O Ministério da Cultura de Marrocos solicitou à marca desportiva Adidas que retire de circulação a sua nova coleção de camisolas da seleção de futebol da Argélia, alegando que no desenho houve uma apropriação de símbolos do "patrimônio cultural marroquino", confirmou esta quinta-feira à AFP o advogado da tutela, Mourad Elajouti.

"Trata-se de um roubo de motivos inspirados no azulejo marroquino (cerâmica característica da arte decorativa de Marrocos), que aparecem nas camisolas desportivas da Argélia, o que forçou o Ministério a atuar com urgência", explicou Elajouti.

Num e-mail enviado ao CEO da Adidas, Kasper Rorsted, do qual a AFP teve acesso, o advogado marroquino denuncia uma "apropriação cultural e uma tentativa de roubar uma forma de património cultural marroquino para utilizá-lo fora de contexto".

A polémica acontece num momento de clima de tensão entre os países vizinhos do norte de África.

A Argélia rompeu as suas relações diplomáticas com Marrocos em agosto de 2021, acusando Rabat de "atos hostis". A decisão foi considerada então "completamente injustificada" pelo governo marroquino.

"O Ministério da Cultura do Marrocos reserva-se ao direito de utilizar todas as vias de recursos judiciais possíveis nos tribunais alemães (país da sede da Adidas) e internacionais", advertiu o advogado.

No dia 23 de setembro, a Adidas apresentou no Twitter as camisolas da seleção da Argélia para a temporada 2022/2023, "inspirados pela cultura e história" do país.

O novo desenho, segundo a empresa, teve a sua inspiração no Palácio do Mexuar, localizado na cidade de Temclen, no noroeste da Argélia.