Jorge Jesus, o ‘mestre da tática’, conquistou hoje em Lima, aos 65 anos, o mais importante troféu da sua carreira de treinador de futebol, ao guiar o Flamengo à vitória na Taça Libertadores, a ‘Champions’ sul-americana.

A cumprir a 31.ª época da carreira de técnico, iniciada há 30 anos, na temporada 1989/90, ao serviço do Amora, Jesus superou em Lima os argentinos do River Plate, que eram os detentores do título, fazendo história no ‘gigante’ brasileiro.

Dois golos de Gabriel Barbosa, aos 89 e 90+2 minutos, valeram a Jesus uma vitória feliz por 2-1 sobre o River Plate, para compensar o golo nos descontos do Chelsea e os penáltis do Sevilha, nas duas finais da Liga Europa perdidas pelo Benfica.

Em pouco mais de quatro meses, Jesus arrebatou o ‘coração’ dos adeptos do ‘Fla’, à custa de um futebol ofensivo e atraente, que hoje o River Plate bloqueou durante muito tempo, mas sem conseguir impedir o primeiro título em 2019 do ‘mengão’, que pode arrebatar um segundo, o campeonato brasileiro, no domingo, sem jogar.

O treinador português deu, para já, ao Flamengo a Taça Libertadores, apenas a segunda do clube, depois do ‘longínquo’ sucesso de 1981, num conjunto liderado pela classe de Zico e que também contava com Júnior ou o ex-benfiquista Mozer.

Este conjunto não conseguiu, porém, a ‘dobradinha’, que é quase uma realidade para o ‘Fla’ de Jorge Jesus, que, com quatro jogos por disputar no ‘Brasileirão’, só precisa de somar dois pontos ou que o Palmeiras, em cinco jogos, empate um – se for no domingo, na receção ao Grêmio, será festa a dobrar no Rio de Janeiro.

Independentemente de ser no domingo ou depois, o sexto campeonato brasileiro do ‘mengão’ é um ‘dado adquirido’, uma questão de tempo, mas será, ainda assim, um título secundário, tendo em conta a importância da Libertadores, também para o técnico luso, que havia perdido duas finais internacionais.

Jorge Jesus conduziu o Benfica a duas finais consecutivas da Liga Europa, mas perdeu a primeira (2012/13) para o Chelsea (2-1), culpa de um golo de Ivanovic nos descontos, e a segunda para o Sevilha (2013/14), no desempate por penáltis (4-2).

No seu currículo internacional, constava apenas uma Taça Intertoto, arrebatado pelo Sporting de Braga, por ter sido, entre os 11 vencedores da terceira e última ronda da prova, o clube que chegou mais longe (oitavos de final) na Taça UEFA.

Em relação ao panorama nacional, Jesus, que cumpriu em solo luso as primeiras 29 temporadas da carreira, ‘encheu’ o ‘saco’ de troféus com a sua passagem pelo Benfica, que representou seis anos, de 2009/10 a 2014/15, arrebatado 10 títulos, mais do que qualquer outro técnico na história do clube da Luz.

Depois de passagens pelo Amora, que subiu à Liga de Honra (atual II Liga) em 1991/92, Felgueiras, com promoção ao primeiro escalão em 1994/95, União da Madeira, Estrela da Amadora, Vitória de Setúbal, Vitória de Guimarães, Moreirense, União de Leiria, Belenenses e Sporting de Braga, Jesus ‘aterrou’ na Luz com 55 anos e prometeu de imediato colocar a equipa jogar o ‘dobro’.

O Benfica foi logo campeão em 2009/10 e, no total, o saldo foi de 10 títulos: três campeonatos, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e cinco edições da Taça da Liga, faltando-lhe a consagração europeia, que esteve muito perto de conseguir.

Com enorme polémica, mudou-se então para o outro lado da Segunda Circular, para o Sporting, que esteve muito perto de levar ao título em 2015/16, ao somar 86 pontos, insuficientes, porém, face aos 88 do Benfica, do seu sucessor Rui Vitória.

Jorge Jesus falhou nessa época e, nas duas seguintes, não esteve sequer perto de repetir a façanha, mas, em três anos no Sporting, somou mais dois títulos, a Supertaça (2016), logo na estreia, face ao Benfica, e mais uma Taça da Liga (2017/18).

Depois do ‘ciclone’ que foi a invasão por adeptos ‘leoninos’ à Academia do clube, partiu, contrariado, mesmo com muitos euros no ‘bolso’, para o estrangeiro e só não terá conquistado, pelo Al-Hilal, o título de campeão da Arábia Saudita porque saiu antes do final da época. Acabou por ganhar o Al-Nassr, de Rui Vitória.

A experiência foi curta e a pausa na carreira também, porque rapidamente apareceu o Flamengo, ao serviço do qual arrebatou hoje a Taça Libertadores e está a um passo de adicionar o ‘Brasileirão’, que será o seu quatro título nacional, após os três conquistados pelo Benfica (2009/10, 2013/14 e 2014/15).

Depois, até ao final do ano, ainda poderá conquistar o Mundial de Clubes, em Doha, no Qatar, e, caso continue, disputará, em 2020, a Supertaça sul-americana.

*Artigo atualizado