. Marques ficam proibidos de voltar a divulgar correspondência de dirigentes da SAD do Benfica 10 meses depois do início das revelações veiculadas no programa Universo Porto - Da Bancada, no Porto Canal.

Recorde-se que em outubro de 2017, o Tribunal da Comarca do Porto rejeitou a providência cautelar avançada pelo Benfica contra o FC Porto no caso dos emails.

Entretanto, Francisco J. Marques reagiu à detenção de Paulo Gonçalves através de uma mensagem publicada nas redes sociais.

Em comunicado, a Polícia Judiciária confirmou a detenção de duas pessoas. No seu site oficial, a PJ dá conta de rimes de corrupção ativa e passiva, acesso ilegítimo, violação de segredo de justiça, falsidade informática e favorecimento pessoal.

Confira o comunicado na integra:

"A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) e no âmbito de um inquérito que corre termos no DIAP de Lisboa deteve dois homens pela presumível prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, acesso ilegítimo, violação de segredo de justiça, falsidade informática e favorecimento pessoal.

No decurso da operação, que envolveu cerca de 50 elementos da Polícia Judiciária, um juiz de instrução criminal e dois magistrados do Ministério Público, foram realizadas trinta buscas nas áreas do Porto, Fafe, Guimarães, Santarém e Lisboa que levaram à apreensão de relevantes elementos probatórios.

Nesta investigação, iniciada há quase meio ano, averigua-se o acesso ilegítimo a informação relativa a processos que correm termos nos tribunais ou Departamentos do Ministério Público a troco de eventuais contrapartidas ilícitas a funcionários.

Os detidos vão ser sujeitos a primeiro interrogatório judicial. A investigação prossegue com vista à continuação de recolha de prova e ao apuramento dos benefícios ilegítimos obtidos", pode ler-se.

Notícia atualizada às 10:55