Era uma situação impensável há pouco tempo atrás. Depois de milhões e milhões de euros gastos ao longo da última década e meia na compra de jogadores e no crescimento do clube, o Chelsea, campeão europeu de clubes em título poderá só ter 24 mil euros para gastar na deslocação da próxima semana a França, para enfrentar o campeão gaulês Lille na 2.ª mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões.

É que, face às sanções aplicadas pelo governo britânico a Roman Abramovich, magnata russo dono do clube londrino, foi emitida uma licença especial que permite ao Chelsea gastar apenas 500 mil libras (cerca de 595 mil euros) para organizar jogos em sua casa e 20 mil libras (aproximadamente 23,8 mil euros) para as partidas que tiver de disputar fora de portas.

Um valor que deixa os 'blues' numa situação complicada, olhando para os custos habituais que uma deslocação para um jogo da Liga dos Campeões por norma acarreta, mesmo que a distância até Lille, seguindo pelo Eurotúnel, até nem seja considerável, não chegando sequer aos 300 quilómetros.

Chelsea perde "temporariamente" um dos principais patrocinadores
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E se desta feita, fazendo contas aos 'tostões' e com alguma ginástica o Chelsea até poderá conseguir não ultrapassar esse plafond que lhe é permitido, a situação poderá complicar-se caso passe aos quartos de final da prova milionária (tem, para já, uma vantagem de 2-0 trazida da primeira mão, em Stamford Bridge).

Isto porque nos quartos-de-final, o Chelsea poderá ver-se obrigado a deslocar-se até cidades mais distantes, como Munique ou Madrid, visitas que implicariam viagens de avião. Em Inglaterra, fala-se que, nesse cenário, a os 'blues' poderão mesmo ter de vir a recorrer a voos de companhias 'low-cost'. Nesta perspetiva, ao Chelsea até seria mais favorável ver calhar-lhe em sorte no sorteio dos quartos-de-final da Champions, agendado para 18 de março, um dos dois clubes ingleses já apurados: Liverpool ou Manchester City.

A imprensa britânica dá nota de que, no que toca às competições internas, o Chelsea já tem a situação resolvida, dado que reservou e pagou as despesas relativas às deslocações com algumas semanas de antecedência.

Thomas Tuchel: "Enquanto tivermos camisolas e autocarro..."

Para já, toda esta situação não parece estar a afetar a equipa dentro de campo. Na noite de quinta-feira o Chelsea foi ao terreno do Norwich vencer por 3-1 em partida em atraso da Premier League e segue firme no 3.º lugar da prova.

No final da partida, o técnico da turma de Stamford Bridge, Thomas Tuchel, não fugiu à questão.

O técnico não fugiu a elas, assumiu entender que este seja um tema destacado, mas aproveitou para garantir que o empenho e dedicação dos jogadores é inquestionável.

"É claro que tem um impacto forte e, claro, faz parte da ordem do dia. Provavelmente num dia como estes estaríamos a falar dos jogos da Liga dos Campeões, mas ninguém está a falar disso. Por isso até é bom termos um programa a cumprir antes do jogo, pois assim permite-nos focar como estamos habituados. Não podemos mudar nada. Temos o privilégio de jogar e, por vezes, é bom libertar as coisas. Gosto de falar sobre o futebol, mas claro que percebo que tenhas muitas questões. Também somos um meio de entretenimento, é o que é...", começou por dizer o técnico alemão em declarações à Sky Sports.

"Estaria a mentir se dissesse que não tinha dúvidas, mas também tenho muita confiança. Em circunstâncias difíceis já conseguimos resultados e boas performances, por isso podemos confiar na nossa mentalidade e cultura", prosseguiu.

"Vamos ver como ficam as coisas. Se ficarem assim, não sei. Temos de ir dia a dia... Não esperava por isto ontem e não sei o que virá amanhã. Mas todos podem ter a certeza de que nos vamos focar em nós mesmos, manter a atitude e a mentalidade certas no treino e no seio da equipa. Confiamos uns nos outros e isso não vai mudar. Enquanto tivermos camisolas suficientes e um autocarro para ir para os jogos, vamos lá estar e competir no máximo", acrescentou depois em declarações à BBC Radio 5 Live.