E ao sétimo jogo com um colosso europeu, o Sporting de Jesus conseguiu finalmente pontuar. A equipa leonina vem ´ameaçando` derrubar um ´gigante` da Europa, mas o melhor que conseguiu foi um empate, frente a Juventus, em jogo da 4.ª ronda da Liga dos Campeões. Um ponto que não deixa o Sporting fora da corrida, mas coloca os ´leões` a fazerem contas sobre o quase impossível apuramento para os oitavos-de-final: vencer Olympiacos em casa e pontuar em Camp Nou e esperar que a ´Vecchia Signora` não faça qualquer ponto nos jogos com os gregos e os espanhóis. Tarefa complicada.

Voltou a faltar um ´bocadinho assim...`

Jorge Jesus tem referido por diversas vezes que o Sporting tem estado a recuperar o seu prestígio na Europa. Mas esse prestígio ganha-se com pontos, com vitórias, com presenças em oitavos e quartos-de-final. Nestes três anos que leva ao comando dos ´leões` tal ainda não foi conseguido, mas as exibições frente aos ´grandes` da Europa dão alguma razão ao técnico. Na temporada passada, perdeu os quatro jogos com o Real Madrid e o Dortmund pela margem mínima, tal como aconteceu esta época frente ao Barcelona e a Juventus no primeiro jogo.

Esse salto qualitativo, esse ´bocadinho` que tem faltado, já foi maior e o empate com a Juventus em casa mostra que a equipa está mais perto da vitória. Mesmo numa equipa remendada, com uma defesa onde só sobravam Coates (Ristovski, André Pinto, Jonathan Silva foram titulares, nos lugares dos lesionados Piccini, Mathieu e Fábio Coentrão) e num meio-campo sem o seu principal elemento, William Carvalho, o Sporting conseguiu parar a poderosa Juventus graças a uma boa organização defensiva. A equipa mostrou muita solidariedade, jogou num bloco mais baixo, retirando espaço aos criativos da formação transalpina. É verdade que saiu menos vezes do que se esperava para o ataque, mas quando conseguiu, mostrou qualidades, principalmente pelas alas.

E era na velocidade que o Sporting tentava ´ferir a ´Velha Senhora`, uma equipa com outros pergaminhos e muito habituado as estas andanças. As acelerações de Gelson na direita (apareceu também muitas vezes por dentro) e de Acuña na esquerda iam deixando a defensiva transalpina em sentido e galvanizando os adeptos. Foi numa dessas arrancadas que surgiu o golo, quando Gelson ´entortou` Chiellini e rematou forte para defesa de Buffon para a frente. Apareceu Bruno César a marcar e dar esperanças aos leões.

Se o Sporting foi melhor no primeiro tempo embora a Juventus tenha entrado mais forte, no segundo tempo inverteram-se os papeis. E nessa inversão, Gelson teve o 2-0 nos pés numa arrancada do seu meio-campo, mas Alex Sandro e De Sciglio anularam-se as intenções.

Mas com o passar do tempo veio ao de cima a qualidade individual e coletiva da ´Juve` e a falta de frescura física do Sporting para aguentar a avalanche ofensiva transalpina e sair de Alvalade com a vitória. São nestes jogos onde se nota que os clubes portugueses não têm intensidade para aguentar estas equipas que lutam pela vitória na Champions. A organização defensiva do Sporting começou a ceder até que aos 79 minutos quebrou mesmo, num lance em que Higuaín leu bem a jogada de Cuadrado e finalizou para o empate. Se em Turim o golo que derrotou o Sporting surgiu aos 85, em Alvalade o Sporting só tinha de aguentar mais 10 minutos.

Em termos matemáticos, o segundo lugar é possível, mas o Sporting tem de se preocupar, para já, com o terceiro lugar, até porque o Olympiacos empatou em casa com o Barcelona, deixando um sério aviso aos homens de Jesus. O próximo jogo do Sporting em casa frente aos gregos definirá, para já, quem fica em terceiro lugar. Depois, é esperar por uma vitória do Barça em Turim e continuar a sonhar.

Momento-chave: Higuaín ´roubou` os ´doces` ao ´menino` Sporting

A insistência da Juventus no ataque deu frutos aos 79 minutos, quando Higuaín apareceu no limite do fora-de-jogo para desviar um centro de Cuadrado e empatar a partida. ´Balde de água fria` em Alvalade, num jogo em que o Sporting até merecia mais.

Melhores: Gelson acelerou para que Battaglia pudesse ´secar` Dybala

Gelson foi o melhor do Sporting. Nos momentos de aperto, foi ele que levou a equipa para a frente, sempre na velocidade. É dos seus pés que nasce o golo de Bruno César. No segundo tempo podia ter coroado a exibição com um golo, mas faltou-lhe pernas para aguentar Alex Sandro e De Sciglio, após uma arrancada fantástica.

Frente ao Barcelona, Battaglia teve a missão de tentar travar Messi. A verdade é que o astro argentino pouco se viu em campo. Esta terça-feira mudou de argentino e ´secou` Dybala, não deixando o criativo avançado desequilibrar. Sem William, foi o melhor do meio-campo leonino.

Os piores: muitos avançados...poucas oportunidades

Allegri apresentou-se em Alvalade com uma equipa muito ofensiva, com Dybala, Cuadrado, Higuaín e Mandzukic e ainda com Pjanic nas costas. Muita gente de cariz ofensiva, mas que na prática não funcionou. É certo que jogou muito no meio-campo contrário, mas depois faltava quem alimentar tanto jogador ofensivo. Muitos avançados e poucas oportunidades de golo.

A voz dos protagonistas

Jesus elogia Higuaín e irrita-se com atitude de Coates

Jorge Jesus: "Fomos muito fortes no capítulo defensivo"

Gelson: "Empate não complica, estamos na luta pelo apuramento"

Rui Patrício: "Estamos na Champions e tudo pode acontecer"

André Pinto: "Demonstramos que vamos lutar sempre pelos três pontos"