Jorge Nuno Pinto da Costa completou, este sábado, 82 anos. O presidente do FC Porto passou em revista a sua já longa carreira no dirigismo e revelou qual o jogo mais importante da sua vida: a Taça Intercontinental, ganha pelo FC Porto ao Peñarol de Montevideo, no Japão. O jogo teve para ser adiado já que o campo estava coberto de neve mas Pinto da Costa pediu que se jogasse. Em entrevista ao Porto Canal, explicou porque tomou a decisão.

"Na véspera, a comitiva foi passear no Japão, estava um dia de sol. No dia seguinte, quando acordámos, estava tudo cheio de neve. O jogo era ao meio-dia, nem tivemos tempo de pensar o que haveríamos de fazer. [...] O Peñarol nem pensava em jogar, mas eu sentia os jogadores com vontade de jogar e ganhar. Consultei o mister, que era o Tomislav Ivic, pedi-lhe a opinião e ele disse 'o presidente decida pelo seu feeling'. Eu decidi que jogávamos. [...]Se tivéssemos perdido, iria ficar com remorso, porque fui eu que insisti para que o jogo se realizasse", recordou.

Depois de tomar a decisão, era hora de convencer o árbitro do encontro, o austríaco Franz Wohrer. E Pinto da Costa tinha uma 'carta na manga'.

"O árbitro estava a conversar e ia ser o último jogo dele, porque ia terminar a carreira a 31 de dezembro, por limite de idade. Eu disse-lhe: 'O senhor não vai terminar a carreira a ver neve no Japão. Se o jogo ficar adiado para março, o senhor já não é árbitro. Tem a oportunidade de terminar a carreira com o jogo mais importante da sua vida'. Ele pensou e disse que ia tentar fazer o jogo. O presidente do Peñarol ficou muito zangado", recorda o líder azul-e-branco.

Na entrevista ao Porto Canal, o presidente do FC Porto recordou um episódio caricato: o melhor jogador em campo tinha sido decidido antes do apito inicial.

"O representante da FIFA, juntamente com a Toyota, que era o organizador, disse-nos antes do jogo começar: 'Se o FC Porto ganhar, o melhor em campo é o Madjer. Se o Peñarol ganhar, o melhor jogador é o Viera'. Eu perguntei: 'E se não jogar bem?' Responderam-me que não interessava: 'se jogarem, são estes os melhores'", contou ao Porto Canal.

Pouco tempo depois, foi contar à equipa a caricata decisão.

"Ao intervalo fui ao balneário e estavam a acender fogueiras para aquecer os pés, não sentiam os pés nem mãos, mas quiseram continuar e o árbitro disse que se sentia bem, acompanhou sempre as jogadas de perto. Como havia um carro em disputa eu disse no balneário: 'Atenção, se nós ganharmos não fiquem melindrados, o melhor jogador vai ser o Madjer, vai receber o Toyota' e ficou logo decidido que o carro ficaria no clube, hoje está no nosso museu. O Madjer não foi o melhor, mas marcou o segundo golo. Antes do jogo já estava decidido quem era o melhor jogador em campo, isso nunca tinha visto. Até penso que os melhores jogadores em campo foram os guarda-redes. Foram todos heróis, os nossos e os uruguaios", concluiu.