A Comissão Europeia pediu hoje à UEFA, no congresso do organismo em Viena, que o mérito desportivo prevaleça perante as ideias que procuram apenas “o benefício de uma elite”, numa alegada crítica à Superliga de futebol.

“O futebol europeu deve continuar aberto, deve basear-se no mérito desportivo e servir os interesses de toda a sociedade, e não apenas o benefício de uma elite”, declarou numa mensagem gravada o vice-presidente da Comissão, Margaritis Schinas.

Schinas defendeu ainda que o êxito comercial dos principais clubes deve servir para apoiar os que não têm tantos privilégios, com uma aposta num modelo aberto baseado no mérito dos clubes, o cenário certo para a inclusão e solidariedade no futebol.

Embora não tenha feito qualquer menção à Superliga, projeto que chegou a ser anunciado por uma elite de clubes, o político grego deixou críticas implícitas ao modelo, que previa a integração de 12 equipas de Inglaterra, Espanha e Itália.

Na sua intervenção, o vice-presidente da Comissão agradeceu também à UEFA pelas sanções impostas ao futebol russo, face à invasão da Rússia na Ucrânia, defendendo que esse passo demonstra “a força de valores comuns”.

A FIFA e a UEFA decidiram de forma conjunta em 28 de fevereiro, suspender todas as seleções e clubes russos, numa decisão que incluiu a exclusão do Mundial do Qatar de 2022, e quando devia disputar em março o ‘play-off’ de apuramento.

Também a UEFA mudou a sede da final da Liga dos Campeões de São Petersburgo para Paris, e rescindiu contrato com a Gazprom, empresa russa do setor energético a que estava associada desde 2012.

Para a Comissão Europeia, a reforma da Liga dos Campeões, cujo novo formato entrará em vigor a partir de 2024/25, resulta de um “processo inclusivo de consultas”, num modelo que passará a ter 36 equipas participantes.

Na segunda-feira, a UEFA aprovou o alargamento da Liga dos Campeões de 32 para 36 equipas a partir da época 2024/25, com um novo modelo de competição sem fase de grupos, passando para uma liga única com oito jogos.

Após realizar consultas aos envolvidos no processo, o Comité Executivo do organismo responsável pelo futebol europeu decidiu alterar de 10 para oito o número de jogos a disputar por cada equipa, quatro em casa e quatro fora, e alterou o critério para atribuição de duas das quatro novas vagas, retirando o acesso para os clubes com o coeficiente mais alto.

As quatro novas vagas vão para o terceiro classificado do país em quinto lugar no ‘ranking’ da UEFA, outra para um campeão nacional, ampliando o número de clubes apurados através do denominado 'Caminho dos Campeões' e as duas restantes vão para as federações com melhor desempenho coletivo dos seus clubes na época anterior (número total de pontos obtidos dividido pelo número de clubes participantes).

Os oito melhores classificados na liga única vão ser apurados para a fase a eliminar da competição, enquanto os classificados entre o 9.º e o 24.º lugar vão disputar um ‘play-off’ a duas mãos para apurar outras oito equipas.

“Isto confirma o forte compromisso da UEFA com o princípio de competições abertas e mérito desportivo, ao mesmo tempo que reconhece a necessidade de proteger as ligas nacionais”, assinalou então o organismo do futebol europeu.