Portugal é uma das três seleções que se podem orgulhar de já ter conquistado a Liga das Nações. França e Espanha também o conseguiram, a 'La Roja' é, aliás, a atual detentora do troféu, mas foi a seleção portuguesa a primeira a levantá-lo.

Empurrado pela conquista apoteótica do Euro 2016, Portugal viria a beneficiar de disputar a fase final da primeira edição da prova em casa. Entre o Estádio do Dragão e o D. Afonso Henriques, os derradeiros jogos da primeira edição correram de feição à formação portuguesa, na altura liderada por Fernando Santos, ainda endeusado por se ter tornado responsável pela primeira conquista de sempre da seleção, em França. Com mais ou menos brilho, com maior ou menor entusiasmo, o feito ninguém o podia ocultar.

Uma vitória por 3-1 diante da Suíça na meia-final colocou a formação das quinas na grande final. Pela frente, os Países Baixos. Um golo do irrequieto Gonçalo Guedes chegou para fazer a festa. Cristiano Ronaldo voltaria a erguer um troféu pela seleção nacional, e junto dos portugueses, na primeira edição da prova recém-lançada pela UEFA e sobre qual ainda pairava alguma indiferença, quiçá menosprezo, sobretudo por comparação ao Europeu e ao Mundial.

A festa da seleção portuguesa após a conquista da Liga das Nações
A festa da seleção portuguesa após a conquista da Liga das Nações A festa da seleção portuguesa após a conquista da Liga das Nações créditos: AFP OR LICENSORS

O estigma rapidamente se perdeu. As conquistas da França, na segunda edição, e da Espanha, na última, vieram elevar a importância de uma competição que ainda procura a sua melhor versão. Talvez por isso a UEFA tenha implementado algumas alterações na 4.ª edição.

Depois de vencer a Liga das Nações logo na sua inauguração, Portugal foi incapaz de ultrapassar as fases de grupos da segunda e terceira edições. Em 2020-2021, a seleção portuguesa, integrada no grupo da Croácia, da Suécia e da França, terminou no segundo lugar com 13 pontos, a 3 dos gauleses, que não só avançaram para a fase final como acabariam por vencer a prova nesse ano (passavam apenas os primeiros de cada grupo da Liga A).

Na última edição, em 2022-2023, a formação lusa voltou a cair na fase de grupos. Em seis jogos, três vitórias, duas derrotas e um empate seria um registo insuficiente para terminar em primeiro lugar do grupo, conquistado pela Espanha, que viria a vencer a competição. Foi aliás com 'nuestros hermanos' que Portugal claudicou, com um empate logo a abrir a competição e uma derrota a fechar, em Braga, com um golo encaixado já em cima do apito final, quando o empate seria suficiente à seleção das quinas para seguir em frente.

Enorme festa da seleção espanhola em Braga
Enorme festa da seleção espanhola em Braga Golo de Morata aos 88 minutos tirou Portugal da fase final da prova, que seria conquistada pela Espanha. AFP or licensors

Do onze titular que venceu os Países Baixos, na final de 2019, sobram cinco jogadores: Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Rúben Dias e Nélson Semedo. É uma seleção em constante mudança, que por opção ou por obrigação se vê privada de jogadores importantes. Sem Pepe, que anunciou o fim de carreira, há nomes maiores que ficaram afastados desta convocatória a que Martínez chamou de novo ciclo, pós-Euro 2024. Rui Patrício, William Carvalho, Raphael Guerrero, Danilo Pereira ou João Cancelo. Se tivermos em conta as chamadas mais recentes, saltam também à vista as ausências de Otávio, Matheus Nunes, Ricardo Horta e Gonçalo Guedes, determinante, como já foi referido, na conquista da Liga das Nações.

Hoje, Portugal dá o tiro de partida diante da Croácia, seleção finalista derrotada da última edição da prova e com quem perdeu num particular há cerca de três meses, antes do arranque do Euro 2024. Com caras novas, sangue novo e muita esperança, a formação liderada por Roberto Martínez quer afastar os fantasmas franceses que ainda pairam a Cidade do Futebol e provar que ninguém quer desperdiçar a inequívoca avalanche de talento de que dispõe. Pensarão isso os jogadores, claro, mas também Roberto Martínez, a precisar de consertar uma ou outra mossa deixada pelo Europeu. Respiremos por isso fundo, bem fundo, e lembremo-nos da força que já tivemos. Ou pelo menos aparentámos ter.