Pará é um dos veteranos num Santos muito jovem, e o único campeão da Libertadores de 2011 que ainda veste as cores do clube. Dono da lateral direita, Pará sonha em levantar uma nova taça para entrar no restrito grupo de brasileiros que mais conquistaram o principal torneio continental da América Latina

"Sinto-me muito feliz. Posso ganhar a minha terceira Libertadores [duas delas com o Santos] e vamos lutar muito para isso acontecer. O jogo será dificílimo. O Palmeiras tem uma grande equipa, jogadores de seleção mas penso que não há favoritos. São dois nomes fortes do futebol brasileiro e mundial", disse à AFP o lateral de 34 anos nas vésperas da final de sábado, onde o 'Peixe' enfrentará o Palmeiras de Abel Ferreira no Maracanã, no Rio de Janeiro.

Marcos Rogério Ricci Lopes, conhecido no mundo do futebol por Pará, é a voz da experiência no Peixe comandado por Cuca. Pará estava na equipa com Neymar quando o clube paulista derrotou o Peñarol do Uruguai e conquistou o seu terceiro título na Libertadores, após quase meio século de jejum internacional.

"Tenho lembranças de muita alegria, festa no balneário. Mas também de muito trabalho, dedicação e empenho durante a temporada. Naquela época, a equipa tinha jogadores fora de série e que mudavam os jogos. Hoje temos também esse tipo de jogadores. Espero que se repita", desejou Pará, confiante.

Uma década depois desse triunfo, o lateral-direito está a uma vitória de entrar para o restrito grupo onde estão Pelé, Gilmar e Coutinho, e os jogadores daquela inesquecível geração que conquistou duas Libertadores (1962 e 1963) com o Santos.

E também pode alcançar um quarteto ainda mais exclusivo: aquele onde estão Vítor, Ronaldo Luiz, Fabiano Eller e Palinha, brasileiros que conquistaram três títulos da principal competição de clubes da América Latina.

"Seria um sonho deixar o meu nome na história do futebol, do Santos, é um objetivo sim. Estamos a trabalhar e concentrados para que isso aconteça. Mas o mais importante é que a equipa seja campeã. As conquistas individuais vêm com o bom trabalho da equipa, e nisso o Santos é forte", destacou.

Lutar pelo tetracampeonato

Pará foi o lateral-direito na fase de grupos do Flamengo, campeão de 2019. Embora não tenha comemorado em Lima porque antes tinha regressado ao Santos, a equipa rubro-negro reconhece-o oficialmente como campeão na época passada, com Jorge Jesus no comando. Se vencer no Rio de Janeiro no sábado, vai chegar às três taças e o Peixe ao quarto, o que fará do Santos o primeiro clube brasileiro tetracampeão da Libertadores.

"Colocar o nome na história do clube como tetracampeão seria sensacional. Vamos lutar muito para isso, mas como eu disse, o adversário é muito forte. Não será nada fácil", alerta Pará sobre o Palmeiras, equipa que o Santos não conseguiu derrotar nos dois duelos do Brasileirão: empate 2-2 em dezembro e derrota (2-1) em agosto.

Perto de completar 35 anos, Pará iniciou a sua carreira profissional no Santo André, na segunda divisão do campeonato brasileiro. Dois anos depois, estreou no Peixe, e em seguida teve saídas e regressos no Santos e passagens por Grêmio e Flamengo.

Ao lado do guarda-redes Vladimir, de 31 anos, e Marinho, de 30, é o homem com mais experiência numa equipa onde promessas como o avançado Kaio Jorge, o defesa central Lucas Veríssimo e o avançado venezuelano Yeferson Soteldo se destacam.

A grave lesão do capitão, o uruguaio Carlos Sánchez, de 36 anos, os salários em atraso e a sanção que impede a contratação de jogadores por parte do Santos, somados a uma impiedosa pandemia, poderiam ter formado uma bomba-relógio que explodiria a qualquer momento da temporada na sede da equipa da cidade portuária.

Mas a união do grupo, que todos em uníssono chamam de família, faz o Santos navegar a todo vapor em direção da glória continental.

"Procuro apenas focar no que fazer no campo, no meu trabalho, e as coisas fluem normalmente", garante Pará, sem pensar por enquanto, na despedida dos relvados.