A um dia do arranque do Campeonato da Europa na Alemanha, Roberto Martínez deu uma longa entrevista ao jornal espanhol 'AS' em que revelou o porquê de cantar o hino e falar português, perspetivando ainda a presença portuguesa no Europeu.

"O hino é importante, tem um significado especial para a Seleção. Dás-te conta disso. Há partes da letra escritas nas paredes da cidade desportiva. Não é um aspeto político. Representa ter milhões de portugueses em Portugal, e também no estrangeiro, por detrás de uma equipa de futebol", começou por dizer ao jornal.

O técnico falou também da importância que teve para ele aprender a falar português: "Pensei 'se eu fosse um dos adeptos da Seleção e chegasse um treinador estrangeiro, gostaria de o ver falar português'. Ainda estou a aprender, é um processo. Na equipa falamos também em inglês, em espanhol. O professor, o Miguel, é um santo, tem muita paciência. Temos hora e meia de aula por dia".

Quando chegou a Portugal, Martínez não sabia o que esperar, uma vez que apenas tinha apanhado os jogadores portugueses nas equipas adversárias, mas, deixa rasgados elogios a esta "aventura espetacular" e à "essência do futebolista português".

"A minha surpresa foi a mescla entre a sua competitividade natural e o gosto pela informação tática. Não estava à espera. Ter jogadores que querem melhorar a estrutura tática é o sonho de qualquer treinador", admitiu.

Quanto ao que esperar do Europeu, Martínez voltou a frisar que " não há favoritos, há candidatos": "Várias seleções têm jogadores habitados a lutar or todos os títulos, a França, a Inglaterra, a Itália, a Alemanha, a Espanha, Portugal…  Nós não podemos afastar-nos das nossas responsabilidades, a exigência é estar a um nível máximo. É assim que se chega mais longe. Mas os detalhes fazem a diferença, num jogo a diferença entre ganhar e perder pode ser verdadeiramente mínima...".

Sobre a abordagem portuguesa no Campeonato da Europa, o selecionador quer uma equipa virada para o ataque, a "procurar sempre a baliza contrária", assumindo que o "plano define o grupo que há em Portugal, com muito talento, a querer defender com a bola". Deixando ainda a certeza de que prefere "ganhar por 5-4 do que por 1-0", uma vez que, "todos os estilos e modelos têm coerência quando se ganha".

Inevitavelmente, Cristiano Ronaldo foi um dos temas da entrevista.

"A força de um balneário não está apenas no que um treinador diz aos jogadores, mas sim nos exemplos do dia a dia. O Cristiano, o Pepe, são referências incríveis. Criam um ambiente muito positivo. Têm a máxima exigência, como os outros jogadores". afirmou.

Depois contou como foi recebido pelo capitão. "Quando há uma mudança de regime, há sempre um momento novo. As primeiras impressões são importantes. Ele, como capitão, reagiu de forma muito natural. No futebol há muita conversa de bar, mas as decisões tomam-se no terreno de jogo. Tem sido no futebol que ele tem tomado as suas decisões. Voltou a ter um sentimento de felicidade", concluiu.