Sardar Azmoun é o primeiro iraniano no ativo a quebrar o silêncio para comentar os últimos acontecimentos no seu país. O Irão está a ferro e fogo, depois da morte, na semana passada, de Mahsa Amini, presa de ter sido presa sob a acusação de não estar a usar o hijab.

Antes do jogo particular entre o Irão e o Senegal (terminou 1-1), Sardar Azmoun (fez o golo dos iranianos) utilizou a rede social Instagram para criticar a morte de centenas de manifestantes.

"Se eles são muçulmanos, que Deus me faça infiel", começou por escrever o avançado do Bayer Leverkusen (adversário do FC Porto na fase de grupos da Liga dos Campeões). A posição de Azmoun pode levar o regime de Teerão a afasta-lo da Seleção, o que o levaria a perder o Mundial2022. O jogador de 27 anos não está preocupado.

"Estamos proibidos de falar até ao final do estágio, mas não podia mais ficar em silêncio! Este sacrifício [o ser expulso da seleção e assim falhar o Mundial-2022] não vale um único fio de cabelo na cabeça de uma mulher iraniana. Vocês deveriam ter vergonha pela facilidade com que matam pessoas. Viva as mulheres do Irão!", escreve Azmoun no Instragram.

Além de Azmoun, vários antigos futebolistas iranianos, entre os quais Ali Daei e Ali Karimi, solidarizarem-se com os manifestantes.

Os jogadores da seleção do Irão mostraram-se contra o que está a acontecer no país e vestiram casacos pretos por cima do equipamento da seleção antes do hino.

Alguns futebolistas, comp por exemplo Medhi Taremi, avançado do FC Porto, substituíram as respetivas fotos de perfil nas redes sociais por um fundo negro.

Após a morte de Mahsa Amini, surgiram várias manifestações no país. Nas redes sociais circulam vários vídeos de milheres iranianas a cortarem o cabelo e a apelar ao fim da fim da discriminação. A Polícia tem estado na rua a reprimir as manifestações e, até ao momento, há centenas de detenções e dezenas de mortes.

Mahsa Amini, mulher de 22, natural do Curdistão iraniano, morreu no dia 16 de setembro, três dias depois de ter sido presa sob a acusação de não estar a usar o hijab (véu que cobre a cabeça e, em alguns casos, os olhos) de forma correta, não cumprindo assim uma das normas mais estritas respeitantes ao código de vestuário imposto às mulheres na República Islâmica do Irão desde 1979.

Segundo um balanço feito pela agência de notícias iraniana Fars, cerca de 60 pessoas, entre manifestantes e membros das forças de segurança, foram mortas desde o início do movimento de protesto, que começou a 16 de setembro.

O movimento espalhou-se por várias cidades iranianas e alguns manifestantes lançaram ‘slogans’ antigovernamentais, refere a comunicação social local. As autoridades acrescentam que, desde o dia 16, foram detidos mais de 1.200 manifestantes, incluindo mulheres.

Os iranianos voltaram a sair às ruas na terça-feira, pela 12.ª noite consecutiva, apesar da forte repressão.

Embora se multipliquem os apelos internacionais para acabar com o uso da força contra os manifestantes, o Governo iraniano tem-se mantido firme perante os protestos, acusando os participantes de serem “desordeiros” e de “minarem a segurança e o património público”.

Esta quarta-feira, o comandante da polícia do Irão ameaçou usar "toda a força" contra os manifestantes que se mantêm há 12 dias em protesto contra a morte de Mahsa Amini

"Hoje, os inimigos da República Islâmica do Irão e alguns desordeiros procuram perturbar a ordem e a segurança da nação utilizando todos os pretextos", afirmou o comandante da polícia através de um comunicado. "Os agentes da polícia vão mostrar força contra as conspirações contra-revolucionárias e aos elementos hostis e vão agir contra aqueles que perturbarem a ordem e a segurança, em todo o país", disse ainda o responsável no mesmo documento citado pela agência Fars.

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